Fiori Gigliotti

Ex-narrador esportivo de rádio
Um dos principais narradores esportivos da história do rádio brasileiro, Fiori Giglioiti, morreu aos 30 minutos do dia 8 de junho de 2006, no Hospital Alvorada, no bairro de Moema, em São Paulo (SP). Ele tinha 78 anos e a causa de sua morte foi falência múltipla de órgãos, após problemas no intestino e próstata.
 
Fiori deixou Adelaide, sua esposa (falecida em 2016), e os filhos Marcos e Marcelo (falecido em setembro de 2020, vítima de Covid-19). 
 
Nascido em 27 de setembro de 1928, Fiori, que fez fama na Rádio Bandeirantes, comandou ainda a equipe da Rádio Record AM até 2005, trabalhou na Rádio Tupi de São Paulo, ao lado de Dalmo Pessoa, e em 2006 era a principal estrela da equipe esportiva da Rádio Capital.

O moço criado Lins e nascido em Barra Bonita (SP), que adotou o "abrem-se as cortinas e começa o espetáculo" e o "é fogo!" foi, por anos e anos, um dos principais cronistas esportivos do país.

Fiori trabalhou durante 38 anos na Rádio Bandeirantes e lá marcou época. Sempre será um dos grandes ídolos de Milton Neves, que o chamava de "Mestre Fiori".

Esteve durante cinco anos nos microfones da Rádio Panamericana, hoje Jovem Pan, e trabalhou também na Rádio Record, de janeiro 1996 a agosto de 2005, emprestando todo seu conhecimento à programação esportiva.

A experiência e talento de Fiori Gigliotti lhe renderam 162 títulos de cidadania pelo Brasil e a incrível marca de dez coberturas de copa do mundo, sendo o único cronista esportivo do país a conseguir tal feito.

Entre as frases e expressões mais conhecidas da Fiori Gigliotti estão:

"Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo..." "O tempo passa..." "Tenta passar, mas não passa!" "Crepúsculo do Jogo" "Agüenta coração!" "Uma Beleeeeza de Gol!" "Um beijo no seu coração"

Paixões

Além do futebol, Fiori tinha outras grandes paixões: a mulher Adelaide, os filhos Marcos e Marcelo, as netas, a chácara em São Pedro e seus cães. "Já cheguei a ter oito cachorros. Hoje, tenho dois", dizia Fiori, que morava no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo (SP).
 
No dia 8 de junho de 2006 Milton Neves escreveu:

Morre Fiori Gigliotti, o locutor da torcida brasileira. O rádio esportivo e o futebol choram como nunca.

O rádio esportivo e o futebol nunca choraram tanto. Vitima de falência múltipla dos órgãos, morreu Fiori Gigliotti, aos 77 anos, no Hospital Samaritano em São Paulo. Exatamente aos 40 minutos da quinta-feira, 8 de junho de 2006, morria o Pelé do rádio. Não resistindo à duas operações de próstata e intestino, desaparece assim o mais emblemático dos locutores esportivos do rádio do mundo "Agora não adianta chorar?, "Tenta passar e não passa", "Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo", "É fogo" e "Lá vai o moço desta ou daquela cidade" são alguns dos múltiplos bordões que o Mestre Fiori Gigliotti consagrou no rádio, principalmente na Bandeirantes-AM. E ele foi também o pioneiro em se homenagear a cidade onde nasceu tal jogador e todo membro do "Scratch do Rádio? que ele comandou por anos e anos. Também em razão disso tornou-se o recordista em títulos de cidadão que recebeu em todas as partes do país. Foram 162 comendas.

