por Marcelo Rozenberg
Nascido em São José do Rio Preto, interior paulista, J. Hawilla foi um grande jornalista. Foi empresário, dono da Traffic, principal empresa de marketing esportivo do Brasil.
Hawilla morreu no dia 25 de maio de 2018, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, vítima de problemas respiratórios. Ele estava com 74 anos.
Hawilla havia sido preso nos Estados Unidos em 2013 por conta do chamado `Fifagate´, mas por meio de delação premiada denunciou o esquema de corrupção e propinas na Conmebol e CBF, o que lhe permitiu voltar ao Brasil em fevereiro de 2018, mas o processo judiciário nos Estados Unidos permaneceu em aberto. Na ocasião da delação, se comprometeu a pagar 151 milhões de dólares.
Em 21 de setembro de 2018 a Justiça dos Estados Unidos devolveu 5 milhões de dólares aos familiares de J. Hawilla e também um apartamento em Miami, avaliado em 9,5 milhões de dólares.
Torcedor fanático do América de Rio Preto e do Palmeiras, era casado e pai de três filhos, um deles, Stéfano, grande executivo, casado com a modelo e apresentadora Isabella Fiorentino.
Costumava dizer que precisou enfrentar a desconfiança e o olhar torto daqueles que não entendiam como alguém poderia ganhar dinheiro no futebol.
Foi um dos homens mais influentes do Brasil, proprietário também de afiliadas da Rede Globo e de uma rede poderosa de jornais no interior de São Paulo, a Rede Bom Dia, que controla o Bom Dia Jundiaí, Bom Dia Bauru, Bom Dia Rio Preto, Bom Dia Fernandópolis, Bom Dia Marília e Bom Dia Catanduva.
Háwilla trabalhou durante 10 anos como repórter de rádio e televisão. Exerceu as funções de comentarista, apresentador e produtor, além de ter se formado em Direito. Atuou nas principais redes de comunicação do Brasil como Rede Globo, Rádio e TV Bandeirantes e Rede Record, tendo participado em várias oportunidades da coberturas dos principais eventos esportivos do mundo como provas de Fórmula 1, Olimpíadas e Copas do Mundo.
A carreira jornalística praticamente terminou em 1979, quando era chefe de esportes em São Paulo da Rede Globo. Foi demitido por participar de uma greve da categoria. Colocado em uma espécie de lista negra, encontrou dificuldades na busca de novos desafios profissionais. Mesmo recontratado pela Globo tempos depois, achou que era o momento de montar seu próprio negócio.
Assim, junto com três sócios, comprou a Traffic, que de início explorava propaganda em pontos de ônibus. Em pouco tempo, passou a vender placas de publicidade em estádios. A empresa cresceu tanto a ponto de ter intermediado o contrato de patrocínio da Nike com a seleção brasileira. Atualmente, detém os direitos comerciais da Copa América e Eliminatórias da Copa do Mundo.
Em 15 de outubro de 2009, Hawilla anunciou a compra do Jornal Diário de São Paulo, o antigo Diário Popular, fundado em 1884 e que em 2001 foi adquirido pelo Infoglobo, quando foi rebatizado de Diário de São Paulo.
Em 05 de setembro de 2013 foi anunciada a venda do jornal Diário de S. Paulo e dos títulos integrantes da Rede Bom Dia de Comunicações para a Cereja Comunicação Digital.
PRIMEIRO E ÚLTIMO COMENTÁRIO DO J HÁWILLA
Por Fauzi Kanso
Já contei algumas vezes aqui no nosso FUTEBOL INTERIOR, o maior portal sobre futebol do Brasil, com 30.000.000 (TRINTA MILHÕES) de acessos mês, ou, se preferir, 1.000.000/dia, algumas peripécias sobre t ransmissões de futebol em Votuporanga, interior de São Paulo.
