Estar no lugar certo na hora certa é algo relevante no esporte, inclusive no automobilismo.
Nesta matéria especial de nossa seção "Olhos no retrovisor", selecionamos seis pilotos que, juntos, venceram nada menos que 73 GPs.
São eles: Stirling Moss (16); David Coulthard (13); Carlos Reutemann (12); Rubens Barrichello (11); Felipe Massa (11) e Ronnie Peterson (10).
Por razões das mais diversas, justamente por às vezes não terem estado no lugar certo e hora certa, acabaram não sendo campeões.
Fizemos um breve resumo das carreiras de cada um deles e, para nos ajudar a "destrinchar" estas histórias, ouvimos a opinião de jornalistas especializados, intimamente ligados à Fórmula 1: Claudio Carsughi, Castilho de Andrade, Flavio Gomes, Fred Sabino, Wagner Gonzalez (o Beegola), Rodrigo Mattar, Lucas Santochi e Priscila Cestari.
O saudoso piloto britânico (1929-2020) é o maior vencedor de corridas na F1 sem ter conseguido ser campeão. Ele subiu 16 vezes ao topo do pódio e foi quatro vezes vice-campeão, consecutivamente, entre 1955 e 1958.
Apenas para citar alguns exemplos, Moss ganhou mais corridas que o tricampeão Graham Hill, o tricampeão Jack Brabham e o bicampeão Emerson Fittipaldi. Todos estes venceram 14 GPs cada.
Verdade seja dita, a concorrência enfrentada por Stirling Crawford Moss durante o período em que competiu na F1 foi duríssima, enfrentando o pentacampeão Juan Manuel Fangio, o tricampeão Jack Brabham e o bicampeão Alberto Ascari, entre outros.
OPINIÃO DE CLAUDIO CARSUGHI SOBRE STIRLING MOSS
O jornalista e engenheiro Claudio Carsughi, atualmente comandando seu site pessoal, o "Portal Carsughi", que versa sobre automobilismo e indústria automobilística, com passagens marcantes por diversos veículos de comunicação, entre eles a "Revista Quatro Rodas", "Rádio Jovem Pan-AM" e "SporTV", principal comentarista brasileiro de Fórmula 1, e uma das maiores referências mundiais no segmento (ele acompanha a categoria desde seu início, em 1950), fez uma avaliação bastante positiva sobre a carreira de Stirling Moss.
"À frente de Stirling Moss, entre os britânicos, quem sabe, apenas Jim Clark. E, talvez no mesmo nível, nós tenhamos o Jackie Stewart e o Lewis Hamilton. Do Stirling Moss eu me lembro do início de carreira realmente entusiasmante, até o seu acidente. Daí para frente, claro, ele não teve o mesmo rendimento, mas ele se sobressaiu tanto em provas de pista quanto em provas de rua, como a Mille Miglia (1955) que ele ganhou e apresentou sempre um excelente rendimento. Talvez ele tenha tido, entre aspas, o azar de viver a mesma temporada de Fangio, então aquela imbatível equipe da Mercedes, de Fangio-Moss, não lhe deu a possibilidade de ter os lauréis que ele teria merecido. Não tivesse existido o Fangio naquele momento, provavelmente ele teria um álbum de ouro de recordes ainda maiores. Mas, sem dúvida ele foi um dos melhores pilotos que eu já vi", disse Carsughi ao Portal Terceiro Tempo.
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Britânico como Stirling Moss, mas natural da Escócia, David Couthard, atualmente com 54 anos, é o segundo maior vencedor da Fórmula 1 sem ter conseguido um único título. Coulthard ganhou 13 GPs, mesmo número conseguido pelo italiano Alberto Ascari, que foi bicampeão da categoria (1952 e 1953).
O mais próximo que Coulthard chegou de um título na F1 foi em 2001, quando foi o vice-campeão. Porém, apesar do feito, ele não conseguiu fazer frente a Michael Schumacher, que arrebatou o campeonato com facilidade. O alemão, com a Ferrari, terminou a temporada com 123 pontos, enquanto Coulthard marcou 65, competindo pela McLaren.
De qualquer forma, Coulthard, atualmente com 54 anos, subiu mais vezes ao topo do pódio do que vários campeões, entre eles o norte-americano Mario Andretti (campeão em 1978), o australiano Alan Jones (campeão em 1980) e o canadense Jacques Villeneuve (campeão em 1997), todos com 12 vitórias, uma a menos que Coulthard.
OPINIÃO DE FLAVIO GOMES SOBRE COULTHARD
O jornalista Flavio Gomes, profissional entre os mais experientes no meio do automobilismo, com vários livros publicados, criador da "Agência Warm-Up" em 1994, que em 2000 tornou-se o site "Grande Prêmio", referência no segmento do esporte a motor, deu sua opinião sobre vários pilotos que venceram muitos GPs na Fórmula 1 mas não conseguiram ser campeões, a começar por David Coulthard.