Morreu Fiori Gigliotti e assim ele se junta a outros nomes célebres do rádio e do jornalismo esportivo como Edson Leite, Geraldo José de Almeida, Geraldo Bretas, João Saldanha, Mário Moraes, Milton Peruzzi, Ely Coimbra, Peirão de Castro, Marco Antonio Mattos, Pedro Luiz, Mauro Pinheiro, Roberto Silva, Darcy Reis, Luiz Augusto Maltoni, Carlos Aymar, Oduvaldo Cozzi, Waldir Amaral, Jorge Cury, Ary Barroso, Jorge de Souza, Ávila Machado, Aroldo Chiorino e tanta gente boa.

E como é o destino. João Saldanha morreu em Roma em meio à Copa de 90. Pedro Luiz, em São Paulo, na semana final da Copa de 98. Mauro Pinheiro, também em São Paulo, às portas da Copa de 82 na Espanha. E, agora, faltando um dia para começar a Copa de 2006 na Alemanha, morre o ícone Fiori Gigliotti, um locutor de nome diferente, voz diferente e caráter diferenciado. A morte em sua mão de ausência a tudo perdoa e apaga, mas desta feita morreu um homem sem pecados. Fiori Gigliotti subiu e está morando no céu, mas ficará por todo o sempre incrustado no carinho, no coração e na memória do nosso Cantinho da Saudade.
 
Já é uma saudade
 
ABAIXO, EM VÍDEO, MILTON NEVES SENDO HOMENAGEAO POR FIORI GIGLIOTTI DURANTE O "DEBATE BOLA", NA REDE RECORD


A morte do Fiori deixa um vazio no radio esportivo por Mário Lopomo

Trabalhei com ele, na radio bandeirantes, nos anos 60-70, no QG dos esportes. Ele Fiori, era o chefe do departamento de esportes, substituindo Dinamerico Aguiar. Tinha um forte raciocínio. Improvisação.

Para fazer um comentário não precisava pensar muito as palavras brotavam de sua cabeça. Certa ocasião o quadro CANTINHO DA SAUDADE que ia ao ar no domingo não estava gravado. Era um sábado às 17 horas. Não sabíamos quem colocar. PARECIA QUE ESTAVAM ESGOTADOS TODOS OS NOMES DE JOGADORES FALECIDOS. Todos os nomes que vinham a cabeça, já tinham sido colocados no ar. Andando pelo corredor do segundo andar do Edifício Radiantes, um jornal aberto no chão, dizia que Tininho, um jovem craque do Guarani tinha falecido no treino aquela semana. Pronto. Já estava na cabeça dele, o que tinha que dizer. Fomos para o estúdio e Fiori, disse tudo o que os torcedores do Guarani, e demais ouvintes e mesmo a familia do jogador queriam ouvir.
Não sei onde ele de improviso, foi buscar tanto argumento para emocionar a torcida brasileira. Fiori era um líder. Mais acho que ele não sabia disso. Era simplório. Estava sempre perto do poder, e nem se importava com isso embora. Embora tendo o poder nas mãos. Poderoso e prepotente nunca se mostrou. Tratou sempre seu semelhante, com dignidade e humanismo.

Como diretor de esporte da Rádio Bandeirantes, amenizou bastante o sofrimento seu subordinado Luiz Augusto Maltoni, que estava sendo esmagado pela tirania do superintendente da radio. Foi ali o início, de um acordo que pos fim no tal sofrimento, de um trabalhador que vinha amargando uma geladeira, só porque não queria entrar em acordo para sair da radio com quase nada de seus direitos trabalhistas. Fiori era isso. 100% Dignidade, era fazer o bem a quem chega-se a sua frente.

Mário Lopomo

HOMENAGEM PÓSTUMA AO HOMEM BOM Fiori Gigliotti

Não! Não feche as cortinas! Deixe-as abertas! Quero ver, no crepúsculo, A sua partida. O tempo passa com pressa, É fogo que queima, Sob o céu carrancudo. O moço que veio do Interior, Nascido em Barra Bonita, Passou em Lins parte da sua vida, Mas fez da São Paulo o seu grande amor. Lá ou cá, pela nobreza de caráter Sempre primou. Como profissional da comunicação, No Rádio se consagrou. Ícone de uma geração, homem puro de coração, Esta frase resume o perfil desse querido irmão: FIORI GIGLIOTTI, Cujo tempo, hoje, na terra expirou E Deus sem alarde para junto de Si o chamou. Fazendo de asas as ondas sonoras, Humilde e sereno, para junto do Pai ele voou. Além da saudade, o sólido exemplo Foi o grande tesouro que nos legou. Nos jardins celestiais, Uma rara espécie de "Fiori" agora brotou.

