Enzo Bearzot

Ex-treinador da Itália, campeã em 82

por Diogo Miloni

Poucos treinadores conseguem conquistar uma Copa do Mundo. Enzo Bearzot participa deste seleto grupo. Nascido no dia 26 de setembro de 1927, na pequena cidade de Ajello del Friuli, no norte da Itália, foi o comandante da Azurra no título mundial de 1982, na Espanha. Em 21 de dezembro de 2010, aos 83 anos, morreu enquanto dormia em seu apartamento na cidade de Milão.

Começou sua carreira no futebol em 1946, quando atuava dentro de campo. Um zagueiro modesto, Enzo teve passagens por Catania, Torino e Inter de Milão, até que aos 37 anos resolveu pendurar as chuteiras e partir para um novo desafio, ser treinador.

Sua primeira experiência no comando de um time foi com o Prato, equipe que na época estava na série C do campeonato nacional.

Logo começou a brilhar a estrela de Bearzot, em 1973, foi convidado para assumir o time sub-23 da Itália, e consequentemente  ser assistente do renomado treinador Ferruccio Valcareggi na equipe principal.

Na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, a Seleção Italiana fez uma campanha pífia e foi eliminada na primeira fase, após uma derrota para a Polônia.

Três anos após o vexame, Enzo Bearzot recebeu o convite para substituir Valcareggi na seleção principal, onde ficaria por 104 partidas. Em pouco tempo, o treinador mostrou seu estilo de jogo.

Mantendo o sistema defensivo forte, marca do futebol italiano, e apostando em um meio-campo leve e de toque de bola, a Azurra fez sucesso e conseguiu um ótimo quarto lugar na Copa do Mundo de 1978, na Argentina.

Porém, o casamento entre Bearzot e a torcida sofreu uma crise. Em 1980, a Itália foi sede da Eurocopa, a copa do mundo do continente europeu, e não foi bem.

Após tropeços na primeira fase, a Azurra perdeu nos pênaltis para a Tchecoslováquia e amargou mais uma quarta posição.

Desacreditado, o comandante levou sua equipe para a Copa da Espanha, em 1982, e parecia que o mau momento dos italianos perduraria. Na primeira fase da competição, três empates e uma classificação sofrida para as oitavas de final.

Entretanto, a imprensa italiana não perdoou Bearzot, e as críticas o levaram a estipular a lei do silencio para seus jogadores. Assim, o treinador imaginava blindar o time das declarações e da pressão externa.

Deu certo. Logo de cara, os italianos enfrentaram a Seleção Argentina, atuais campeões, e venceram com o placar de 2 a 1.

Empolgados com a boa exibição diante dos sul-americanos, os atletas entraram em campo muito motivados para a partida de quartas de final. O adversário seria o mágico time brasileiro, uma seleção que jogava bonito e encantava o planeta com sua ofensividade e talento.

Pintou-se um cenário de que aquele seria um grande jogo. E foi. Os italianos começaram melhor a partida, apostando na forte marcação sem dar espaços para os gênios tupiniquins armarem o jogo. Aos cinco minutos do primeiro tempo, cruzamento na área brasileira e Paolo Rossi marca o primeiro para a Azurra.

Não demorou para os "canarinhos? se encontrarem em campo, e com uma linda tabela no meio-campo, Zico deixou Sócrates cara-a-cara com Zoff. Gol do Brasil.

Porém, em um erro de passe, Rossi roubou a bola e ficou livre para marcar o segundo tento italiano. O jogo foi para o intervalo com a vitória parcial dos comandados de Bearzot.

Na segunda etapa, a Seleção Brasileira voltou melhor, e parecia que a virada aconteceria naturalmente. Aos 22 minutos, Falcão acertou um verdadeiro petardo e fez um belíssimo gol, 2 a 2.

Mas era dia de Paolo Rossi. O oportunista atacante aproveitou falha da zaga brasileira e fez mais um, acabando com as esperanças do tetracampeonato verde e amarelo.

A partida ficou conhecida como "A Tragédia do Sarriá?, nome do estádio espanhol, e Enzo Bearzot tornou-se um "carrasco? da história do Brasil nas Copas.

Depois da emocionante vitória, a Azurra venceu a Polônia na semifinal e classificou-se para enfrentar a forte Seleção Alemã, na decisão do torneio.

Contra os alemães, um sonoro 3 a 1, e todas as críticas recebidas pelo treinador viraram elogios e agradecimentos. Enzo Bearzot, um zagueiro mediano, tornou-se um treinador campeão do mundo.

Após o título, o comandante ainda treinou a equipe na Eurocopa de 1984, e na Copa do Mundo de 1986. Pelo campeonato mundiao, após ser eliminado pela França, nas oitavas, Bearzot se despediu do comando da Azurra.

Em 2002, depois de um longo período afastado do futebol, Enzo foi convidado para ser diretor da Federação Italiana de Futebol, onde ficou até 2004, quando se afastou permanentemente do esporte que tanto lhe deu alegrias para cuidar de sua saúde.

Foto: iG/AFP

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