Washington

Ex-centroavante Fluminense, Atlético-PR e Corinthians
por Rogério Micheletti
 
Washington César Santos, o Washington, ex-centroavante do Galícia (BA), Corinthians, Internacional, Atlético (PR) e Fluminense, nascido no dia 3 de janeiro de 1960, jogou até os 41 anos. Faleceu no dia 25 de maio de 2014, na sua residência em Curitiba, aos 54 anos. O ex-jogador foi encontrado morto pelo enfermeiro que cuidava dele nos últimos meses. Washington tinha um tipo de esclerose, uma doença degenerativa sem cura e estava internado em casa em uma unidade móvel de saúde.
 
Desde 2007 ele lutava contra a Esclerose Lateral Amiotrófica, o mesmo mal que Geovani, ex-Vasco, também sofre.

Ele assinou contrato com o Batel, do Paraná, para disputar apenas uma partida, em 2001. Em seguida, pendurou as chuteiras e abriu escolinha de futebol em Salvador.

O grandão Washington fez grande sucesso atuando ao lado de Assis. Os dois formaram no Atlético Paranaense e no Fluminense o chamado "Casal 20". Seus principais títulos pelo Flu foram os cariocas de 83,84 e 85 e o Brasileiro de 84, no time que era comandado pelo técnico Carlos Alberto Parreira.

No Corinthians

Sua passagem pelo Corinthians foi rápida. Fez 17 jogos (4 vitórias, 9 empates e 4 derrotas) e  quatro gols marcados, segundo números do "Almanaque do Corinthians", de Celso Unzelte. Não rendeu o esperado e foi repassado para o Internacional de Porto Alegre (RS), onde encontraria Assis, sua cara-metade no futebol.

Atacante na seleção

Nos anos 80, a briga pela camisa 9 da seleção brasileira era mesmo intensa. Careca, Casagrande, Serginho Chulapa, Roberto Dinamite, Nunes, Romário, Evair, entre outros, buscavam espaço na seleção brasileira. Por isso, Washington, mesmo vivendo bom momento no Fluminense, não conseguiu ter muitas oportunidades de vestir a amarelinha. Segundo o livro "Seleção Brasileira 90 anos", de Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf, foram cinco jogos (4 vitórias e um empate) e dois gols marcados (um contra o Equador, 1 a 0, e outro contra o Al Ahli da Arábia Saudita, 3 a 1). O técnico que convocou Washington foi Sebastião Lazaroni, em 1989.

Pedido de ajuda em 2009

O ex-atacante sofre de Esclerose Lateral Amiotrófica e o blog "Ópio do Povo" resolveu pedir ajuda leiloando uma camisa do Flu autografada por ele. Confira abaixo.
 
Em 17 de outubro de 2009, o jornal Gazeta do Povo, do Paraná,  fez uma matéria sobre a situação de Washington. Leia abaixo o belo trabalho de Robson de Lazzari.
 
Matéria da Gazeta do Povo -> "Washington pede auxílio a ex-clubes"
Dependendo de uma cadeira de rodas, centroavante que fez história no Atlético e Fluminense tenta agora vencer uma rara doença degenerativa

Publicado em 17/10/2009 | Robson De Lazzari

A voz trêmula, baixa e devagar do outro lado da linha não deixa dúvida: há uma pessoa debilitada falando. Aos 49 anos, o ex-centroavante Washington, ídolo do Atlé­­tico no início dos anos 80, está sofrendo com uma rara doença degenerativa – a esclerose lateral amiotrófica, ainda sem cura, que atinge o sistema nervoso central e causa problemas na fala e na respiração.

Desde o início da semana, a reportagem da Gazeta do Povo manteve contato com o ex-jogador para realizar uma entrevista. Washington aceitou falar, desde que não entrasse em detalhes sobre a doença e que o contato fosse apenas telefônico.

Dependendo de uma cadeira de rodas para se locomover, o he­­rói de uma geração atleticana prefere não se expor. Há dois anos lutando contra o problema, o atacante aposentado se mantém com dificuldades financeiras, mas não admite que está abandonado ou pede algum tipo de apoio.