Alceu Sebastião Costa + 08/06/2006

Poeta/Advogado - O.A.B. 60 424
 
Ainda sobre Fiori Gigliotti no dia 8 de junho de 2008, o site Terceiro Tempo recebeu de Mário Lopomo (e-mail: mlopomo@uol.com.br) o seguinte e-mail:
"ASSUNTO: Fiori Gigliotti, uma saudade
MENSAGEM: Fiori Gigliotti, uma saudade Nem parece, mas já esta fazendo dois anos que Fiori Gigliotti viajou para o alem. Sim viajou. Ele não morreu. Os bons não morem, ficam sempre imortalizados nas mentes de tantos quantos o conheceu, conviveu, ou apenas ouviu sua, vos, empunhando um microfone. O microfone que ele, desde jovem gostava de ter desde quando estava em Lins, vindo de sua Barra Bonita. Aqui em São Paulo, a partir de 1952, já era um contratado por emissora de nome. Fiori era o tipo de sujeito bom, e por isso pensava que todos também eram. Quando de sua estada na chefia do departamento de esportes da radio bandeirantes, pensava sempre fazer o melhor para seus comandados, mas não sabia que pelas suas costas estavam alguns traidores que quando de frente conversavam, cumprimentava-o. Fiori gostava da bola. Tanto para descrever os caminhos dela nos pés de jogadores, como também tentando encaminhá-la em seus pés quando jogava pelo Scratch do radio a partir do ano de 1964. Jogando, Fiori não era um virtuose da bola, mas o seu amor por ela nos fazia crer que ele era tão bom de bola, como irradiando ela pelos gramados por onde ela rolava. Quando o interior de São Paulo passou a ver os astros do microfone, com a camisa listrada da bandeirantes, emissora mais ouvida do esporte. E foi na cidade de Brotas que Fiori viu a bola bem de pertinho em seus pés, ele que a via de uma boa distancia na cabine de transmissão. Trabalhando, convivi com Fiori um bom tempo, assim como também desfrutei de sua amizade fora do trabalho, e de sua família também. Vi de perto sua grande capacidade de improvisação, da condição de transformar um texto comum numa obra prima de emocionar o mais frio ouvinte descuidado. Um dia ele foi guindado a, chefia do departamento esportivo da radio (1970) substituindo a Dinamerico Aguiar. Coisa que ele nunca deveria nunca ter aceitado. Chefe não para pessoas boas como o Fiori. Chefe é para pessoas sem muita sensibilidade, que sabe falar não, que gosta de dar ordens falando alto, para todo mundo ouvir. Que não sente muito, a dor de seus comandados. Que pende mais para o patrão do que em seus subordinados. Fiori não tinha esse perfil. Era doce, educado, sabia como lidar com as coisas e as dores de seus semelhantes. Muita lição deu Fiori, mesmo estando numa função que não era a sua praia. Uma vez teve que chamar a minha atenção por uma coisa que eu não devia ter feito. Assim que entrei na sala repleta de colegas do esporte, plantão, locutores e repórteres, ele me chamou de lado, em tom bem baixo que certamente só eu ouvia, deu-me um sabão que valeu a pena ouvir. Quando do serio problema que teve o colega Luiz Augusto Maltoni, teve em não aceitar um acordo para sair da radio em 1971, quando de uma degola de pessoal, ele ficou por meses na geladeira, tirou o sossego do Fiori que pouco ou nada podia fazer, porque era uma coisa que estava acima de suas possibilidades. Luiz Augusto Maltoni, foi obrigado pelo ditador da radio a escrever um comentário, que ele não podia ler e, que seria lido, ou não, por