Benedito Ruy Barbosa

Jornalista, publicitário e dramaturgo
por Marcelo Rozenberg e Milton Neves/colaborou Rogério Micheletti
 
Nascido na paulista Gália em 17 de abril de 1931, o jornalista, publicitário e dramaturgo Benedito Ruy Barbosa tornou-se um dos homens mais conhecidos da televisão brasileira. Poucos sabem que sua carreira efetivamente começou após passar em um concurso para revisor no jornal "O Estado de S.Paulo".

Não demorou a ingressar na editoria de Esportes do periódico. A relação com o então garoto Pelé propiciou que escrevesse o livro "Eu sou Pelé", no final da década de 1950.

Chegou à dramaturgia com a peça "Fogo Frio", dirigida por Augusto Boal. Estreou no segmento de telenovelas em 1966 com "Somos Todos Irmãos" e "O Anjo e o Vagabundo".

Atualmente, Benedito é conhecido por abordar temas rurais em suas criações. Entre as mais famosas estão "Pantanal", na Rede Manchete (em 1990), "Renascer", "O Rei do Gado" e "Terra Nostra", na Rede Globo, e "Os Imigrantes", na Rede Bandeirantes. Isso só para citar algumas das importantes obras do dramaturgo.
 
Matéria especial no Portal Terceiro Tempo:
 
Por ocasião dos 89 anos completados por Benedito Ruy Barbosa, o Portal Terceiro Tempo publicou uma matéria especial, assinada pelo jornalista Marcos Júnior Micheletti, que você pode conferir na íntegra clicando aqui.

Benedito em Minas:

Na galeria de fotos do genial Benedito Ruy Barbosa você confere várias imagens dele colhidas em... Muzambinho!!! Sim, um ano antes de escrever sua épica novela "O Rei do Gado", ele passou 15 dias hospedado na casa do jornalista Milton Neves, naquela pequena cidade mineira. Dali, na segunda metade dos anos 90, conduzido pelo irmão de Milton Neves, Homero Neves, Benedito não apenas conviveu com dezenas de maravilhados (antes, incrédulos) muzambinhenses, como também visitou dez fazendas das cidades de Areado, Monte Belo, Alfenas, Guaxupé, Nova Rezende, Tapiratiba, Caconde, Cabo Verde e Botelhos.

Ele procurava locações para sua novela e acabou optando pela fazenda do mega-empresário Olavo Barbosa, de Guaxupé (MG). Ali, o saudoso Raul Cortez, na pele do coronel Berdinazzi, gravou 60% de suas cenas e de seus capítulos. E Guaxupé guarda este fato como um dos momentos mais importantes de sua história.

Mais sobre o dramaturgo:

Benedito Ruy Barbosa, que alterna seus dias vivendo numa mansão do Morumbi, em São Paulo, e em seu maravilhoso sítio "BRB", em Itu (SP), é pai de quatro filhos (Ruizinho, outro irmão e duas irmãs, ambas escritoras também) e avô de seis netos.

São-paulino doente, Benedito marcou época também no jornalismo esportivo do saudoso jornal "Última Hora". Ao lado de Joelmir Beting, Clóvis Rossi, Boris Casoy, José Paulo de Andrade, Joseval Peixoto, Nélson Rodrigues, Armando Nogueira e outros cobras do jornalismo de nosso país, entrou para o mundo da comunicação brasileira pelas portas do jornalismo esportivo. Uma honra para todo cronista esportivo da atualidade!

Família, filhos e netos:
 
Edmara Barbosa - filha mais velha, escritora, mãe de três dos netos: Rafael, Bruno e Maíra.
Edilene Barbosa - a segunda filha, também escritora e assistente de Benedito, mãe de três netos: Marcos, Paula e Fernanda.
Ruy Maurício Barbosa - publicitário e pai de Felipe.
Marcelo Barbosa - o caçula. Músico, responsável pelas trilhas sonoras das novelas de Benedito desde "O Rei do Gado". Ele é pai de Gabriel, Guilherme e Renata.

