UOL Esporte Vê TV: Como foi ter voltado para a TV na Band? Por que não é participação diária?
Paulo Morsa: Fui recentemente no programa especial do aniversário da Renata [Fan, apresentadora do Jogo Aberto], mas sem nenhum contrato. Como conheço a Renata da época da Record, o diretor me chamou para fazer o programa. Mas não tenho nenhum tipo de vinculo, não tenho nada.
UOL Esporte Vê TV: Mas você tem participado de algumas edições do Jogo Aberto. Como tem funcionado?
Paulo Morsa: A base de convite. Sou convidado. Eles têm interesse na minha presença e vou lá participar com eles na base da amizade. Convite, algumas coisas rolam de bastidores. Mas, de contratação, nada oficial.
UOL Esporte Vê TV: Pretende voltar para a TV de forma definitiva se chamado?
Paulo Morsa: Para ser sincero, não estou muito preocupado. Estou mais para aposentar do que para trabalhar lá. Trabalhando com quem trabalho há mais de 10 anos na Record, como o Osmar, Renata, Marinho, quem sabe não volto? Dependendo das condições financeiras?
UOL Esporte Vê TV: Quais recordações você tem do programa Debate Bola? Ficou marcado na televisão brasileira?
Paulo Morsa: Duas coisas muito marcantes para mim: a Rádio Globo e a Record. As pessoas falam comigo na rua até hoje, me conhecem muito. Foi uma marca muito forte na minha carreira até hoje, embora não esteja mais trabalhando na televisão há quatro anos.
UOL Esporte Vê TV: Lá o Milton Neves te deu o apelido de Morsa. Você leva numa boa? Já se irritou algum dia?
Paulo Morsa: Nunca me irritei, levo numa boa. Se pega corda é pior. A gente fazia muita brincadeira. Até pelo meu nome que é mais complicado, Paulo Roberto Martins, no ar ficou mais fácil assimilarem isso. Até hoje ficou o Morsa.
UOL Esporte Vê TV: Você acha que faz falta na televisão brincadeiras como o caixão e os velórios?
Paulo Morsa: Não sei se faz falta, marcou uma época. O pessoal gostava demais, mas vai passando e as pessoas vão se cansando. Acho que hoje não fazia o mesmo efeito. Muito difícil dizer se teria apelo, o tempo passou.
UOL Esporte Vê TV: No Debate Bola, você participou de um programa histórico em que o diretor administrativo do Palmeiras na época, José Cyrillo Júnior, afirmou que o volante Richarlyson é homossexual. Como foi esse dia?
Paulo Morsa: Conversamos no intervalo sobre o Richarlyson, aquela coisa toda. Acabou o intervalo com o Cyrillo empolgado com a conversa e ele esqueceu que não podia conversar no ar. Foi hilário. Depois ele foi processado. Foi muito inusitado. Jamais você poderia esperar que ele fosse falar isso. Todos ficamos sem saber o que fazer. Puxei pelo braço, e ele falou: já falei, agora foi.
UOL Esporte Vê TV: Você é a favor da mistura entre entretenimento e jornalismo nas mesas redondas?
Paulo Morsa: Particularmente acho que o futebol é entretenimento, alegria, diversão, de bermuda, chinelo, camiseta. O futebol é alegre, festa, a mesa redonda tem que seguir isso. Chega domingo a noite, ver todo mundo de terno, cara fechada, não vinga não. Caminho da descontração, mas sem muito exagero, pelo menos eu acho isso.
UOL Esporte Vê TV: Você é a favor da mesa redonda formada por jornalistas e boleiros?
Paulo Morsa: O ex-jogador faz parte desse processo, não vejo nada que atrapalhe. Acho que todo mundo tem condição. Acho que cabe todo mundo para ganhar o seu dinheiro.
UOL Esporte Vê TV: o que acha da nova geração de comentaristas esportivos? Tem muito o que aprender com os experientes?
Paulo Morsa: Acho que tem uma safra boa trabalhando na ativa. Só não gosto muito desse tipo de comentarista de prancheta, de estatística. Acho que o futebol é diferente. O cara que está em casa não quer ficar sabendo que o time está no 4-5-1 ou 3-6-1. O cara quer saber se o time está mal ou se não está mal, o que precisa fazer para ganhar.
UOL Esporte Vê TV: o que acha dos boleiros como comentaristas (Ronaldo Fenômeno, Caio, Casagrande)?
Paulo Morsa: Para te ser sincero, para comentar futebol, gosto mais do Casagrande e do Edmundo. Não é que eu não goste (Caio, Ronaldo), mas são comentaristas comuns. Acho que o Casagrande e o Edmundo são os únicos que acrescentam alguma coisa.
UOL Esporte Vê TV: Você sempre foi conhecido por não fugir de polêmica. Já sofreu muito por causa disso?
Paulo Morsa: No jogo entre Corinthians e Bragantino, em Bragança, tive problema com a torcida local abaixo da cabine onde eu ficava. Não posso precisar qual ano, mas foi quando o Bragantino e o Fluminense foram beneficiados da virada de tapete. Fiz comentário criticando a virada de mesa, manobra de tapetão, e ataquei o Bragantino por tabela. No final do jogo, a turma ficou brava me xingando. Cometi o desatino de jogar a garrafa de volta em cima deles e aí que pegou a coisa. A Polícia veio, tive que sair de carro pelo outro lado do estádio.
UOL Esporte Vê TV: Acha que o jornalista deve revelar para que clube torce?
Paulo Morsa: Necessariamente não precisa isso. É um rótulo que te atinge, não tem dúvida. Rótulo que te pega na primeira esquina. É só enaltecer mais ou falar mal de um time que já te rotulam como torcedor. Acho que não precisa dizer para que time torce. Naturalmente vão assimilando, conhecendo. Não precisa chegar no microfone e dizer: torço para tal time, desnecessariamente.
UOL Esporte Vê TV: Você já foi considerado bairrista por criticar os clubes cariocas. Se acha bairrista?
Paulo Morsa: Não me acho bairrista, sou um cara consciente. Na minha opinião, o futebol paulista é o melhor do Brasil. O mineiro não gosta, o gaúcho não gosta, o carioca não gosta. Sempre defendi que é o melhor. É uma opinião minha. Tem três ou quatro times aqui que não encontra iguais no Brasil. Não é questão de bairrismo, mas de opinião futebol. Aí no auge da conversa, da briga, a gente acaba se exasperando, falando coisas mais fortes, e as pessoas criam rótulos.
UOL Esporte Vê TV: Você falou que pensa em se aposentar. Quais são seus planos para o restante da carreira?
A gente tem ideias, mas acaba mudando. Tenho mais dois anos de contrato com o Éder até o final de 2014. A TV tem essas coisas, a Band vai, não vai, quer, não quer. De repente posso não ter a obrigação de ir todo dia e feche lá. Mas tenho ideia de até o final da Copa do ano que vem parar.
Renan Prates
Do UOL, em São Paulo
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