outros, partiu o coração do chefe Fiori. Não podendo nada fazer, pois a "pinimba? estava entre Maltoni e o superintendente da radio, cujos encontros eram por meio de ofensas e palavrões por parte da vitima da incúria, de um prepotente administrador. Um dia Fiori rompeu o respeito a subordinação, autorizando Maltoni e deixar a sala onde era praticamente um refém de uma idiotice, mandando ele ir ao estádio do Morumbi para assistir São Paulo 0x2 Gremio, dois gols de Dakota. - Fiori como posso escrever um comentário se não vejo o jogo? Disse Maltoni. Foi a pergunta, que lhe valeu a liberdade de sair da radio para o estádio, coisa que era comum a ele desde que era repórter e depois comentarista, que segundo Murilo Leite, o superintendente, Maltoni era uma droga entre todos os comentaristas que a radio tinha. Mesmo com todo aquele ranço que havia entre empregado e empregador chegou a um entendimento e a novela que eu ouvia em capítulos semanais aos sábados, quando lá eu estava no período vespertino. Na certa Fiori fez parte desse entendimento, e Maltoni continuou na emissora, mesmo com as restrições que o superintendente tinha. Fiori não sabia a força que tinha, dado a sua simplicidade. Mas com toda a bondade que Fiori exibia, tinha pelas suas costas a inveja de gente que queria o seu lugar de chefe, coisa que para Fiori pouco importava. Numa sexta feira o Scratch do radio foi jogar no interior e, Fiori resolveu esticar o sábado para pescar, outra coisa que adorava fazer. Seu nome estava relacionado para o programa Bola ao Ar, que ia ao ar ao meio dia. E naquele sábado Fiori estava ausente e dois "colegas? estavam ao microfone apresentando o programa. Quando no intervalo comercial, um disse para o outro, viu que belo chefe temos? Um irresponsável, vai jogar bola, depois estica o passeio para pescar, e nos aqui se danando. Você como secretario do esporte tem que fazer alguma coisa! Fui para casa almoçar e, as 14 horas retornei, para cumprir o meu trabalho. Ao entrar na sala vejo o Zé Obis conversando com dona Adelaide. - Eu falei pro Fiori tomar cuidado, isso aqui é um ninho de cobra. Mas agora já aconteceu. Perguntei o que estava acontecendo, e ele simplesmente me disse: - Veja o que esta escrito, ai naquele memorando. - Escrito e assinado por Murilo Leite, dizia que Fiori Gigliotti estava suspenso por 3 dias, e que Flavio Araujo devia ser chamado para transmitir São Paulo x Portuguesa no dia seguinte. Caso Flavio não fosse encontrado, a ordem era chamar Alexandre Santos. Quando eram 16 horas surge na radio Flavio Araújo, bastante aborrecido, com aquela situação. E com sua ética, coçava a cabeça e dizia: - O que o Fiori não vai pensar de mim sabendo que vou tomar seu lugar na transmissão de amanhã? - Ai eu entrei em ação e disse: - Flavio vai lá e, não se preocupe, estou a par de toda essa historia, isso, sem entrar em pormenores. - Na segunda feira Fiori pegou o memorando, e com ele foi até o prepotente dirigente da radio e, simplesmente, pediu demissão. Ai o grande "administrador?, mostrou toda a sua covardia, e ficou o dito e escrito, por nada acontecido. E quem sonhava em ser chefe teve que esperar mais um pouco. O Slogan da radio era "A família Bandeirantes?... O ruim da historia é que quando o cidadão morre lagrimas de crocodilo molham o caixão. Mario Lopomo"
 