"Coulthard tem um currículo respeitável. São 13 vitórias, 62 pódios, números melhores do que alguns campeões mundiais como Jacques Villeneuve, Alan Jones, Mario Andretti, James Hunt e Jody Scheckter. Como muitos de sua geração, porém, deu o azar de cumprir sua trajetória na F-1 como contemporâneo de Michael Schumacher. No ano em que foi vice-campeão, 2001, fez pouco mais do que a metade dos pontos do alemão. É da vida. E quando teve chance de lutar pelo título num time campeão, a McLaren do final dos anos 90, foi derrotado por alguém mais efetivo que ele, Mika Hakkinen. E a chegada à F-1 foi dura, também. Garoto, assumiu o carro de Ayrton Senna numa Williams traumatizada. Tem uma bela carreira, mesmo assim. Sempre foi um piloto digno, leal, bom perdedor. Um sujeito respeitado por todos. E importante no início do projeto da Red Bull. Nunca ganhou um título. Mas se tivesse conseguido, ninguém contestaria", ponderou Flavinho ao Portal Terceiro Tempo.
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Um dos mais brilhantes pilotos de sua geração, o saudoso argentino Carlos Reutemann (1942-2021) foi outro que passou de uma dezena de vitórias na F1 (venceu 12 GPs) e não conseguiu vencer um campeonato.
Ainda assim, honrou a tradição argentina no automobilismo, país que teve o primeiro pentacampeão, o também saudoso Juan Manuel Fangio (1911-1995). Em número de vitórias, Fangio teve exatamente o dobro de triunfos em relação a Reutemann (24), cujo apelido era "Lole".
Foi em 1981 que Reutemann esteve mais próximo de ser campeão. Então competindo pela Williams, ele rivalizou com Nelson Piquet (Brabham), que conquistou o primeiro de seus três campeonatos com 50 pontos, um a mais que o argentino.
Antes, em 1980, também na Williams, Reutemann travou uma luta inglória com seu companheiro de equipe, o australiano Alan Jones.
Frank Williams (1942-2021), chefe do time britânico, privilegiou Jones, que acabou se sagrando campeão. Reutemann foi o terceiro naquela temporada, também superado por Piquet, o vice-campeão.
No comparativo com dois campeões, Reutemann teve o mesmo números de vitórias de dois deles: Mario Andretti e Alan Jones, 12 cada. E ainda venceu mais corridas que dois outros campeões: Jacques Villeneuve (11) e James Hunt e Jodcy Scheckter, ambos com dez.
CURIOSIDADE
Rivais nas pistas, mas bons amigos, a história entre Reutemann e Piquet começara alguns anos antes, mais precisamente em 1974. Piquet, que dava seus primeiros passos no automobilismo nacional, arrumou um jeito de ficar nos boxes da Brabham durante o GP do Brasil daquele ano. Ele foi uma espécie de "faz tudo" nas instalações daquela que seria sua futura equipe na F1, limpando o carro e até o capacete de Reutemann...
OPINIÃO DE CASTILHO DE ANDRADE SOBRE REUTEMANN
O jornalista Castilho de Andrade, que começou a cobrir Fórmula 1 no início dos anos 70, e desde 2006 é o diretor de imprensa do Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1, convidado a dar seu parecer sobre o argentino Carlos Reutemann, relatou ótimas histórias do `Lole´, incluindo um pedido que recebeu dele para acompanhá-lo em 1972 ao edifício Andraus, na região central da capital paulista, que algumas semanas antes havia sido consumido por um terrível incêndio.
"O santafezino Carlos Alberto `Lole´ Reutemann (12/4/42 – 7/7/21) foi o maior piloto argentino da F1 pós-Fangio. Entre 1972 e 1982, `Lole´ disputou 146 corridas com 6 poles, 12 vitórias e 45 pódios. Em 1981, um ano de abandonar as pistas, perdeu o título para Nelson Piquet por apenas 1 ponto.
Nos anos 70, quando a F1 chegou ao Brasil, o casal sexy Mimicha e Carlos Reutemann era badalado na Europa, Argentina e Brasil.
Deixava-se fotografar nas piscinas e restaurantes e desfilava pelo paddock exibindo o tom bronzeado.
Em sua primeira vinda ao Brasil em 1972, `Lole´me pediu para acompanhá-lo até o edifício Andraus, na avenida São João. Algumas semanas antes, o prédio tinha sofrido um violento incêndio com 16 mortes e 345 feridos. Reutemann tinha ficado impressionado com as imagens da tevê e quis ver o local de perto. Quis saber detalhes do trabalho dos bombeiros e o impacto na cidade.
Na pista, correndo ao lado de Wilson Fittipaldi Jr e depois José Carlos Pace na Brabham, com Niki Lauda e Gilles Villeneuve na Ferrari, com Mario Andretti na Lotus, com Alan Jones na Williams (com quem teve uma relação conturbada), Reutemann foi sempre um piloto agressivo. Interlagos e Jacarepaguá que o digam. Depois de calar o autódromo paulistano em 1972, na corrida extracampeonato que homologou o circuito, cruzando a linha em primeiro lugar, Reutemann ainda venceria os GPs Brasil de F1 nos anos de 1977, 1978 e 1981.