Na época da Rádio Clube, se tínhamos de um lado o Diretor Nelson Camargo que para ajudar uma transmissão se tornar realidade apelava até ao Presidente da República, do outro, havia Luiz Rivoiro, diretor artístico e comentarista que fazia chover. Em matéria de equipamentos a Rádio Clube era a "Globo? do interior. Tinha tudo da melhor qualidade.
Tudo o que podia ser feito era feito para "quebrar? a Rádio Piratininga, quase falida que, para dizer a verdade, pouca resistência oferecia à Rádio Clube. A Piratininga, além de não possuir bons equipamentos, atrasava com freqüência os salários dos funcionários e também as contas de luz, água, aluguel, telefone, enfim, era um caos.
Foi ai que chegou na cidade, vindo de São José do Rio Preto, contratado por Miguel Leuzi, o jovem J. Háwilla que, como já comentei aqui, em pouco tempo na gerencia colocou a casa em ordem, pagando os salários atrasados e dando moral para os funcionários.
Sai da Clube, onde era narrador de esportes, sim narrador de esportes porque lá irradiávamos tudo: Box, natação, basquete, futebol de salão, hand-baal, vôlei, futebol, jogo de bocha... E fui trabalhar com o Háwilla na Piratininga, evidentemente por um salário melhor e com duas promessas: a de receber o pagamento sem atrasos e a de transmitirmos todos os jogos da Votuporanguense, fosse onde fosse.
Tão logo conseguimos melhores equipamentos e meios para uma transmissão, fomos eu e o Háwilla para Neves Paulista, cidade vizinha de São José do Rio Preto, cobrir o jogo Nevense e Votuporanguense, uma partida amistosa que serviria como preparativo para a Alvinegra de Votuporanga.
A cabine do Estádio de Neves Paulista era uma verdadeira "palafita?, ou seja, quatro (4) varas de eucaliptos sustentando a cabine que abrigava as rádios. Para alcançar a cabine, era necessário subir por uma escada reta de madeira que ficava de pé do lado de fora, dá para imaginar ? Pior, tivemos que subir tal escada segurando com uma das mãos para não cair, enquanto a outra mão carregava a maleta, fios, cabos e microfones.
Naquela época, 1.967, havia, como há até hoje, uma grande rivalidade entre Votuporanga e as cidades da região. Com Neves Paulista havia também, porém, menor que as rivalidades contra Rio Preto, Mirassol e Fernandópolis.
Na "cabine palafita? estavam os integrantes de três emissoras: a Clube e Piratininga de Votuporanga e a Rádio de Neves Paulista. Tinha também alguns poucos penetras (políticos), ávidos por uma entrevista ou só para ter o nome citado.
Embaixo da "cabine palafita" ficavam torcedores que ouviam tudo o que os narradores e comentaristas diziam. Tudo estava transcorrendo muito bem porque o Nevense ganhava por um à zero, gol de Baguinho, até que surgiu o primeiro gol da Votuporanguense marcado por Flávio, dois metros de altura, que escorou de cabeça a bola que veio de um escanteio cobrado por Lupércio.
Pronto! Ai começou o desespero geral. Os torcedores Nevenses, irados com nossos gritos de gooollll, começaram a chacoalhar as varas de eucaliptos e, por conseqüência, a cabine onde estávamos que ora ia para frente, ora para trás e também para os lados.
O Háwilla, na tentativa de se segurar melhor, inadvertidamente, tocou numa fiação que não tinha as emendas encapadas. Verdadeira gambiarra. O choque foi tão grande que deixou suas pernas em verdadeira "geléia?, fato que o obrigou a sentar-se no chão onde ficou por uns bons minutos até o seu restabelecimento.
Quer saber ? ? Fiquei só na transmissão. O Háwilla, irado com os balanços da cabine e "puto? com o choque, emudeceu e não deu mais nenhuma palavra, nem mesmo sobre a partida. Nem mesmo na viagem de volta para Votuporanga ele falou. Só esboçou um sorriso quando lhe disse: "seu bico vai raspar no pára-brisa?.
