Sebastião Lazaroni

Treinador

Nascido em Muriaé, Minas Gerais, em 25 de setembro de 1950, dias após o Brasil perder a decisão da Copa do Mundo realizada em nosso país para o Uruguai, Sebastião Barroso Lazaroni é treinador de futebol.Em 2011, o comandante assumiu a Seleção do Qatar, no projeto que visava melhorar o futebol do país que sediará a Copa do Mundo de 2022.

Mas, ainda em 2011, após muitos insucessos com a Seleção Nacional do Qatar, Lazaroni acabou sendo demitido.

Antes, havia jogado futebol como goleiro. Embora tenha títulos importantes no currículo, ficou marcado por ter dirigido a fracassada Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1990.

Atormentado por brigas internas e discussões por dinheiro, o grupo sucumbiu nas oitavas-de-final após derrota para a Argentina e voltou cedo para casa. Lazaroni ficou marcado como um técnico perdedor, pecha que carrega até os dias de hoje. Em 2008, levou o Maritimo, de Portugal, à disputa da Copa da Uefa, mas deixou a equipe logo em seguida. Em julho do mesmo ano, assumiu o Qatar SC, que fez uma oferta tentadora a Caio Júnior, na época no Flamengo, que a recusou.

A carreira no banco de reservas começou no Flamengo em 1984. Em seguida, teve sequência em clubes como Vasco, Grêmio, Juventude, Fiorentina, Bari, Leon, Botafogo e Fenerbahce. Passou também pela seleção da Jamaica.

Foi campeão carioca em 1986, 87 e 88, do Troféu Ramon de Carranza de 1987, da Copa América de 1989, da Copa da Arábia Saudita em 1995 e da Copa Nabisco de 2002.

Dirigiu a Seleção Brasileira em 35 jogos com 21 vitórias, sete empates e sete derrotas de acordo com o livro "Seleção Brasileira - 90 Anos", de Roberto Assaf e Antônio Carlos Napoleão.

SOBRE A NÃO CONVOCAÇÃO DE NETO PARA A COPA DE 90, NA ITÁLIA, O UOL PUBLICOU UMA MATÉRIA EM 5 DE DEZEMBRO DE 2017 COM SEBASTIÃO LAZARONI. CLIQUE AQUI E VEJA.

ABAIXO, VÍDEO DIVULGADO PELO UOL SOBRE A NÃO CONVOCAÇÃO DE NETO PARA A COPA DA ITÁLIA, EM 90

No dia 06/11/2013, o ex-treinador da Seleção Brasileira, Sebastião Lazaroni, concedeu entrevista ao UOL Esporte, veja abaixo:

"Lazaroni vê sacanagem argentina com "água batizada" e contesta título de 86

Bruno Freitas
Do UOL, em São Paulo
 Algumas derrotas em Copas demoram a calar na alma brasileira, mesmo se estão décadas atrás na história. Uma delas é a de 1990 para a rival Argentina, quando Maradona destruiu a melhor apresentação da seleção de Sebastião Lazaroni em um único lance, porém genial. Mas uma circunstância em especial mantém aquele revés de Turim por 1 a 0 como um artigo pendente na cabeça do torcedor: a trapaça da "água batizada" com o lateral Branco.
No episódio em questão, o brasileiro saiu de sintonia em campo após pedir para beber água de uma das garrafas que o massagista argentino carregava. Anos depois, Maradona admitiu sem constrangimento a trapaça, em aparição na TV de seu país. De fato Branco foi baqueado por substâncias misteriosas preparadas premeditadamente para pegar os adversários desprevenidos [em detalhes no vídeo abaixo, em espanhol].
Em entrevista ao UOL Esporte por telefone, do Qatar, Lazaroni criticou o expediente argentino e colocou em dúvida as campanhas bem-sucedidas da "era Maradona". O treinador da seleção em 1990 deixa no ar a pergunta se Branco foi o único adversário a cair na pegadinha da "água batizada" argentina naqueles tempos.
"Não foi história de boitatá, foi verídica, foi real. Os argentinos depois deram com a língua nos dentes, com Maradona e companhia. A intenção dos argentinos era de sacanear o brasileiro", afirma o treinador.
"A gente se pergunta se isso aconteceu só contra o Brasil. E em 86, quando foram campeões, em 94 quando o Maradona foi pego no doping, será só coincidência? Fica a pergunta se foi uma conquista lícita, essa de 86", emenda Lazaroni.
 Na entrevista abaixo, o atual técnico do Qatar Sports Club ainda rotula de "mentira" e "desrespeito" a reclamação de Neto sobre seu descarte na convocação da Copa de 1990 [o então corintiano acabou o ano como melhor do Brasil, mas na época da Copa ainda não era unanimidade]. Lazaroni também fala como vê de perto a preparação para o Mundial de 2022 e admite o sonho de voltar a dirigir um grande no Brasil. Confira:
UOL Esporte: Como tem sido a experiência no futebol do Qatar?
Lazaroni: Foi uma passagem que acabou se estendendo. Tinha proposta para uma temporada, mas já estou na sexta [chegou a dirigir a seleção local por cinco meses]. Tem sido um desafio, tentar colaborar com o desenvolvimento do futebol local, mas não é fácil. Estou tentando dar a minha contribuição. Houve uma queda no número de brasileiros. No ano passado eu fui o único. Agora vieram o Zico e o Edu (Al Gharafa), grandes amigos e grandes profissionais. Estamos tentando levantar a bandeira de uma escola vitoriosa, que dominou no passado. Mas hoje está faltando uma retomada maior.
UOL Esporte: O senhor acredita que o futebol brasileiro saiu de moda aí no mundo árabe?
Lazaroni: Teve o João Havelange, que no passado abriu as portas para gente como Zagallo, Parreira, Telê, Dino Sani, Didi. Nos últimos anos ficou esquecido esse lado.  Mas também pelo futebol apresentado pelo Barcelona, depois com a seleção espanhola ganhando títulos. Mas graças a Deus essa vitória do Felipão na Copa das Confederações, com essa retomada, o futebol brasileiro conseguiu reencontrar seu bom futebol.
UOL Esporte: O senhor tem acompanhado, de perto, a preparação do Qatar para a Copa de 2022. Recentemente a imprensa inglesa fez denúncias contra as condições de trabalho dos operários nas obras do Mundial. Você chegou a tomar conhecimento de alguma coisa neste sentido? Como tem sido essa preparação?
Lazaroni: O país é um canteiro de obras. Mas ainda não de estádios, são mais obras de mobilidade urbana, de metrô, na parte terrestre, marítima também. A cada mês você vê a transformação, o crescimento. Assisti a uma exposição de como apresentaram o projeto da Copa de 2022. Mostraram a paixão da família real, a promessa de dar ao torcedor o maior conforto, agilidade. Em um dia, o torcedor poderá ver até três jogos. Além de toda a coisa futurista. Esse é o maior objetivo. Olho por esse lado. Além disso, na seleção, precisa ter mais garotos na base, para surgir mais talento de qualidade. Agora, sobre essas matérias que saíram, procuro não falar, porque não é a minha área.
UOL Esporte: O senhor ainda sonha em voltar a comandar um grande do futebol brasileiro [no passado dirigiu Flamengo, Vasco, Grêmio e Botafogo]?
