A Fórmula 1 tem exemplos clássicos de carros lindos que, na prática, foram fracassos nas pistas.
Um dos exemplos mais marcantes foi o F6, carro da equipe Copersucar-Fittipaldi projetado pelo australiano Ralph Bellamy para a temporada de 1979.
Após o bom desempenho no ano anterior com Emerson Fittipaldi, então conduzindo o F5-A, carro que levou o bicampeão ao melhor resultado do time brasileiro na história da Fórmula 1, o segundo lugar no GP do Brasil de 1978, em Jacarepaguá, a equipe resolveu apostar em um grande nome para trabalhar no desenvolvimento do próximo carro, para 1979.
Bellamy foi contratado a peso de ouro após participar do desenho da Lotus, campeã na temporada anterior entre os construtores, entre os pilotos com Mario Andretti e vice com Ronnie Peterson.
De sua mente inventiva nasceu um dos carros mais lindos já vistos até hoje, aproveitando o conceito do efeito-solo, suspensões descobertas, carenagem envolvente e até os espelhos retrovisores eram embutidos no cockpit para otimizar a aerodinâmica.
Mas o projetista "esqueceu" de princípios básicos de mecânica, e o carro apresentava torções em sua parte dianteira, tornando-o praticamente impossível de fazer curvas.
Emerson, guiou o novo carro por algumas voltas em Interlagos e retornou aos boxes para conversar com o irmão. Wilsinho (1943-2024), então chefe da equipe:
"Estamos fu....", disse o experiente Emerson, antevendo o enorme problema que tinha (literalmente) em mãos.
O F6 apresentou tantas adversidades durante os testes da pré-temporada, incluindo os freios, que Emerson optou por correr com o modelo do ano anterior, o F5-A, nas duas primeiras provas do ano: Brasil e Argentina.
Aliás, foi justamente em Interlagos, prova que teve a dobradinha da Ligier, com os franceses Jacques Laffite e o saudoso Patrick Depailler (1944-1980), que Emerson marcou o único ponto para a equipe, terminando em sexto lugar.
O F6 foi utilizado na terceira corrida de 1979, o GP da África do Sul, em Kyalami. Emerson largou em 18º e terminou em 13º, quatro voltas atrás do canadense Gilles Villeneuve (1950-1982), da Ferrari, que foi o vencedor.
O F5-A voltou a ser utilizado nas seis etapas seguintes, enquanto o F6 era "repaginado", voltando com a nomenclatura F6-A no GP da Alemanha. A melhor colocação conseguida com o carro foi o sétimo lugar no GP dos EUA (leste).
O brasileiro Alex Dias Ribeiro disputou as três últimas provas da temporada como companheiro de equipe de Emerson como F6-A: San Marino, Canadá e EUA (leste), sem conseguir se classificar para largar em nenhuma delas.
ABAIXO, MATÉRIA ESPECIAL APRESENTADA POR LUCIANO DO VALLE NO GLOBO ESPORTE EM 1979, COM REPORTAGEM DE REGINALDO LEME EM 1979
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