Ainda sobre Fiori no dia 6 de junho de 2008 o site Terceiro Tempo recebeu de Marcio Roberto Torvano (birivani@itelefonica.com.br) o seguinte e-mail:
"De: OLÁ AMIGOS [mailto:birivani@itelefonica.com.br]
Enviada em: sexta-feira, 6 de junho de 2008 21:22
Para: miltonneves@terceirotempo.com.br; netto@terceirotempo.com.br
Assunto: olá amigos

Achei aqui em casa uma relíquia, um autógrafo do Fiori Gigliotti.
recebi este autógrafo na Radioficina, escola de Rádio localizada no Cambucí.
Ele deu uma palestra linda, chorou, se emocionou e perguntado quem ele apontaria como novo talento na narração esportiva, citou o nome de Rafael Spinelli, repórter da Rádio Record.
Nesta mensagem ele diz pra eu não desistir do meu sonho de trabalhar no rádio, não desisti e hoje estou no melhor emprego do mundo.
Marcio Roberto Torvano"
 
Ainda sobre Fiori Gigliotti no dia 9 de julho de 2008, o site Terceiro Tempo recebeu do internauta Chico Fonseca (chicofonseca@uol.com.br) o seguinte e-mail:
"Prezado Milton:
Pensei um bocado em te mandar esse e-mail. Mas também quero colaborar com a seção "Que Fim Levou" e principalmente ajudar a preservar e manter viva a memória desse que foi uma das grandes glórias do Rádio esportivo em todos os tempos, o nosso querido e saudoso Fiori Gigliotti.
Convivi com o Fiori durante 27 anos em Águas de São Pedro. Um pouco depois dele comprar a chácara, minha mãe entrou lá pra tomar conta da casa. Quando isso aconteceu, em 1978 eu tinha 3 anos de idade. Por isso digo que cresci ao lado dele e convivi com toda a família e sempre fui tratado como se parte dela fizesse. A história é longa dessa convivência e não vou tomar seu tempo com isso. Um dia, se você quiser, aprofundamos o assunto, porque histórias não faltam. Hoje além de comerciante, também sou radialista, atuando na Rádio Excelsior/Jovem Pan de Rio Claro, onde moro atualmente, como ancora e plantonista nas jornadas esportivas.
O que eu estou te enviando, são fotos de peças que fazem parte do meu acervo pessoal. Posso dizer que é a minha maior herança, presente que me foi feito pela Dona Adelaide e pelo Marcelo, e que eu conservo com muito carinho como lembrança do mestre com quem eu convivi e aprendi muito. É uma coletânea com algumas fotos e os principais troféus que o Fiori ganhou ao longo da carreira, incluindo o primeiro Roquette Pinto conquistado por ele em 1966. Segue também uma foto com o Osmar Santos em algum programa de TV patrocinado pela Sanyo, provavelmente no início da década de 80, creio que seja o Japan Pop Show da Bandeirantes. Algumas fotos mais antigas seguem também, e note que ele, numa delas, vaidoso com o cabelo desde mocinho, jogava com meia de rede. Infelizmente não tenho a identificação de nenhum daqueles que formam o time nem o ano da foto. Posso estar enganado, mas parece que o Edson Leite e o Armando Nogueira estão nela também. A outra foto que segue com ele observando um troféu é de 1959, tirada em Araguari, ainda nos tempos da Panamericana, essa eu sei porque o referido troféu está comigo... rs.
Espero que essas fotos ajudem a manter viva a memória do nosso querido mestre Fiori, uma grande saudade pra todos nós.
Um dia, se estiver de passagem aqui por Rio Claro e quiser conhecer esse acervo pessoalmente, está convidado desde já!
Um grande abraço Milton e sucesso sempre pra você!
CHICO FONSECA
Rio Claro - SP"
Veja uma das fotos na próxima página e depois visite a Galeria de Fotos de Fiori Gigliotti para ver mais de 70 imagens da brilhante carreira do mestre Fiori
 

Abaixo, o e-mail recebido pelo Portal Terceiro Tempo em 24 de julho de 2012, enviado por Joãozinho, da prefeitura de Barra Bonita, com uma homenagem a Fiori Gigliotti, escrita pelo professor Rubens Fabricio.