O título perdido para Nelson Piquet em 1981 abalou o piloto argentino e antecipou sua saída da F1. Reutemann chegou a Las Vegas, última etapa da temporada, com 1 ponto de vantagem sobre Piquet e ainda cravou a pole. Mas, na corrida, acabou se dando mal, terminando em 8º, uma volta atrás do vencedor Alan Jones. Piquet, com a Brabham, foi o 5º, marcou dois pontos, e conquistou seu primeiro título.
Curiosamente, essa corrida transformou-se em tema de discussão, já anos 2020, quando surgiu a história de que Reutemann teria sido boicotado. O motivo é insólito: Piquet teria sido beneficiado pelo trabalho de um massagista que preparou o pescoço do piloto brasileiro para enfrentar a força G do circuito. E Reutemann, sem o auxílio de um bom quiropata, teria sofrido um forte desgaste ao longo da prova. Reutemann, consta, jamais comentou o assunto. Depois da corrida, conversei com ele por alguns minutos e só ouvi reclamações sobre falta de potência do motor de sua Williams. Mas uma frase me marcou: `Perdi minha última chance. Agora acabou´.
Reutemann levou seu espírito competitivo para a política, após abandonar as pistas. Filiado ao peronista Partido Justicialista, elegeu-se duas vezes governador da província de Santa Fé e, até morrer, defendeu seus pontos de vista como senador da República Argentina.
Contemporâneos na F1, é inevitável a comparação com Émerson Fittipaldi. Com estatísticas bem próximas – Émerson disputou 144 GPs, venceu 14 corridas, marcou 6 poles e subiu 35 vezes no pódio – o piloto brasileiro tem dois títulos e dois vices. Reutemann apenas um vice", relatou Castilho de Andrade ao Portal Terceiro Tempo.
OPINIÃO DE FLAVIO GOMES SOBRE REUTEMANN
"Reutemann, o Lole, conviveu com gigantes. E, como na música de Bat Masterson, entre bravos se criou: Emerson, Stewart, Lauda... Não era fácil ser campeão naqueles tempos, e muitas vezes era o caso de estar no lugar certo, na hora exata. Quando quase aconteceu, em 1981, correndo pela Williams, parou num moleque esperto e muito inteligente como Nelson Piquet. Um desses gigantes sem título, digno sucessor, ainda que tardio, de Fangio. Mas é duro suceder um gênio", resumiu Flavio Gomes.
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Quando assinou contrato com a Ferrari para a temporada de 2000, após um ano de 1999 muitíssimo bom pela Stewart Grand Prix, o primeiro desejo do brasileiro Rubens Barrichello era vencer um GP, o que aconteceu na 11ª etapa daquele ano, no conturbado GP da Alemanha, em Hockenheim.
Fato é que a estadia de Barrichello no time de Maranello não foi fácil, pois em todos os anos em que ele competiu com o carro escarlate (seis temporadas), teve o alemão Michael Schumacher como companheiro de equipe.
Barrichello, que venceu 11 GPs na Fórmula 1, sendo nove pela Ferrari e dois pela Brawn-GP, foi vice-campeão em 2002 e 2004, com a Ferrari, superado exatamente por Schumacher, teve uma outra chance de ouro, em 2009, quando o destino lhe reservou um carro espetacular, a recém-nascida Brawn-GP, que herdara a estrutura da Honda na F1 mas com um motor melhor (Mercedes) e um artifício que revolucionou aquela temporada, o difusor duplo.
Porém, com o melhor começo de temporada de seu companheiro de equipe, o britânico Jenson Button, Barrichello (que ainda enfrentou problemas com os freios na primeira parte do ano) começou a recuperar terreno tarde demais. Assim, Button foi o campeão de 2009 e Barrichello, que poderia ser o vice, ainda foi superado por Sebastian Vettel, com a Red Bull.
Subindo ao degrau mais alto do pódio em 11 oportunidades, Barrichello superou, entre outros, três campeões da Fórmula 1: James Hunt, Jody Scheckter (ambos com dez vitórias) e Denny Hulme (oito vitórias).
Hoje com 53 anos, Barrichello segue no automobilismo pilotando na Stock Car (onde foi campeão em 2014 e 2022), e na NASCAR Brasil.
OPINIÃO DE FLAVIO GOMES SOBRE BARRICHELLO
"Barrichello é o melhor piloto que o Brasil teve depois da morte de Senna, num recorte temporal. Que fique claro: não é o melhor depois de Senna, num eventual ranking de brasileiros na história da categoria. Mas depois de 1994, nenhum piloto fez tanto não só na F-1, como no automobilismo em geral. Até hoje, diga-se, aos 53 anos de idade. Ainda é competitivo e apaixonado. Poderia ter sido campeão? Não na Ferrari, ainda que tenha desfrutado do melhor momento da história da equipe italiana. É que o companheiro dele era muito melhor. Depois ainda teve uma nova chance, na Brawn, e aí, talvez, tenha sido seu pior momento na carreira. Porque perdeu para um piloto que era bom, claro, mas nunca foi brilhante -- Jenson Button. Costumo dizer que Barrichello, na F-1, foi muito melhor do que os brasileiros sempre acharam. Mas não tão bom quanto ele mesmo achava que era. De qualquer forma, merece todo o respeito. Ninguém fica quase duas décadas na F-1 à toa", ponderou Flavio.