Em 27 de maio de 2013, Sidnei Dal Rovere contou porque Benedito Ruy Barbosa apelidou Éder Jofre, como "Galo de Ouro"


Quem apelidou Éder Jofre de Galo de Ouro? Por Sidnei Dal Rovere

Antes do brasileiro Eder Jofre conquistar o título mundial dos pesos galo em 18 de novembro de 1960 nocauteando o mexicano Eloy Sanchez no Olympic Auditorium de Los Angeles, EUA, realizou uma luta eliminatória que foi decisiva para a disputa do título mundial.

A eliminatória foi contra outro mexicano, Joe Medel, e foi a luta mais difícil na carreira do "Galo de Ouro" até então. Eder Jofre esteve nos calcanhares, prestes a cair e seus socos potentes foram decisivos para conquistar a vitória frente ao experimentado e ótimo boxeador Joe Medel.

Em 1962 Eder Jofre concedeu a revanche para Joe Medel, mas valendo o título mundial que pertencia ao brasileiro, a luta foi realizada no Ginásio Ibirapuera em São Paulo, o público lotou o ginásio, muitos ficaram do lado de fora porque não havia mais ingressos a venda.

Esse evento foi recorde de bilheteria em eventos esportivos no Estado de São Paulo, somente dois anos depois em um jogo entre o S.C.Corinthians Pta. vs S.E.Palmeiras no estádio do Pacaembu é que foi batido o recorde de bilheteria desta luta.

A revanche entre o campeão mundial Eder Jofre e o desafiante Joe Medel fez o público presente ao espetáculo vibrar com o Galo que mandou Medel definitivamente para a lona no sexto round.

Os presentes ao evento puderam assistir o "Galo de Ouro" manter seu título mundial de forma marcante e a outros excelentes boxeadores brasileiros, na primeira luta do programa a vitória do meio-médio Jorge Sacoman frente Rodolfo Moyano, na segunda luta do programa a vitória do peso médio Abraão de Souza sobre  Miguel Aguero, na terceira luta desse programa o peso pena Oripes dos Santos conquistou o título sul-americano do argentino Ricardo Gonzales e na luta semi final tivemos outra conquista de título sul-americano, na categoria de peso leve, Sebastião Nascimento arrebatou o título do argentino Jaime Giné. O Brasil fez barba, cabelo e bigode no boxe.

O boxe brasileiro brilhava no cenário mundial com Eder Jofre, brilhava no cenário sul-americano, brilhava com as programações e com tantos boxeadores disputando uma ascensão no profissionalismo. Tínhamos revistas de boxe mensais como, a "Nocaute", está anexado a capa da primeira edição dessa revista e a página central que destaca a luta de Eder Jofre vs Joe Medel e a programação do evento.

Esta página central foi comentada, está assinada, por Benedito Ruy Barbosa, isso mesmo, o autor de novelas, Benedito Ruy Barbosa.

Eder Jofre o "Galo de Ouro", quem é que colocou "Galo de Ouro" ao melhor peso galo da história do boxe mundial de todos os tempos?
Resposta: Benedito Ruy Barbosa.
Estaremos contando fatos e histórias do boxe brasileiro sem ordem cronológica, mas de momentos e pessoas importantes da nossa história.

ABAIXO, BENEDITO RUY BARBOSA COMO CONVIDADO DO PROGRAMA "PERSONA EM FOCO", EXIBIDO PELA TV CULTURA DE SÃO PAULO EM 3 DE AGOSTO DE 2015
 
 
 
Em 30 de maio de 2017, Flávio Ricco, em seu blog no UOL, antecipou algumas declarações que Benedito Ruy Barbosa deu ao programa "Donos da História", do Canal Viva, com exibição marcada para o dia 3 de junho. 
 