"Milton Neves, segue em anexo o outro lado da história do Fiori Gigliotti, homenagem feita pelo professor Rubens Fabricio o professor (BI), onde ele fala sobre o Fiori. Gostaria que você se puder leia esta homenagem na Rádio Bandeirantes.
Um abraço e obrigado.
Joãozinho Prefeitura de Barra Bonita-SP"

ADMIRÁVEIS DO ONTEM. FIORI GIGLIOTTI
O OUTRO LADO DA HISTÓRIA
A fazenda Riachuelo ocupa a fronteira norte do município de Barra Bonita e a fronteira da terra roxa com os solos areníticos. É uma longa história. Os derramamentos basálticos foram recobertos por uma camada de areia soprada por ventos fortes em épocas anteriores a vegetação. Na terra roxa com seus fortes predicados minerais, árvores exuberantes deixavam-se admirar, enquanto as plantas menos nutridas do solo arenoso cobriam-se de outros atrativos. A paisagem era linda e contemplativa. A divergência da vegetação natural regava a beleza das espécies animais diferenciados. Nesse lugar de delícias, havia muitas flores, muitos animais e o entendimento entre eles. Da fazenda, maior altitude do município, divisava-se, após um tapete verde ou colorido, dependendo da estação do ano, um quase mar escorrendo plácido e contente ao lado de uma pequena cidade. As noites estreladas tinham mais cores, todos os dias eram lindos, as manhãs despertavam poesias e o entardecer agradecimentos.
Fiori nasceu nesse pedaço do paraíso meses antes da crise de 1929. Magrelo, ao entender-se por gente andava escondido só ou junto com amiguinhos pelas áreas próximas a casa dos pais, Ângelo e Rosália. Adorava apreciar, o riacho transparente, onde os peixinhos assustados procuravam se esconder no seio do cardume. O trenzinho o cumprimentava com apitos estridentes e lhe enviava compridos lençóis de fumaça, desenhos de fantasmas amigos. As charangas passavam roncando misturadas com as carroças na estrada poeirenta.
Protegido por seu cão, saboreava as guloseimas do pomar, excursionava pelo mangueirão, perseguiam as galinhas fujonas. Consumia a vida simples da roça. Gostava de jogar bola com os amiguinhos. Corria pra lá e pra cá perseguindo a redonda e vibrava com os momentos máximos dos gols. O gol se ampliava na vibração de seu grito de vitória. Não perdia as oportunidades das peladas. Mas nem tudo era alegria. O principal produto da fazenda perdeu as portas do mercado em razão da crise. A solução encontrada foi dispensar os empregados, dezenas de família não sabiam qual destino abraçar. À medida que os colonos iam sendo demitidos diminuía o número de crianças. Realizar peladas ia se tornando brincadeira cada vez mais rara. A Fiori não restava alternativa. Na casa sede da fazenda viu e ouviu pela primeira vez um rádio onde alguém narrava um jogo de bola. Sonhava. Jogava mentalmente e quando escondido narrava as jogadas em voz alta.
Devido ao esforço e ao conhecimento de marcenaria, Ângelo Gigliotti, foi mantido na fazenda, mas com os agravos da crise precisou buscar outro lugar para viver. Caçava serviço nas imediações... E nada! Onde houvesse o mínimo de possibilidade ele se fazia presente. E nada!
Fiori continuava fazendo grandes jogadas. As suas narrativas se tornavam cada vez mais coerentes, mais belas e mais sábias. O seu segredo dava fruto cada vez mais doce e o alimentava.
Lins abriu as portas para a família. Havia um misto de alegria e de tristeza. Sorrisos banhados com lágrimas. A oportunidade e os acenos do adeus.
No dia anterior da partida, Fiori percorreu cada pedaço do "seu quintal? e lhe confidenciou baixinho, confidências puras de crianças. "Um dia eu vou voltar?. Queria acariciar cada planta, cada animal, cada pedaço da paisagem. Olhou para o campinho das peladas e o enxergou nu. Chorava!
Lins! Nova paisagem, novos colegas, nova escola. A saudade foi escondida na solidão do quarto e na escuridão da noite.
Dedicava-se aos estudos e aprimorava seus conhecimentos descortinando páginas do saber em livros, revistas, jornais... Ouvindo rádios, fechando os olhos e abrindo a imaginação.
Órfão, ainda criança procurou serviços alternativos para ajudar a mãe, Rosália Palmezan Engraxava sapatos, fazia entregas, vendia bugigangas... Qualquer atividade o contentava desde que ganhasse alguns trocados. No tempo livre treinava no infantil do linense, tempos depois no juvenil, mas suas habilidades maiores estavam na narração das jogadas.
Conseguia mostrar a paisagem viva dos campos de futebol. Cantava as jogadas, o movimento dos jogadores a manifestação da torcida, dando acordes e entusiasmo a voz. A cada dia era mais Fiori.