OPINIÃO DE LUCAS SANTOCHI SOBRE BARRICHELLO
Há mais de 20 anos no meio, com passagens pelas redações da Band TV e Abril, em 2010 chegou ao Tazio, site especializado em automobilismo, Lucas Santochi cobriu inúmeras corridas ìn loco´, tanto no Brasil como no exterior (F1, Indy, WEC e Stock Car, entre outras). Em junho deste ano ele completou dez anos à frente do "Projeto Motor", ao lado de Bruno Ferreira.
"A carreira de Rubens Barrichello na F1 foi marcada por diversos altos e baixos. O brasileiro, porém, soube se reinventar dentro da categoria por diversas vezes quando muitos acreditam que ele estava acabado, e colecionou atuações icônicas.
O grande cartão de visitas foi o histórico GP da Europa de 1993. Esta corrida carrega sempre a adjetivo “histórico” mais por conta da atuação irrepreensível e memorável de Ayrton Senna naquele domingo chuvoso em Donington Park.
Mas aos 20 anos de idade e apenas em sua terceira corrida, o novato Barrichello foi certamente o segundo nome mais comentado daquela prova ao lutar pelo pódio com as poderosas Williams com sua modesta Jordan. E só não conseguiu o resultado por conta de uma pane seca a seis voltas do final.
Tudo indicava que aquele piloto seria um grande protagonista da F1 em pouco tempo. Mas não foi o que aconteceu. Com sequências inconstantes, Barrichello ficou recluso a times médios por sete temporadas até que teve a grande chance na Ferrari a partir de 2000.
O público brasileiro logo imaginou que agora poderia voltar a ter um campeão. A verdade é que, independente das polêmicas ordens de equipe, Barrichello nunca esteve à altura do desafio contra Michael Schumacher. Mas isso não é um demérito quando se tem como companheiro um dos maiores pilotos da história.
Em sua passagem de seis anos pela equipe mais icônica da história da F1, Barrichello venceu nove corridas (8º da história do time) e participou da era mais vitoriosa da trajetória da Ferrari ao participar de cinco mundiais de construtores consecutivos.
Entre seus triunfos, o GP da Alemanha de 2000, largando de 18º, e o da Grã-Bretanha de 2003, em uma dura luta com Kimi Raikkonen, são lembrados como algumas das melhores atuações individuais daquelas temporadas.
Quando ele escolheu ir para a BAR (que seria comprada pela Honda), ele acabou embarcando em um período de três anos longe da luta pelas vitórias. E ao final de 2008, tudo indicava que sua carreira estava para terminar.
O inesperado ressurgimento na Brawn GP, no entanto, mostrou que mesmo aos 37 anos, ele ainda tinha lenha a queimar. Ele foi superado pelo companheiro, Jenson Button, na luta pelo título, mas conquistou mais duas vitórias, passando a somar 11 no total.
Foram 68 pódios na carreira separados por 16 anos entre o primeiro e o último. E 9 temporadas entre a primeira e a última vítoria. Isso mostra como Barrichello soube durante quase duas décadas sempre se mostrar competitivo, mesmo que não fosse genial", descreveu Santochi sobre Barrichello ao Portal Terceiro Tempo.
OPINIÃO DE PRISCILA CESTARI SOBRE BARRICHELLO
A jornalista Priscila Cestari colabora com boletins de Fórmula 1 para o programa "No Mundo da Bola", da tradicional Rádio Nacional do Rio de Janeiro, emissora que pertence à EBC (Empresa Brasil de Comunicação). Ela faz uma leitura detalhada de Rubens Barrichello, destacando, entre outros aspectos a paixão do piloto, que segue na ativa e competitivo.
"Depois da morte de Ayrton Senna, em maio de 1994, Rubens Barrichello passou a carregar a responsabilidade de preencher o espaço deixado pelo principal nome do automobilismo brasileiro. E a pressão de manter um legado construído por campeões como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e do próprio Senna na Fórmula 1.
Apesar do episódio trágico ter dado mais visibilidade ao Brasil na categoria, Barrichello passava a ser o maior representante brasileiro na F1, que naquela época também contava com Christian Fittipaldi. Aos 22 anos, em sua segunda temporada com a Jordan, Rubinho teve um início de campeonato animador: um quarto lugar em Interlagos e o primeiro pódio no Grande Prêmio do Pacífico, em Aida, etapa anterior ao acidente em Ímola e que o tirou da prova naquele 1º de maio.
Meses depois, veio a primeira pole no GP da Bélgica e Barrichello encerrou o campeonato de 1994 em sexto lugar com 19 pontos. Um ótimo resultado para quem competia em uma equipe mediana.