Lazaroni: Como brasileiro, vou voltar, tenho certeza disso. O treinador não é a primeira palavra no futebol, é a última. Mas sempre estou na expectativa de que um clube tenha confiança no nosso trabalho. Daquilo que a gente apresenta como cartão de visita, do nosso trabalho, que se estabeleça um convite. Mas precisa ser um projeto de qualidade. O sonho é real enquanto a gente tem saúde [o contrato de Lazaroni no Qatar termina em maio de 2014].
UOL Esporte: Falando sobre a Copa de 90, o insucesso daquela seleção acabou marcando especificamente o Dunga. Aquele momento da seleção ficou marcado para a posteridade como a "era Dunga". Foi um rótulo merecido para ele?
Lazaroni: Era a era Dunga, era Taffarel, Aldair, Ricardo Rocha, Mozer, Careca, Valdo.... não se faz um Mundial só com um jogador. Mas a intenção de quem falava isso era de denegrir, não é assim. Mas graças a Deus aquele mesmo grupo conseguiu dar a volta por cima. O Dunga em 94 foi importante, como capitão no Mundial dos Estados Unidos.
 UOL Esporte: No jogo em que a seleção foi eliminada, contra a Argentina, aconteceu o episódio da água batizada dos argentinos, ingerida pelo Branco. O senhor chegou a testemunhar esse episódio? O que de fato aconteceu com o jogador?
Lazaroni: Não foi história de boitatá, foi verídica, foi real. Os argentinos depois deram com a língua nos dentes, com Maradona e companhia. A intenção dos argentinos era de sacanear o brasileiro. O Branco relatou que havia bebido a água do massagista da Argentina, que entrou enquanto um jogador deles era atendido. Relatou que tinha sensações de tontura, de perda de memória. No intervalo pediu que o Lídio (Toledo, então médico da seleção) checasse as condições dele de voltar para o jogo.  A gente se pergunta se isso aconteceu só contra o Brasil. E em 86, quando foram campeões, em 94 quando o Maradona foi pego no doping, será só coincidência? Fica a pergunta se foi uma conquista lícita, essa de 86.
UOL Esporte: O racha do grupo por premiação prejudicou o desempenho em campo naquela Copa?
Lazaroni: Participei de um processo de negociação. Fiz a minha parte, tentando fazer com que a CBF premiasse o grupo da melhor maneira. Tudo pelo pensamento de equipe, pelo espírito de equipe. Houve a discussão, e acabou não havendo um acordo. Acredito que isso interferiu no foco máximo. Todos deveriam dar o máximo em um Mundial, mas não aconteceu. Mas talvez tenha servido para outras situações.
UOL Esporte: Em algumas entrevistas o ex-jogador Neto citou o nome do senhor, reclamando de injustiça por ter ficado fora da Copa de 90. Algumas pessoas endossam o protesto dele. O senhor chegou a considerar a convocação do Neto em algum momento antes do Mundial?
Lazaroni: Eu te pergunto: o Brasileirão foi em que mês? No primeiro semestre ela era reserva [no Corinthians]. Minha posição foi injusta? Antes de 90 ele não participou por minha causa também? E depois de 90, por que não foi para a Copa de 94? E 86, por que não foi? Quer dizer, ele levanta uma mentira, para benefício próprio. Ele é parte interessada em criar uma mentira. Isso acontece no Brasil, de transformar uma mentira em verdade. Foi uma coisa sem respeito, sem educação. E no Brasil, sempre tem muitos jogadores de qualidade, o técnico da seleção sempre acaba deixando gente boa de fora. Mas isso não era o caso dele.
UOL Esporte: Como o senhor vê o cenário de favoritos para 2014? Acha que o Brasil está um degrau acima por ser anfitrião?
Lazaroni: A seleção fez uma brilhante Copa das Confederações, aproveitando aquele momento de movimento das ruas no Brasil. Tem que dar prosseguimento a isso, com a mesma atitude. A qualidade é alta, mas existem outras seleções tão candidatas, como Alemanha, Espanha e Argentina, só para citar algumas. Outras seleções que estarão no Mundial também sonham com isso. A gente descobriu um caminho muito importante. Tem que haver comprometimento com o projeto, doação em campo. E, taticamente, estar dentro daquilo que quase todo mundo faz hoje em dia, que é jogar sem a bola, compactando setores. Isso fora o talento e a criatividade do Oscar, do Neymar, do Paulinho.

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Pela Seleção Brasileira:

Dirigiu a Seleção Brasileira em 35 jogos com 21 vitórias, sete empates e sete derrotas de acordo com o livro "Seleção Brasileira - 90 Anos", de Roberto Assaf e Antônio Carlos Napoleão.

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