Ele guarda com muito carinho, fotos, troféus, recortes de jornais e muitas histórias com a craque

Ele guarda com muito carinho, fotos, troféus, recortes de jornais e muitas histórias com a craque

Por Lili Lima

José Júlio de Freitas, 76 anos, o “Tota”, não esconde o orgulho que tem de ter participado dos primeiros passos da Marta no futebol feminino.

Ele guarda com muito carinho, fotos, troféus, recortes de jornais e muitas histórias com a craque.

Dentre algumas dessas histórias, ele cita algumas das dificuldades que teve no início para poder colocar Marta para jogar, simplesmente por ela ser mulher.

Seu Tota conta que Marta aos 12 anos foi com os meninos participar da Copa AABB em Santana do Ipanema (AL) e chegando lá, um dos professores disse que ela não jogaria, que era proibido mulheres jogarem com homens, que era a lei.

Ele então retrucou dizendo que se permitiram a inscrição ela iria jogar, caso contrário retiraria o time.

Assim, sem mais argumentos e contragosto de muitos, Marta jogou e o time foi campeão.

Já em outro episódio na cidade de Jacaré dos Homens (AL), a torcida sugeria que deveriam retirar a roupa dela para provar que ela era menina e não podia jogar entre os meninos.

Não foi fácil passar por tudo que Marta passou para chegar onde chegou. Foram diversos momentos de constrangimento.

Seu Tota também fala do reconhecimento que Marta sempre tem por ele e sobre a projeção nacional e internacional que Dois Riachos e Alagoas conquistaram através dela…

"Marta sempre fala no meu nome, sempre me homenageia. Ela me jogou no mundo. Sou conhecido no mundo inteiro. É um grande prêmio que eu tenho. Com ela, também levou o nome da cidade para o mundo inteiro e isso deixou um registro de Alagoas e de uma cidadezinha chamada Dois Riachos, desta cidade para o mundo saiu a Marta. Seis vezes, a melhor jogadora de futebol do mundo. É um orgulho!".

Perguntado sobre algumas frustrações no futebol ou algum sonho que ele ainda tenha a realizar, seu Tota lamenta a falta de investimento no futebol feminino no país e revela um sonho que ainda deseja que se torne uma realidade...

"Eu sonho em conhecer diversos países ainda, através do futebol. Eu sonho em assistir um jogo na cabine de um país por aí, ao lado da Marta. Ela ainda não fez isso comigo, no dia que fizer, eu vou."

Enquanto não realiza seu sonho, seu Tota segue sua vida humilde em Dois Riachos (AL), acompanhando os passos de Marta e o desenvolvimento do futebol feminino, além de continuar treinando um time mirim masculino da cidade.

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