No entanto, as expectativas e a pressão para ser o sucessor de Senna aumentavam cada vez mais. Como nas temporadas seguintes os resultados foram bem mais modestos, Rubinho passou a ser bastante criticado pelos torcedores e pela mídia brasileira, que ignoravam o fato de que chegar até a principal categoria do automobilismo é um caminho estreito. E para se manter nele, sendo referência mesmo após o término da carreira na F1, é para poucos. Não por acaso, se destacava (e ainda se destaca) não só pelo talento ao volante, mas por um entendimento técnico do carro. Seu feeling para acertar o equipamento com sensibilidade e precisão o diferenciava dos demais.
Mas do que adiantaria tudo isso se ele não conquistou sequer um título na Fórmula 1?
Antes de responder, é importante reconhecer que se manter por 19 temporadas (1993-2011) na principal categoria do automobilismo é uma missão um tanto desafiadora. Ou mesmo ser o piloto brasileiro com o maior número de Grandes Prêmios (326 e 322 largadas), somado a um currículo de 11 vitórias, 14 pole positions, 17 melhores voltas, 68 pódios e 658 pontos, contabilizados pelas passagens por equipes como Jordan, Stewart, Ferrari, Honda, Brawn GP e Williams.
A história nas pistas não foi construída da noite para o dia e as conquistas dentro das categorias de base foram um diferencial na carreira de Barrichello. É só recordar que de 1981 a 1988 foi pentacampeão brasileiro e paulista de kart, além do título de Campeão Sul-Americano (1986), um 9º lugar no Campeonato Mundial de Kart de 1987 e competiu de Fórmula Ford. Foi para a Europa em 1990 para competir e vencer o Campeonato Europeu de Fórmula Opel, na Itália. Em 1991, foi campeão da Fórmula 3 Inglesa e no ano seguinte, ao disputar a F-3000, chamou a atenção de Eddie Jordan, que o contratou para estrear na F1 no ano seguinte.
Isso reforçava que Rubinho era mais do que uma promessa: era a realidade do automobilismo com um futuro promissor, mas que poderia ter ficado pelo caminho como tantos outros talentos, se não tivesse contado com o apoio da família, tanto no Brasil quanto na carreira internacional. Por isso, é preciso agradecer a quem acreditou no talento e no caráter de Barrichello, sabendo que uma oportunidade poderia mudar tudo na história daquele menino de Interlagos, nascido no mesmo ano em que Emerson Fittipaldi conquistou seu primeiro título mundial na F1.
Se chegar na principal categoria do automobilismo mundial não era fácil, manter-se nela era um desafio constante. Conquistar fama, dinheiro e títulos era consequência do trabalho nas pistas. Mas, enquanto algumas escolhas nos levam para outros caminhos, alguns valores são sim inegociáveis, mesmo quando você está realizando um sonho.
Ao assinar com a Ferrari, Rubinho sabia que seu companheiro seria Michael Schumacher, que já estava na equipe desde 1996 e contava com toda uma estrutura focada em conquistar títulos. Bicampeão pela Benetton (1994-1995), o alemão foi contratado pelo time de Maranello com o objetivo de acabar com o jejum de títulos, tanto no campeonato de pilotos como no de construtores.
Em 1999, a Ferrari foi campeã por equipes depois de 16 anos! Entre 2000 e 2004, Schumacher ganhou cinco títulos e a Ferrari também. Ou seja, Barrichello é parte dessa história, em uma época vitoriosa sendo duas vezes vice-campeão, em 2002 e 2004, terceiro colocado (2001) e quarto nos campeonatos de 2000 e de 2003.
A Ferrari sabia que o conhecimento de Rubinho também era necessário para ajudar a equipe a vencer os campeonatos. Por outro lado, ele também sabia a oportunidade e a enorme responsabilidade de estar em uma equipe de ponta. Porque ter um carro competitivo, fazia-o valorizar cada momento que enfrentou para chegar lá. Mas enfrentar Michael Schumacher como companheiro de equipe e lutar por igualdade dentro da equipe, aí era outra história…
A mídia brasileira acreditava que Rubens seria o piloto perfeito para bater o alemão, pois tinha carro e chances para isso, mas era evidente que Schumacher era o número 1 da Ferrari. Para Schumi as regras claramente eram outras, porque a Ferrari não pensaria duas vezes em favorecê-lo e sacrificar Rubinho.
O exemplo mais claro foi o que acompanhamos naquele GP da Áustria de 2002, o do famoso “hoje não, hoje sim… hoje sim?” na voz do narrador Cleber Machado. Foi ali que todos viram que conquistar o tão sonhado título pela Ferrari não seria nada fácil.
Apesar de não ter conquistado o campeonato, Rubens contribuiu e muito com as conquistas da equipe, deixando sua marca na história, eternizando momentos únicos e com os quais nos emocionamos até hoje. Das 11 vitórias, é impossível não citar a primeira na Ferrari, no GP da Alemanha de 2000, quando vimos um Rubinho entregando tudo e mais um pouco sem Schumi na pista.