Veja, abaixo, na íntegra, a publicação na coluna de Flávio Ricco.
 

"Tem diretor que estraga novela", diz Benedito Ruy Barbosa

Flávio Ricco

Colunista do UOL*

Benedito Ruy Barbosa será o convidado da série “Donos da História”, neste domingo, às 18h30, no Viva. A sua entrevista é considerada internamente uma das melhores do programa.

Responsável por inúmeros sucessos do gênero em diferentes emissoras de TV, Benedito, como sempre, é muito transparente nas suas colocações e chega a declarar em determinado momento que “tem diretor que estraga a novela”.

Segundo ele, os problemas entre aquele que escreve e quem dirige são sempre muito comuns:

“Sempre, porque o diretor é o homem que lida com o elenco, que lida com o seu texto. Se ele tiver uma boa leitura daquilo que você escreve, você está sossegado. Se ele não tiver, você está roubado! Tem diretor que estraga a novela. Isso, estamos falando aqui, sem citar [nomes], porque não há quem citar. Nenhum diretor estragou novela minha, graças a Deus! Mas o Luiz Fernando Carvalho [diretor dispensado pela Globo, após `Velho Chico´ ele acrescenta”.

Benedito também revela que se emociona durante o desenvolvimento de seus folhetins:

“Costumo dizer que, quando estou escrevendo uma novela, ou roteiro de cinema, seja o que for, me comovo no computador, antes, na máquina de escrever. Se eu me comovo, nunca prendi lágrima nem riso. O riso e o pranto fazem parte da vida da gente”.

E conclui:

“Mas sempre digo que quando choro escrevendo uma cena, por já imaginar a cena sendo feita, imagina os atores falando o meu texto? O ator chora quando recebe o texto e vai decorar. E o público chora em casa quando vê. Então, não sou eu que sou emotivo, não. Nós somos, todos. Dependendo do que acontece na frente da gente”.

Atualmente, o autor trabalho na sinopse da novela “O Último Beijo”, para a faixa das sete da noite.

*Colaboração de José Carlos Nery 

ABAIXO, TEXTO DE CAIRBAR DE SOUZA SOBRRE A PRESENÇA DE BENEDITO RUY BARBOSA EM MUZAMBINHO, NA ÉPOCA DA GRAVAÇÃO DA NOVELA "O REI DO GADO", EM 1994

Por Cairbar Alves de Souza

OLAVO BARBOSA - 4ª Crônica I

Dando continuidade ao programado, vamos reproduzir mais uma crônica da vida vitoriosa de OLAVO.

A visita de Benedito Rui Barbosa.

Em um sábado pela manhã do ano de 1994, o colunista recebeu nas instalações da Exportadora a visita do renomado escritor Benedito Rui Barbosa (foto). Olavo tinha compromissos e, por isso, incumbiu-o de recepcionar o escritor.

Ali pelas 09h00 chegaram o escritor acompanhado do radialista muzambinhense Milton Neves, que veio com seu irmão Homero. Tive o prazer de correr com os visitantes todas as instalações do escritório e armazéns da Exportadora. Os visitantes ficaram impressionados com o que viram: todos os procedimentos de beneficiamento do café e as instalações dos armazéns.

Como Olavo tinha um compromisso anteriormente marcado, apenas à tarde iria encontrar os visitantes já na Fazenda São José, nos cafezais e na parte de beneficiamento do leite, que à época eram extraídos cerca de 50 mil litros de leite A.

Depois da visita às instalações, fomos os quatro almoçar no Restaurante Gaveah, do primo do colunista, já falecido, José Maria, o Garrincha, no hotel onde está instalado hoje o Marambaia.

Depois do almoço, fomos direito para a Fazenda São José, onde, por volta das três horas da tarde, encontramos o Olavo já nas instalações do beneficiamento do leite, depois de visitar os cafezais.