O jovem aprimorou suas formas... Magro, estatura mediana, rosto aquilino, cabelos escuros, voz cativante, olhos castanhos, bigode sedutor. As moças seguiam seus passos demonstrando interesse.
Qualquer emprego servia. O dono do jornal Correio de Lins o socorreu, deu-lhe a tarefa das entregas. A dedicação o premiou com serviço na tipografia. Progressos rápidos! Visto por bons olhos passou a redigir uma coluna sobre esportes. A aceitação o fazia transbordar de entusiasmo. Seus sonhos eram outros.
O proprietário do jornal também dono da Lins Rádio Clube, encantado com o trabalho de Fiori o contratou como aprendiz.
Sentia-se feliz, mas não completo. Ramos Antunes o apoiou. Juntos criaram o programa "A Marcha do Esporte?. O talento e o esforço conquistavam audiência. Conquistava corações com interesses no locutor. Fiori sentiu-se atraído por uma professora que o presenteou com um filho. Marcelo. Cara e retrato do pai. O romance não os levou ao altar, mas a popularidade o levou a sua primeira narrativa futebolística. Linense e São Paulo de Araçatuba. A turma gostou! Virou comentário no decorrer da semana. Os elogios não cabiam na caixa dos sentimentos, mas teimava em melhorar. Lia mais do que nunca, ouvia a narração dos jogos dos principais locutores da época como se tivesse que ser sabatinado. Estudava.
A sua liderança começava a se manifestar, mas ainda precisava subir muitos degraus. No inicio da década de 50 conseguiu um espaço na Rádio Bandeirantes. Esmerava-se e lutava. Criava bordões chamativos, cicatrizes indeléveis na narração das partidas. O Brasil se submetia a sua criatividade. Daí para frente sua maior preocupação era dar tempero a massa. Na mente dos ouvintes, desenhava momentos mágicos que ultrapassavam a trajetória do tempo onde o ontem e o amanhã se confundiam. Vencera! Títulos de cidadania as dezenas, homenagens e mais homenagens! Como todos sabem, ele colecionou vitórias, poucos, no entanto, conhecem o outro lado da história.
No programa "Cantinho da Saudade?, a voz e a criatividade narrativa arrancavam lágrimas. O improviso falava alto e se estabelecia. Fiori adorava espalhar essas mensagens de resgate, onde valorizava os feitos e seus donos.
Já locutor esportivo consagrado a Bandeirantes lhe permitiu mostrar o seu talento poético em "Quando fala o coração?. Os tempos de criança voltaram com cores adultas e sabores adocicados. O auditório vibrava!
... "minha solidão é uma oração silenciosa?.
... "quero uma companheira para desfrutar a lua?.
... "o peixinho se esconde no seio do cardume?...
Adelaide aplaudia, gritava, repetia os versos e lhe jogava palavras de incentivo. Fiori era mais que a "flor-de-lis?, era o jardim encantando os corações.
"Te amei na imagem que ficou em mim?.
"Parece loucura, mas às vezes me ausento para estar presente?.
Adelaide, pele clara, cabelos escuros, olhar inocente, rosto bem feito, corpo chamativo ocupava as primeiras fileiras do auditório. Na realidade gostaria de estar no palco. Fiori lia suas intenções e caprichou.
"É difícil entender... A vida sofre pra viver, enquanto você amor, não vem.?
Na saída do teatro Adelaide e a irmã ganharam bombons e palavras galanteadoras.
Naquela noite os pensamentos se visitaram. As dúvidas persistiam dos dois lados.
"Irei vê-la novamente??  " Será que ele gostou de mim??
Adelaide não se despregava da irmã, no outro programa lá estavam como a melhor rima dos poemas de Fiori. Na saída ele as levou até o ponto de ônibus e jogou seu maior charme, vestiu-se com a poesia de si próprio. Amor puro, dedicado e responsável. Fiori queria proteger os sentimentos, a beleza e a inocência de Adelaide. Ela o queria fazer feliz. Casaram! A vida parecia uma miragem.
Enquanto narrava às partidas sentia saudades; ao se ausentar, sentia saudades; ao voltar para os braços de Adelaide sentia ansiedade. No seu eterno romantismo a presenteava com flores, com bombons e com beijos. Queriam um filho e ele chegou. Filho do coração. Marco da esperança e do amor. Deram-lhe o nome de Marcos. Agora havia mais espaço pra saudades. Havia Adelaide Marcelo e Marcos... Os três representavam os seguimentos das suas conquistas sem fronteiras.
Suas vitórias continuavam, cresciam, o faziam maior dentro de si mesmo. As suas narrativas dos jogos faziam o ouvinte sentir-se criança ouvindo a mesma história diferente com personagens diferentes.
Fiori ainda menino perseguia com seu cão um sonho... Espalhar sonhos. Fazer sonhar... E sempre acreditar num final feliz.
Texto de autoria Prof. Rubens Aparecido Fabrício (Bi)
Abaixo, a certidão de nascimento de Fiori Gigliotti