Na segunda feira, ainda meio carrancudo, Háwilla chegou na rádio e pediu uma ligação para Rio Preto. Pronto, em poucos minutos de conversa contratou Sérgio Carvalho (hoje colunista do Futebol Interior) como redator e apresentador de notícias, e comentarista esportivo. Nunca mais ele, o Háwilla, pegou no microfone para participar de uma jornada esportiva na Rádio Piratininga . Foi a primeira e única partida em que ele trabalhou pela emissora de Votuporanga. Tempos depois o Háwilla foi para Jales, levantar a Piratininga de lá, e eu voltei a para a Rádio Clube.
Em 4 de junho de 2010, o jornalista Gilberto Scofield escreveu uma matéria J. Háwilla no jornal "O Globo". Veja abaixo:
Confira abaixo as duas matérias do dia 27 de maio de 2015, após estouro do escândalo de corrupção na Fifa:
Clique aqui e acesse o "MÁQUINA DO ESPORTE", de Erich Beting.
O empresário J. Hawilla, estopim do escândalo de corrupção que levou J. Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), à prisão nesta quarta-feira (27), na Suíça, se pronunciou pela primeira vez após o estouro do caso. Por meio de seu advogado, J. Luis de Oliveira Lima, o dono da agência de marketing esportivo Traffic se diz favorável às investigações.
"O empresário J. Hawilla apoia as investigações e prestou os esclarecimentos devidos às autoridades", disse o representante legal de Hawilla com exclusividade à reportagem da Máquina do Esporte, sem se estender no assunto. Econômico, Lima afirmou que esse será o único pronuciamento de seu cliente sobre o tema.
Horas antes, a Máquina do Esporte mostrou que o executivo foi procurado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em dezembro do ano passado, e aceitou as acusações de extorsão, fraude e lavagem de dinheiro, e selou um acordo de US$ 151 milhões em troca da delação premiada, dos quais US$ 25 milhões foram pagos no momento do acerto.
Além de Hawilla, as duas empresas do Grupo Traffic nos Estados Unidos foram indiciadas pelos americanos. O acordo feito pelo empresário também envolve essas companhias. Além do dono da Traffic, Charles Blazer (conhecido como Chuck Blazer, ex-secretário geral da Concacaf), Daryan Warner e Daryll Warner se declararam culpados e também fizeram acordos menores, de até US$ 2 milhões, para escapar da prisão.
De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, os escândalos de corrupção envolvem duas gerações de dirigentes esportivos. Entre as suspeitas levantadas estão o pagamento de propinas para negociações comerciais dos principais torneios da Concacaf e da Conmebol, boa parte deles têm a Traffic como responsável pela função de vender os direitos de televisão e patrocínios.
Foto: UOL
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Da BBC Brasil - UOL Esporte
Além do ex-presidente da CBF José Maria Marin, de 83 anos, outros dois brasileiros são citados pela Justiça norte-americana no escândalo de corrupção entre a Fifa e empresas de marketing e transmissão esportiva.
O mais conhecido deles é o réu confesso José Hawilla, de 71 anos, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina, que tem os direitos de transmissão, patrocínio e promoção de campeonatos de futebol e jogadores, além de empresas de comunicação no Brasil.
O departamento de Justiça revelou que J. Hawilla, como prefere ser chamado, teria confessado culpa, em dezembro do ano passado, por acusações de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça - ele é o único brasileiro entre os réus confessos declarados culpados pela Justiça dos EUA.
O caso envolvendo Hawilla, uma das figuras mais proeminentes do futebol nacional, só veio a público na manhã desta quarta-feira, com a divulgação da nota do departamento de Justiça, onde aparece com destaque.
Segundo a nota do governo dos EUA, o executivo teria concordado com o confisco de US$ 151 milhões de seu patrimônio - US$ 25 milhões deste total já teriam sido pagos no momento da confissão. O mandatário da Traffic já foi classificado diversas vezes pela imprensa nacional como "dono do futebol brasileiro".