“Os dirigentes do Atlético são outros hoje e os do Fluminense (clube em que também brilhou) também. Eles vivem o agora, mas é lógico que gostaria que todos os times brasileiros olhassem para trás”, afirma.

Pelo menos da Baixada, uma controversa ajuda chega ao antigo ídolo. Filho do ex-jogador, o atacante Washington Júnior, 21 anos, tem contrato com o Furacão até maio de 2011. Segundo o clube, no acordo do atleta estão previstos auxílio-moradia e plano de assistência médica revertidos para Washington pai.

“Não é verdade que me ajudam. Não quero criar polêmica com o clube que amo, mas são benefícios do contrato do meu filho”, diz. “Esses benefícios só ocorrem pelo pai do jogador ser quem é. Estamos contatando ele por estar com algumas dúvidas quanto a isso e também planejamos algo a mais para poder auxiliá-lo ainda mais nesse momento difícil”, comenta o diretor de marketing rubro-negro Henrique Gaede, referindo-se à intenção de fazer uma partida beneficente no fim do ano com renda revertida ao ex-jogador.

Por ora, sem nada marcado oficialmente, resta a Washington seguir seu tratamento e torcer pelo sucesso do filho no futebol. Atualmente, Júnior está emprestado ao Ituiutaba (MG), mas como o time mineiro não tem mais calendário para esse ano, está parado.

“Ele só volta para cá em janeiro e lá será feita uma avaliação”, explica o diretor de futebol atleticano Ocimar Bolicenho. “Infe­­liz­­mente não teve oportunidade no Atlético e devido ao meu problema não o acompanho. Fica muito difícil para a carreira dele. Eu poderia ajudá-lo a ser mais feliz no futebol. Ver ele vibrando e fazendo gols pelo Atlético. Esse é o meu sonho”, revela o ex-jogador.

Se dentro de campo o filho conseguir repetir uma parte do sucesso do pai, já estará de bom tamanho. Camisa 9 clássico, com habilidade para jogar e também fazer gols, Washington marcou época no Furacão e no Fluminense. Ao lado de Assis, formou o Casal 20. Lado a lado, a dupla conquistou o Paranaense de 82 e chegou à semifinal do Brasileiro de 83 no Rubro-Negro.

No Rio, o artilheiro seguiu ao lado de Assis na linha de frente do Flu. Os títulos continuaram com o tricampeonato carioca (83, 84 e 85) e o Brasileirão de 84. Glórias que parecem passar distante da vida atual do ex-jogador. “O negócio é dar tempo ao tempo”, fala Washington, antes de encerrar o telefonema.

Confira, a seguir, a entrevista completa:

O que faltou para o Atlético chegar à final do Brasileiro de 1983?

Faltou a estrutura que tem hoje. O Atlético sempre foi grande, mas não tinha essa estrutura de hoje. Não tinha como se equiparar a Flamengo e Santos, que foram para a final. Mas nosso time era muito bom. Faltou muito pouco mesmo para disputarmos o título.

Na época disseram que o Atlético não atacou tentando o terceiro gol que valeria a classificação.

O Flamengo daquele jogo é o melhor time de todos tempos do Flamengo. Era o mesmo time que tinha sido campeão mundial. O que fizemos foi o que deveríamos ter feito. Respeitamos o Flamengo, mas tínhamos condição de fazer o terceiro gol.

Pela diferença que existia entre o futebol do Paraná e do Rio de janeiro, como foi a adaptação no Fluminense?

Foi fácil. O Assis tem um pouco mais de idade do que eu e para ele foi mais fácil ainda. Mas não houve problema algum. Nos encaixamos bem com o resto do grupo e as coisas deram certo desde o início.

O que representa para você o casal 20?

Anteriormente, quando jogavamos, tinhamos uma grande amizade. Considerava o Assis como um irmão. A gente sempre estava junto e eu sempre estava na casa dele. Hoje, infelizmente, ele mora longe (no Rio), tem o trabalho dele, e gente se fala muito pouco. Infelizmente depois que acaba o futebol cada um vai para o seu lado.