 
 
Abaixo, confira a entrevista de Fiori Gigliotti ao jornalista Vagner Lima:
 
 
Confira a matéria que o Portal Terceiro Tempo fez no dia 10 de novembro de 2015:
 
"Lembranças dos jogos do saudoso time dos "Milionários" e das viagens do Escrete do Rádio de Fiori Gigliotti"
 

Confira abaixo belíssimas fotos do arquivo do internauta João Tomaz. Entre elas, imagens emocionantes do saudoso time dos Milionários, com Ademir da Guia, Dudu, Lima, Paraná e cia., e também de viagens do Escrete do Rádio, de Fiori Gigliotti, pelo interior.

Fotos do acervo de João Tomaz.

Clique aqui e veja todas as fotos!

Abaixo, relembre a linda homenagem de Fiori a Milton Neves, em 2004:

 

No vídeo abaixo, confira um resumo do duelo entre Santos e Palmeiras, em 1959, que garantiu ao Verdão o histórico título paulista daquela temporada, que consagrou Romeiro, Julinho Botelho e Oswaldo Brandão. A narração é de Fiori Gigliotti:

 


No player abaixo, ouça a narração de Fiori Gigliotti do pênalti perdido por Garrincha no clássico entre Corinthians e Palmeiras em 1966. Valdir Joaquim de Moraes praticou a defesa e José Paulo de Andrade era o repórter:

 

ABAIXO, ENTREVISTA DE FIORI GIGLIOTTI PARA BORIS CASOY NA TV RECORD, EM 20/02/2000, NO PROGRAMA "PASSANDO A LIMPO"

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