O Paris Saint-Germain é apenas uma das muitas joias da coroa ostentada pelo dono do Catar

O Paris Saint-Germain é apenas uma das muitas joias da coroa ostentada pelo dono do Catar

Por Fábio Piperno

O craque tenta driblar a resistência do PSG para mudar de endereço. Mimado e egocêntrico, procurou a pior forma para convencer seus patrões. A tática do enfrentamento leva o jogo para um campo em que os donos do clube parisiense são craques testados em batalhas bem mais árduas do que as disputadas contra um jogador de bola.

O Paris Saint-Germain é apenas uma das muitas joias da coroa ostentada pelo dono do Catar, o emir Tamir bin Hamad Al Thani. Antes de seguir, vale o esclarecimento que sim, o Catar é um país que tem dono.

O emir Tamir bin Hamad tem apenas 37 anos. Bem jovem para os padrões regionais. Ele assumiu o comando do bilionário emirado por opção de seu pai, Hamad bin Khalifa Al Thani. Mal sentou no trono e iniciou uma série de mudanças. Para tanto, não hesitou em quebrar tradições. Uma delas foi a nomeação de Hessa Al Jaber para chefiar o poderoso ministério da Informação, Comunicação e Tecnologia. Até então, uma mulher no estratégico cargo era algo impensável.

Há dois anos, o Catar vem sendo pressionado pelo boicote diplomático do quarteto de vizinhos formado por Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrein e Egito. Somados, os rivais têm quase 50 vezes a população do emirado. Sauditas, árabes e egípcios compram bilhões de dólares em aviões de combate e produtos bélicos dos Estados Unidos. Nada que comova o Catar!

Para levantar o boicote, os vizinhos exigem do emirado o fechamento da rede Al Jazira, da base militar turca instalada no Catar, o fim das relações com o Irã e rompimento com grupos como Hizbollah e Fraternidade Muçulmana. Nada que mova um músculo de preocupação do emir.

O país foi pressionado principalmente por europeus a desistir de sediar a Copa do Mundo de 2022. Não deu bola para ninguém e continuou investindo pesado. Para fazer um inesquecível mundial das mil e uma noites, faz jorrar dinheiro no deserto para transformar areia em uma nova cidade. Lusail custará cerca de US$ 45 bilhões e terá toda a estrutura que o dinheiro pode comprar, além de um estádio suntuoso que sediará abertura e final da Copa. Terminado o mundial, o local se tornará um imponente centro de serviços.

O PSG é um dos braços esportivos desse império. O clube fez de Neymar um dos jogadores mais bem pagos do mundo e com direito a nome projetado na Torre Eiffel. E agora leva uma rasteira do jogador.

O acordo de Neymar não prevê multa por quebra de contrato. Ele só poderá vestir outra camisa se o clube concordar.

O emir Tamir é um apaixonado por esportes. Ama badminton. Aprendeu a gostar de futebol. Investe muito dinheiro nisso. Também ama a falcoaria. Ficou abatido há não muito tempo quando Ali, seu falcão favorito, morreu em uma caçada no Casaquistão.

Neymar não é Ali. Não é capaz de comover um governante vaidoso. Nem de colocar medo em quem enfrenta vizinhos poderosos. Mas pode sofrer retaliações de quem não hesitaria a colocar em prática a Lei de Talião para abater um craque rebelde.

Fábio Piperno

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