Ninguém é obrigado a torcer pela seleção brasileira. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Ninguém é obrigado a torcer pela seleção brasileira. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Confesso que já chorei inúmeras vezes por futebol. Em quase todas essas oportunidades, pelo meu time do coração - em vitórias ou derrotas. Pela seleção, apenas uma vez, após o revés para a França na final da Copa de 1998. 

É que, geralmente, o Mundial mais marcante e mágico na vida de uma pessoa se dá quando ela tem aproximadamente uns 10 anos. E eu estava para completar uma década de vida no final dos anos 1990 quando ajudei a pintar a rua de verde e amarelo, colecionei as figurinhas da competição - decorando os nomes dos jogadores até da Iugoslávia -, fiquei nervoso a ponto de ter dor de barriga na semifinal contra a Holanda e os dois gols de Zidane ainda no primeiro tempo da final foram como duas punhaladas no meu jovem e esperançoso peito. Nem consegui assistir à etapa complementar de tão arrasado que fiquei. 

Na Copa seguinte, após a conquista contra a Alemanha, durante a comemoração repleta de foguetes, música e pessoas completamente embriagadas na av. Conselheiro Carrão, a principal do meu bairro - foi a primeira vez que vi uma senhora desnuda, já que uma moça decidiu fazer striptease dentro de um ônibus -, me perguntei diversas vezes: por que a minha alegria hoje é menor do que a minha frustração na Copa passada? E até hoje eu não sei o motivo. 

Mas sei que, desde então, o meu interesse pela seleção brasileira foi diminuindo a cada ano. Ao passo que o sentimento pelo meu time de coração, inexplicavelmente, continuou e continua aumentando - infelizmente, porque eu não aguento mais sofrer - a cada temporada. 

Bem, por isso tudo, tenho acompanhado à distância essa briguinha bem boba envolvendo aqueles que vão torcer contra ou a favor da seleção brasileira na final da Copa América. Ué, cada torce por quem bem entender. E, como o futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes, como muito bem ensinou o italiano Arrigo Sacchi, isso passa longe de ser um “ato antipatriótico” como alguns pregam nas redes sociais. Tem muita gente por aí usando a camisa amarelinha e fazendo coisa muito pior ao país do que quem simplesmente vai torcer pela Argentina amanhã. 

Bem, eu não torço contra o escrete canarinho. Até prefiro que ganhe. Mas também não faço tanta questão assim… Tanto que, para mim, vale mais ver meu time campeão de uma Copa São Paulo de Futebol Júnior do que a seleção campeã do mundo. E isso não me faz mais ou menos brasileiro do que ninguém. 

 

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