Àquela época, não sei se prevalece ainda hoje, mas os visitantes eram fotografados e escreviam suas impressões sobre o local, em um livro denominado “livro de ouro”. Foi quando o Benedito começou a chorar copiosamente. Todos ficaram em silêncio e atônitos com a inusitada situação. Depois de muito chorar, o escritor pediu desculpas pelo acontecido e justificou o choro. Disse ele: "Fiquei extremamente emocionado, porque jamais pensei que no Brasil pudesse existir um complexo como este, que nós não vemos até no exterior", de produção de leite A. Via-se que a emoção tomou conta daquele local. Aí começou uma amizade duradoura entre Olavo e o escritor, advinda daí a inspiração para as filmagens da famosa novela O Rei do Gado, um dos maiores sucessos que a Rede Globo obteve nessa área de produção, tanto que recentemente foi reproduzida na série Vale a pena ver de novo, também com o mesmo êxito.

Inspirado no personagem marcante de Olavo, o drama transcorreu repleto de emoções. As filmagens se deram nos armazéns de café da Exportadora, nos cafezais das fazendas e na área de beneficiamento do leite A.
Os dois, agora amigos, se falavam constantemente.

Durante as filmagens, a Rede Globo, que só pensa em lucro, obrigou o escritor a fazer merchandising também do leite B, quando apareceu uma Cooperativa de Leite B, à revelia do escritor, que não desejava fazê-lo. O escritor impôs então à Globo: far-se-ia a propaganda do leite B, mas a partir daí iria aparecer o logotipo da marca do leite A e do café da Exportadora em todas as filmagens e de graça para o Olavo. E isto foi feito. Tal fato, como não poderia deixar de ser, resultou em um lucro fabuloso para o leite A, já que a produção passou a não dar conta do mercado consumidor de São Paulo e do Brasil, tal a procura pelo mais famoso leite A do Brasil.

Durante a visita do escritor, propus-lhe o que ainda não havia sido feito e nem sei se será. Pedi-lhe que escrevesse um romance sobre o café, nos moldes que o famoso escritor baiano Jorge Amado fez com o cacau, produto que nunca chegou a competir com o café brasileiro. E o sucesso, não apenas em livro, como Gabriela, Cravo e Canela modificou toda a sistemática das novelas do Brasil e da rede Globo, que a lançou em 1975. Ninguém esquece a performance de Sônia Braga e os demais componentes da novela.

Foi dado um mote para o escritor: àqueles dias, houve um desastre de avião em Guaxupé, quando o conhecido e hábil instrutor Gabriel Arcanjo Baise, o Bié Baise, muito amigo do Olavo, havia falecido em companhia de um aluno, filho de uma família de fazendeiros de café. O jovem que faleceu no desastre tinha uma namorada que, por ocasião da morte dele, encontrava-se grávida, esperando um filho do jovem. O motivo, como se observa, era bastante interessante e daria um romance de realce para a área do café, como aquele do Jorge Amado fez para o cacau.

Continuamos na expectativa de que alguém se inspire e faça um livro/romance sobre o café, que tanta importância possui na história da rubiácea, que tanto influiu e ainda influi no mercado do agronegócio brasileiro, sendo um dos principais produtos de consumo no Brasil e no mundo. 
Se algum outro escritor quiser, faça-o e prestará enorme contribuição ao café e à cultura do Brasil.

Cora Coralina, a poeta goiana, assim registrou no seu poema Visitas, o hábito de servir café, no começo do século 20:

"Chegavam visitantes à fazenda.
As notícias... novidades, assunto da terra,
Gados, criação, preços, mercado de Goiás, safra,
roça, paióis, doença.
Corríamos a fazer café, oferta de praxe.
depois, aquelas conversas infindáveis, invariáveis,
coisas da lavoura. Previsão de colheitas, situação das roças,
produção dos engenhos, doenças.
Cobras também eram assunto".

Até logo, à quinta crônica!

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