Saindo da 18ª posição em Hockenheim e fazendo uma corrida de recuperação, contou com um roteiro completamente inusitado, com direito a invasão de pista, safety car, chuva, a decisão de enfrentar a pista molhada com pneus slicks (uma combinação que nem sempre termina bem), contrariando as ordens da equipe de entrar nos boxes para vencer e entrar para a história. Era a primeira vitória dele e a primeira de um brasileiro desde Senna no GP da Austrália de 1993.
Os seis anos de Ferrari o levaram ao crescimento, pessoal e profissional, e a se tornar um dos grandes nomes do automobilismo mundial. A Ferrari é uma entidade e quem passar por lá, reconhece o impacto que isso causaria na carreira de qualquer piloto. Mas, com o tempo, ficou claro que a chance de ser campeão mundial dividindo a equipe com Schumacher estava cada vez mais distante. E quando se deu conta disso, Barrichello decidiu encerrar sua história com a Ferrari antes do final do contrato.
Era hora de recomeçar.
Em 2006, assinou com a equipe Honda, mas os dois anos na equipe japonesa renderam abaixo do esperado e ao fim da temporada de 2008, a Honda decidiu sair da F1. Jenson Button ainda tinha contrato a cumprir, mas Rubinho corria o risco de ficar de fora da competição, quando Ross Brawn, que era chefe da equipe e comprou o espólio dos japoneses para criar a Brawn GP, deu uma nova chance ao brasileiro. O contrato era renovado a cada quatro provas, precisando provar que era suficientemente bom para merecer seguir na equipe.
Nos testes, Rubinho sentiu que o carro era diferenciado e que ele poderia fazer a diferença na temporada.
Em 2009, a Brawn GP teve um desempenho surpreendente, com Jenson Button vencendo seis das sete primeiras corridas. Rubinho demorou para se adaptar ao carro, e as vitórias vieram nos GPs da Europa e da Itália (esta como a última vitória de Barrichello e a de um brasileiro na F1), havia uma nova expectativa de conquistar o primeiro título, porém não conseguiu derrotar Button, perdeu o vice-campeonato para Sebastian Vettel, da Red Bull, e terminou o campeonato em terceiro lugar.
Mesmo sem ter conquistado um campeonato mundial, Rubens Barrichello construiu uma das carreiras mais longevas e respeitadas da F1. Não é porque não conquistou um título, apesar de toda a nossa torcida, que ele não foi bem sucedido nas 19 temporadas que participou. Escolhas e caminhos foram coerentes com aqueles momentos e não somos capazes de julgar as pessoas sem ao menos conhecer quem elas são, suas histórias e a razão para aquela escolha ou tomada de decisão e o que ficou na história.
Rubinho não queria ser um novo Ayrton Senna, porque sabia que o tricampeão era único. Ele só queria ser Rubens Barrichello, do Brasil, que competia pelo amor ao automobilismo. Que gostaria de ser campeão para honrar seu ídolo, sua família e seu país, e que iria lutar por isso enquanto estivesse competindo na Fórmula 1.
Até hoje, ele mostra que é apaixonado pelo que faz e que não vai parar de correr tão cedo.
Sorte a nossa!", escreveu Priscila Cestari ao Portal Terceiro Tempo.
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Assim como o compatriota Barrichello, Felipe Massa também venceu 11 GPs na Fórmula 1, todas elas pela Ferrari.
Hoje com 44 anos, pilotando na Stock Car, Massa sentiu o gostinho do título mais que nenhum outro que tenha passado por perto desta conquista, em 2008, quando cruzou a linha de chegada do GP do Brasil, em Interlagos em primeiro lugar.
O britânico Lewis Hamilton, hoje na Ferrari, em sua segunda temporada na F1, competindo pela Mercedes, era o único que poderia superar o brasileiro, caso terminasse a prova paulistana pelo menos em quinto lugar. Hamilton era o sexto colocado até a Curva da Junção, quando superou o alemão Timo Glock (Toyota) e conseguiu seu entento, para desespero de Felipe.
Na tabela final do Mundial, Hamilton foi campeão com 98 pontos, um a mais que Massa, que por conta do que aconteceu em Singapura (quando o brasileiro Nelsinho Piquet bateu de propósito sua Renault para beneficiar seu companheiro de equipe, o espanhol Fernando Alonso), busca uma retificação para o título de 2008. O processo de Felipe Massa é contra a FIA e a Fórmula 1, e também prevê uma indenização que pode chegar a R$ 1 bilhão. As primeiras audiências do caso foram marcadas para outubro deste ano, na Suprema Corte de Justiça de Londres.
OPINIÃO DE FRED SABINO SOBRE MASSA
O jornalista Fred Sabino, editor executivo de automobilismo da TV Bandeirantes, com longa passagem anterior pelo Grupo Globo, relembrou, entre outros aspectos, as dificuldades enfrentadas por Felipe Massa após a chegada do espanhol Fernando Alonso à Ferrari. A dupla dividiu os boxes do time de Maranello entre 2010 e 2013.