De acordo com reportagens publicadas pela imprensa brasileira nos últimos 10 anos, estima-se que o faturamento anual da empresa de J. Hawilla, que começou a carreira profissional como vendedor de cachorros-quentes, gire em torno de US$ 500 milhões.
Negócios lucrativos
O Departamento de Justiça americano indiciou 14 pessoas por fraude, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha: nove dirigentes da Fifa e cinco executivos de empresas ligadas ao futebol.
O grupo é acusado de armar um esquema de corrupção com propinas de pelo menos US$ 150 milhões de dólares (mais de R$ 470 milhões), que existe há pelo menos 24 anos.
"O indiciamento sugere que a corrupção é desenfreada, sistêmica e tem raízes profundas tanto no exterior como aqui nos Estados Unidos", disse a procuradora-geral Loretta Lynch. "Essa corrupção começou há pelo menos duas gerações de executivos do futebol que, supostamente, abusaram de suas posições de confiança para obter milhões de dólares em subornos e propina."
A nota divulgada pela Justiça americana afirma ainda que investiga suposto pagamento e recebimento de suborno e propina em um acordo de patrocínio "da CBF com uma grande fabricantes de roupas esportivas dos EUA", na seleção do país anfitrião da Copa do Mundo de 2010 e nas eleições presidenciais da FIFA em 2011.
"Que fique claro: este não é o último capítulo na nossa investigação", disse o procurador americano Kelly T. Currie, durante o anúncio dos envolvidos no esquema de corrupção.
A empresa de J. Hawilla é a atual responsável pelos direitos de torneios como a Copa Libertadores, passes de jogadores como o argentino Conca e o brasileiro Hernanes, dona de times como o Estoril Praia, de Portugal, e pelas vendas de camarotes do Allianz Parque, estádio do Palmeiras, em São Paulo.
A Traffic teve exclusividade na comercialização de direitos internacionais de TV da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, em 2014. O empresário brasileiro também foi o responsável pelo contrato celebrado em 1996 entre a Nike e a seleção brasileira - alvo de uma CPI, encerrada em junho de 2001 sem desdobramentos práticos.
Em 2008, J. Hawilla foi eleito o 56º homem mais influente do futebol mundial pela revista britânica World Soccer.
Marin e Margulies
José Maria Marin, presidente da CBF até o mês passado, é outro brasileiro entre os detidos pela polícia americana. Aos 83 anos, tem fama de ter subido na carreira por ser "o homem certo no lugar certo".
Marin já foi governador biônico de São Paulo durante a Ditadura Militar, deputado estadual paulista e vereador paulistano. Atualmente, ele é filiado ao PTB.
Assumiu o governo de São Paulo em 1982, quando o então governador Paulo Maluf foi disputar o cargo de deputado federal.
Também chegou à Presidência da CBF com uma renúncia, quando Ricardo Teixeira deixou o cargo por problemas de saúde e pressionado por denúncias de irregularidades à frente da entidade. Conforme estatuto da CBF, como Marin era o vice mais velho, ele assumiu a presidência da federação, integrando também a chefia do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014.
Logo que assumiu o cargo, Marin já foi reconhecido por gafes: já confundiu Ronaldo com Romário e, em 2012, foi flagrado colocando no bolso uma das medalhas da Copa São Paulo de Futebol Júnior durante a premiação aos jogadores vencedores do torneio.
O terceiro brasileiro investigado pelo FBI é José Margulies, de 75 anos, proprietário das empresas Valente Corp. e Somerton Ltd., ambas ligadas a transmissões esportivas.
Segundo o departamento de Justiça, Margulies supostamente atuou como intermediário para facilitar pagamentos ilegais entre executivos de marketing esportivo e autoridades do futebol.
Margulies aparece na lista dos acusados pela Justiça americana - que inclui outras nove pessoas, mas não traz mais informações sobre os desdobramentos práticos das acusações.
Uma representante da Traffic Sports disse à BBC Brasil que não havia ninguém disponível para comentar o teor da nota, até a publicação desta reportagem.
Foto: UOL
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