Vaguinho esteve perto de ser o herói do título de 1977. Foto: Ronaldo Kotscho/Revista Placar

Vaguinho esteve perto de ser o herói do título de 1977. Foto: Ronaldo Kotscho/Revista Placar

A festa estava pronta há exatos 48 anos, na tarde de 9 de outubro de 1977, um domingo à tarde, dia da segunda partida da decisão do Campeonato Paulista entre Corinthians e Ponte Preta, no Morumbi.

Depois de vencer o primeiro confronto por 1 a 0 na quarta-feira anterior, no mesmo Morumbi, gol do saudoso Palhinha (a bola bateu no rosto do mineiro após ele ter chutado na meta de Carlos e voltar com força em sua direção), uma nova vitória tiraria o Corinthians do jejum de triunfos que durava desde 1954.

O estádio tricolor recebeu o maior público de sua história para uma partida de futebol, justamente em um jogo de seu maior rival: 138.032 pagantes (146.082 no total) viram o sonho corintiano começar a se desenhar no final do primeiro tempo.

Vaguinho, ponta-direita ofensivo, havia sido sacado por Osvaldo Brandão (1916-1989), que optara por uma formação mais conservadora, mas Palhinha se contundiu no começo do jogo e o treinador não teve outra alternativa senão colocar Vaguinho em seu lugar.

Aos 42 minutos de jogo, depois de tocar na esquerda para Geraldão, Vaguinho, com a camisa 15, recebeu a bola de volta e encobriu Carlos, fazendo Corinthias 1 x 0 Ponte Preta.

Terminada a primeira etapa, apenas 45 minutos separavam o Corinthians no almejado título.

No segundo tempo, entretanto, Dicá (de falta, aos 22 minuutos) e Rui Rei (da entrada da grande área, aos 38), fizeram os dois gols pontepretanos na meta defendida pelo saudoso Jairo (1946-2019).

Vale frisar que não houve falta no jogador da Ponte no lance que resultou no empate. Russo (1949-2012), claramente foi na bola, mas Romualdo Arppi Filho (1939-2023) marcou infração do volante corintiano, que ganhou um lugar no coração da torcida pelos beijinhos que distribuía aos corintianos sempre que marcava gols, o que o levou a ganhar o apelido de "Beijinho Doce", referência a uma música do canceioneiro nacional, com este título, gravada por Tonico e Tinoco e Irmãs Galvão, entre outros.

FRUSTRAÇÃO, E A  FESTA ADIADA...

O Morumbi se calou, independente do dedo que Rui Rei colocou em seu nariz pedindo silêncio aos corintianos.

Mas, quatro dias depois, na quinta-feira seguinte, dia 13 de outubro, o Corinthians conseguiria uma nova vitória contra o time de Campinas, então dirigido por Zé Duarte (1935-2004), graças ao histórico gol de Basílio, mas para um público bem menor do que o do jogo anterior, "apenas" 86.677 torcedores, algo absolutamente impossível para os padrões atuais das insossas arenas brasileiras, com suas acomodações elitistas que inviabilizaram o torcedor mais humilde de acompanhar ao vivo o futebol.

ABAIXO, COM NARRAÇÃO DE LUIZ NORIEGA E COMENTÁRIOS DE DUDU (O CARLOS EDUARDO LEITE), OS GOLS DE CORINTHIANS 1 X 2 PONTE PRETA, PELA TV CULTURA-SP

FICHA TÉCNICA DA PARTIDA

CAMPEONATO PAULISTA (2º jogo da decisão)

CORINTHIANS 1 X 2 PONTE PRETA

DATA: 9 DE OUTUBRO DE 1977 (Domingo)
Estádio: Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi) 
Público: 138.032 pagantes - 146.082 no total

ÁRBITRO: Romualdo Arppi Filho

Gols: Vaguinho aos 42 minutos do 1º Tempo; Dicá aos 22 e Rui Rei aos 38 do segundo tempo.

CORINTHIANS: Jairo; Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir; Russo, Basílio e Luciano (Adãozinho); Palhinha (Vaguinho), Geraldão e Romeu. Técnico: Oswaldo Brandão.

PONTE PRETA: Carlos, Jair, Oscar, Polozzi e Odirlei; Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rei (Helinho) e Tuta (Parraga). Técnico: Zé Duarte.

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