"Felipe Massa teve uma ótima carreira na Fórmula 1. Depois de temporadas de aprendizado na Sauber, foi promovido à Ferrari e não só mostrou talento, como entregou resultados. Onze vitórias entre 2006 e 2008, um título mundial que bateu na trave e participação fundamental nos últimos campeonatos de construtores da Ferrari. Depois, com o acidente de 2009 e principalmente a chegada de Fernando Alonso, enfrentou dificuldades. Mas os últimos anos com a Williams também foram muito dignos, com pole position e pódios. Massa tem muito do que se orgulhar de sua trajetória", avaliou Fred Sabino.
OPINIÃO DE FLAVIO GOMES SOBRE MASSA
"Massa é daqueles que, ao contrário de Coulthard e Reutemann, por exemplo, estava no lugar certo na hora exata: a Ferrari pós-Schumacher, ainda competitiva e forte. E graças a isso, e a seu talento, quase foi campeão mundial. Não entraria, se conquistasse o título, para a galeria dos maiores campeões de todos os tempos. Mas estaria numa gaveta, como se diz, mais estrelada da história da F-1. Felipe era aguerrido e tinha personalidade. Agarrou a chance que teve de ser piloto da Ferrari com força e determinação. Algo que talvez nem esperasse, já que seu passado nas categorias menores não tinha sido exuberante -- antes, foi muito mais de transpiração do que de inspiração, para usar uma expressão meio batida. Lutou muito para chegar onde chegou, e quando conseguiu não decepcionou, longe disso. Nota negativa apenas esse recente desejo revisionista sobre o campeonato de 2008. Naquele dia em Interlagos, ele soube perder de cabeça erguida. Quinze anos depois, está se mostrando um mau perdedor", opinou Gomes.
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Nenhum dos cinco pilotos mencionados acima nesta matéria especial tiveram a fatalidade como impeditivo para serem campeões mundiais de Fórmula 1.
Mas foi exatamente isso, uma fatalidade, que abreviou a bela carreira do sueco Ronnie Peterson (1944-1978).
Detentor de dez vitórias na Fórmula 1, mesmo número de triunfos do campeão de 1979, o sul-africano Jody Scheckter, Peterson já havia sido vice-campeão de Fórmula 1 em 1972 (competindo pela March), seu segundo ano na categoria, e sendo o terceiro colocado em 1973, agora pela Lotus, superado apenas pelo campeão Jackie Stewart e o vice Emerson Fittipaldi, Peterson tinha o melhor carro da F1 em 1978, a Lotus-Ford que revolucionou com o conceito de carro-asa, criando o chamado efeito-solo, solução aerodinâmica que saiu da brilhante mente do britânico Colin Chapman (1928-1982) e que foi executada com esmero pelos projetistas Peter Wright e Ralph Bellamy.
Mas as coisas não foram fáceis para Peterson no fatídico ano de 1978, pois Chapman elegera Andretti como seu favorito para ganhar o título, quebrando um jejum que durava desde 1972, quando Emerson havia sido campeão.
Um norte-americano sendo o vencedor do título poderia ser mais interessante do ponto de vista comercial para a Lotus, mas ainda assim a disputa foi ferrenha entre Peterson e Andretti, pelo menos até a fase final do campeonato.
Na 13ª etapa, última corrida completada por Peterson na temporada, Andretti somava 63 pontos contra 51 de Peterson, restando os GPs da Itália (Monza), Estados Unidos (Watkins Glen) e Canadá (Montreal).
Porém, na largada do GP da Itália, em Monza, Peterson sofreu um gravíssimo acidente. Vittorio Brambilla (1937-2001) se feriu gravemente mas conseguiu se recuperar. Peterson foi retirado do carro com o pé esquerdo mutilado, que foi completamente amputado assim que deu entrada no hospital. Na madrugada, por conta de uma embolia, causada pelas múltiplas fraturas, morreu. Ele estava com 34 anos.
Embora já veterano para os padrões da Fórmula 1, Peterson tinha bons contatos no meio e o desgaste com Colin Chapman fez com que ele mantivesse conversas com a McLaren, para competir pela equipe em 1979. Sem Peterson, a McLaren correm em 1979 com John Watson e Patrick Tambay (1949-2022).
Clique aqui e veja a página de Ronnie Peterson na seção "Que Fim Levou?". Nela, inclusive, há uma entrevista (áudio) exclusiva com Emerson Fittipaldi, falando sobre Peterson, que era seu amigo pessoal.
OPINIÃO DE WAGNER GONZALEZ SOBRE PETERSON
O jornalista Wagner Gonzalez, o "Beegola", é outro que tem uma longa trajetória no esporte a motor. Jornalista profissional desde 1976, formado pela Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, cobriu 370 GPs de F-1 `in loco´ e atualmente edita e publica a Revista Curva3, publicação mensal impressa dedicada ao automobilismo brasileiro.
Gonzalez relembrou da trajetória de Peterson, que ele considera `uma referência de piloto rápido´, inclusive mais do que era seu companheiro de equipe em 1978, Mario Andretti, na Lotus.
