Histórias de Copas é um quadro publicado diariamente no facebook.com/futebolcervejeiro

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Fábio Piperno (twitter: @piperno)

O transatlântico Conte Verde começou a singrar os mares em 1923. Era símbolo de status! Luxuoso, incorporou mobiliário requintado, obras de grandes artistas, biblioteca e era frequentado por nobres, milionários e celebridades. Até que em junho de 1930 recebeu passageiros que embarcaram para um evento pioneiro na América do Sul: a Copa do Mundo do Uruguai!

Na época, ainda não haviam voos regulares entre a Europa e a América do Sul. Visionário, o presidente da Fifa, o francês Jules Rimet, convenceu os europeus que disputariam a primeira Copa do Mundo a cruzarem o Atlântico com ele no navio, que tinha capacidade para transportar até 2.400 passageiros. Rimet dizia que aquela viagem “faria história”.

Romênia, Bélgica e França aceitaram o convite. A Iugoslávia demorou para se decidir e, quando o fez, já não encontrou mais lugares disponíveis. Com isso, os balcânicos tiveram que optar por outra embarcação.

A delegação da Romênia subiu ao Conte Verde no dia 20 de junho, em Gênova. Um dia depois foi a vez dos franceses. A seleção embarcou em Villefrance-sur-Mer. Rimet carregava a taça que seria entregue ao primeiro campeão mundial. Na escala seguinte, no porto de Barcelona, foi a vez da Bélgica.

Em 29 de junho, o navio ancorou no Rio de Janeiro, onde recolheu a delegação brasileira. Por razões particulares, o técnico Píndaro de Carvalho e os jogadores Teóphilo e Joel viajaram apenas uma semana depois. No dia seguinte, a escala foi o Santos, onde o Conte Verde permaneceu ancorado por apenas uma hora, tempo suficiente para o embarque do rebelde Araken, o único paulista do grupo e que para atender a convocação não estava mais vinculado a nenhum time de São Paulo.

Finalmente, em 4 de julho o navio chegou a Montevidéu.

Durante toda a década de 30, o transatlântico retornaria à América do Sul dezenas de vezes. Aliás, já havia estado pela região na viagem inaugural, que teve a cosmopolita Buenos Aires no roteiro. Mas a eclosão da guerra mudou as rotas do navio. Em 1940, a Itália entrou oficialmente no conflito mundial. Com isso, o Conte Verde passou a mirar Xangai, a metrópole oriental para onde fugiam principalmente os judeus perseguidos pelos nazistas, que entravam na cidade sem a obrigação de apresentar vistos.

E foi assim até que as forças japonesas tomaram Xangai. Para que o Conte Verde não fosse incorporado pela marinha nipônica, tripulantes decidiram afundar o navio no porto da cidade chinesa. Os japoneses conseguiram recuperar a embarcação, que foi rebatizada de Kotobuki Maru.

A carreira do transatlântico se estendeu até dezembro de 1944. Ancorado no porto japonês de Maizuro, em Kioto, o navio foi afundado após ser alvejado pelas bombas de um avião B-24 das forças americanas.

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