Houve algum problema na amizade entre vocês ou se afastaram naturalmente?

Não, é tudo isso que te falei. Enquanto estamos juntos, jogando, é diferente. A amizade o dia a dia. Não teve problema algum. è que quando termina cada um procura seu lado.

Mais tarde (em 91) você voltou ao Atlético. Como foi essa segunda passagem?

Infelizmente eu vim machucado. Os dirigentes do Atlético sabiam que eu estava machucado e teria de fazer tratamento de pelo menos 20 dias para jogar. Mesmo assim me trouxeram porque precisavam dar a resposta à torcida trazendo um grande ídolo. Fiz o tratamento, voltei a jogar, mas já era bem no fim do campeonato. Por pouco ainda não ganhamos.

O que Atlético e Fluminense significam para você?

São os clubes que eu mais amo. Não consigo torcer contra de jeito nenhum. Pelo contrário, sou atleticano roxo e tricolor no Rio.

Esse sentimento continua, ou passou pelo abandono deles?

A instituição vai ficar para sempre. Tenho o maior orgulho de ter vestido a camisa do Atlético e a do Fluminense. Acredito até que essa minha passagem pelas equipes não vai se apagar tão cedo. Tenho a felicidade de ter deixado meu nome na história e de uma maneira positiva. isso é que me deixa muito feliz. Faz com que eu não deixe de amara esses clubes.

Você sente que eles também tem esse sentimento por você?

Aquilo que acabei de falar dos jogadores. Os jogadores são amigos e sempre estão próximos. Com os clubes é a mesma coisa. Os dirigentes do Atlético são outros e do Fluminense também. Eles vivem o hoje, mas é lógico que todos os times brasileiros olhassem para trás.

O teu filho também é atacante. Onde ele está jogando atualmente?

Ele ta no Atlético. Esteve emprestado ao Ituiutaba e retornou agora. Infelizmente ele não teve oportunidade no Atlético e devido ao meu problema não o acompanho. São praticamente dois anos com esse problema. Eu poderia ajuda-lo mais. Fica muito difícil para a cerreira dele. Eu poderia ajuda-lo a ser mais feliz no futebol.

E esse problema prejudica muitas outras coisas?

É uma questão de saúde. Não gostaria de falar muito sobre isso, mas é um problema de locomoção. Isso atrapalha bastante. Não tenho como acompanhar meu filho. Mas ele ainda poderá jogar em outros clubes e voltar para o Atlético com mais moral. Esse é meu sonho. Ver ele vibrando e fazendo gols pelo Atlético.

Você é reconhecido por torcedores? Como te tratam?

Agradeço de uma maneira geral aos torcedores atleticanos. pelo reconhecimento que sempre tiveram por mim. Vou morrer atleticano. Isso aí não tenha dúvida. Agradeço aos torcedores pelo carinho e pela lembrança. Se não consegui algo maior pelo Atlético, fiz por onde ser reconhecido até hoje.

O Atlético tem te ajudado? Publicaram no site dizendo que te ajudam com moradia e plano de assistência médica. É verdade?

Infelizmente não é verdade. Por sinal acabaram de me ligar do marketing do Atlético. O que acontece é que no contrato do meu filho estão previstos esses auxílios. Mas não quero mentir para mim mesmo. Não quero falar disso. Não vou entrar em conflito com o clube que eu amo. Não tenho o que falar da instituição. O negócio é dar tempo ao tempo.

No dia 22 de agosto de 2017, Bruno Freitas e Vanderlei Lima, do UOL Esporte, fizeram uma bela matéria sobre Assis e Washington, o "Casal 20". E o Portal Terceiro Tempo reproduziu este magnífico especial, que você pode conferir clicando aqui.

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Pelo Corinthians:

Atuou em 17 jogos, sendo quatro vitórias, nove empates e quatro derrotas. Marcou quatro gols.
Fonte: Almanaque do Corinthians, de Celso Unzelte.

Pela Seleção Brasileira:


Atuou em 5 jogos, sendo quatro vitórias e um empate. Marcou dois gols.
Fonte: Seleção Brasileira 90 anos, de Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf

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