"Quase 50 anos após sua morte em consequência de um acidente na largada do GP da Itália de 1978, Ronnie Peterson ainda é uma referência de piloto rápido, arrojado e extremamente hábil. Recordar sua carreira pela F-1 imediatamente remete à imagem do sueco percorrendo em derrapagem controlada a curva do Sol do antigo e clássico traçado de Interlagos a bordo de um Tyrrell de 6 rodas...
Ronnie era filho de Bengt Peterson, um padeiro apaixonado pelo automobilismo: apoiou o filho no kart – onde foi campeão sueco de 1965 e 1966 – e construiu carros de corrida em parceria com o amigo Sven Andersson. Os dois fabricaram uma réplica do Brabham BT 15 de F-3 tão bem feita que despertou a atenção de Jack Brabham e Ron Tauranac, o “B” e o “T” da sigla. Em 1969 Ronnie venceu o GP de Mônaco de F3, então um verdadeiro campeonato mundial da categoria, pilotando um Tecno apoiado pela equipe oficial da fábrica italiana.
Sua estreia na F-1 aconteceu no ano seguinte ao volante de um sofrível March 701 inscrito por Colin Crabb, um comerciante de carros clássicos e largou em 123 corridas, 14 delas ocupando a pole position. Seus melhores momentos na categoria foram com a Lotus, onde conquistou nove de suas dez vitórias na categoria e disputou duas temporadas como companheiro de equipe de Emerson Fittipaldi (1972/73). A outra conquista foi com um March 706 em Monza, 1976. Em 1971 foi vice-campeão mundial com um carro nitidamente inferior ao da concorrência. Ao volante do peculiar March 711 ele não venceu nenhuma prova, mas somou 33 pontos, contra 62 do campeão Jackie Stewart. Peterson repetiu o resultado em 1978 de maneira póstuma e em uma temporada na qual era literalmente obrigado a não ultrapassar Mario Andretti, então primeiro piloto da Lotus e indiscutivelmente menos rápido do que o sueco", atestou Wagner Gonzalez ao Portal Terceiro Tempo.
OPINIÃO DE RODRIGO MATTAR SOBRE PETERSON
Quem também nos presenteou com seu conhecimento robusto em automobilismo foi Rodrigo Mattar, écletico jornalista que além da Fórmula 1, cobre categorias do automobilismo nacional e internacional. Também escritor, já lançou três livros sobre esporte a motor: "Quase Heróis - Os campeões sem título da Fórmula 1"; "Saudosas Pequenas" e "Le Mans e suas histórias", todos pela Gulliver Editora.
"Quando eu soube que o Beatle George Harrison, fã de automobillismo e Fórmula 1, amigo de uma vida inteira de Emerson Fittipaldi, nosso primeiro campeão mundial e duas vezes vencedor da Indy 500, compusera seu clássico “Faster” em homenagem a Bengt Ronald Peterson, me surpreendi. Mas não muito.
Ronnie Peterson foi a personificação viva de técnica, arrojo, superação e determinação, tudo dentro de uma pista e de um cockpit. Fosse qual fosse o carro, bom ou ruim, vinha sempre no limite e às vezes acima dos limites, entortando tudo como se guiasse as Kombis que ele, apaixonadamente, quando vinha ao Brasil, via os jovens brasileiros nos anos 1970 esmerilhando na Serra do Mar na época das corridas em Interlagos.
O Sueco Voador era como um dos nossos. Respeitava Fittipaldi e recebia o carinho de um público que o idolatrava e que viu do que ele era capaz nos torneios internacionais de Fórmula 2, mas, creiam, ninguém é vice-campeão guiando um March apelidado “Tábua de Passar Roupa” pelo estranho aerofólio dianteiro, antes de se tornar um ídolo instantâneo não só aqui, mas no mundo inteiro quando se sentou naquelas baratas de cor preta com decoração em dourado, as Lotus 72.
Quando Chapman desgostou o então recordista de poles da F1, marca que dividiu muito tempo com Niki Lauda, Ronnie foi fazer misérias de novo na March e, quando fechou com a Tyrrell, mal ele sabia que viveria a pior temporada de sua vida - até pedir perdão a Colin, já que dois bicudos não se beijavam e se submeter a uma hierarquia absurda onde Peterson teria de ser escudo de Mario Andretti em 1978.
Azar da Fórmula 1 em não ver Bengt Ronald Peterson campeão. Aquele homem que renasce ao ultrapasar Patrick Depailler na última volta de uma corrida praticamente perdida na África do Sul e que colocou uma luneta de 47 segundos em Österreichring no mesmo Depailler merecia muito mais do que as 10 vitórias em 123 GPs. Não merecia ser vítima da fatalidade em Monza e nem da embolia que o levou aos 34 anos.
Peterson era gigante, imenso. E mesmo gigantes como ele não alcançam a glória eterna dos títulos, mas são imortalizados pelo caráter e pelo espírito de luta. Tal como Villeneuve, Carlos Pace e tantos outros que estão no coração dos fãs da velocidade.", escreveu Mattar sobre o piloto sueco ao Portal Terceiro Tempo.
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