Embora a Libertadores já tenha entrado em recesso por causa da Copa América, voltando em julho com os jogos da fase semifinal, começo o comentário de hoje falando sobre o torneiro continental que, depois do fiasco do Cruzeiro, levando 3 a 0 do River no Mineirão, tem o Internacional como único representante brasileiro na competição.
Existe muita gente apontando com entusiasmo o colorado gaúcho como virtual campeão da Libertadores , levando em conta que os outros três times que irão disputar a semifinal do torneiro, segundo as opiniões mais otimistas, não metem medo em ninguém.
Imaginar isso não chega a ser exatamente um delírio de torcedor fanático, mas reveste-se sob algum aspecto de uma pontinha de exagero, já que o colorado gaúcho não chegou a essa etapa do certame continental revelando um padrão futebolístico tão exuberante assim, que permita atribuir-lhe um favoritismo isolado para a conquista do título.
Não se pode esquecer que os comandados de Diego Aguirre conseguiram reverter o revés de 1 a 0 sofrido em Bogotá, diante do Santa Fé, com um gol quase ao final da partida, fruto de uma cobrança de escanteio que não existiu, já que, como se viu na televisão, ao sair pela linha de fundo a bola havia tocado num jogador colorado e não do time visitante.
Mas talvez essa forma sofrida e inusitada como o Inter alcançou a passagem para a semifinal, jogando em casa, possa até ter contribuído para fomentar a expectativa de que o clube do veteranoo D"Alessandro e da jovem promessa Valdívia venha a conquistar neste ano o Tri da Libertadores, superando o arquirríval gremista, que imperou no futebol gaúcho como senhor absoluto dessa hegemonia ao longo de duas décadas, a partir da conquista do cobiçado torneio em 1983, naquela decisão histórica diante do Peñarol.
A propósito desse sonho da torcida do Inter, que é legítimo sob todos os aspectos, cabe indagar se a eliminação do Cruzeiro, na derrota para o River no Mineirão, facilitou de alguma forma a missão colorada no sentido de vencer a próxima batalha e chegar à grande Final da Libertadores de 2015.
Eu diria que sim e consubstancio a tese num dado de natureza técnico e noutro de caráter histórico.
O primeiro diz respeito ao fato de o Tigre do México, adversário do Inter na Semifinal, ser menos qualificado do que a Raposa, apesar de ter sido atropelada em casa pelo visitante argentino e eliminada da competição.
O segundo prende-se ao fato de que historicamente as equipes mexicanas nunca foram páreo para clubes brasileiros. O próprio Internacional provou isso quando alcançou o bicampeonato da América, derrotando o Chivas do país asteca.
Vale observar contudo que, com vistas à possibilidade de o Inter chegar ao Mundial de Clubes deste ano, a derrota cruzeirense que empurrou o time colorado para a disputa com o clube mexicano na semifinal não foi um bom negócio.
Isso faz com que o representante do Brasil na competição seja o único, entre os quatro semifinalistas, que não tem chance de ir para o Mundial de Clubes na condição de vice-campeão da América, caso chegue à final do torneio.
Já qualquer outro clube que chegar à final, tendo como adversário na disputa do título a equipe do Tigre, estará automaticamente classificado para representar a Conmebol no maior certame interclubes do mundo, uma vez que o representante mexicano, ainda que venha a se tornar campeão da Libertadores, não poderá representar a Confederação Sul-Americana na competição, pelo fato de pertencer à Concacaf.
Vale lembrar que se o Inter não tivesse superado o Chivas do México em 2010, sobrando-lhe apenas o título de vice-campeão da América, teria mesmo assim sido o representante sul-americano no Mundial de Clubes.
Algo que no fim acabou se tornando um mau negócio para os colorados que, naquele ano, naufragaram diante do desconhecido Mazembe, representante da África, protagonizando a debochada dança da bundinha pelo irreverente Kidiaba, relíquia que os gremistas cultivam como uma "vuvuzela tricolor" para buzinar eternamente aos ouvidos colorados.
Naquele ano de sorrisos sucedido de lágrimas para a rapaziada do Beira-Rio, quando o Inter chegou à semifinal da Libertadores com aquele gol salvador de Giuliano, aos 43 min do segundo tempo, contra o Estudiantes, comentei neste espaço que, depois daquele "milagre da ressurreição colorada " diante do adversário argentino, o time então treinado por Celso Roth tornara-se o franco favorito para a conquista da Libertadores.
E consubstanciei a tese no fato de que o São Paulo, próximo adversário colorado na semifinal, caía aos pedaços de ruim, vivendo uma das piores crises técnicas de sua história, observando ainda que equipes mexicanos como o Chivas, classificado para a final do torneio, nunca foram páreos para times brasileiros.
Agora sou mais cauteloso e me limito a prognosticar que o Internacional já é virtual finalista da Libertadores, em consonância com o que disse no parágrafo anterior, ou seja, que equipes mexicanas historicamente não são páreos para clubes brasileiros.
Mas desta vez não ouso afirmar que o colorado seja favorito para a conquista do torneio, como fiz naquela ocasião, pelo fato de que o outro finalista, a meu ver, será o River, que deverá passar pelo Guarani do Paraguai, representando assim para o Inter uma parada bem mais difícil do que o Chivas mexicano, que os colorados bebericaram no Beira-Rio com gelo do inverno gaúcho, naquele 18 de agosto de 2010.
Tudo isso, porém, é assunto para o início do segundo semestre. Vamos falar agora sobre o Brasileirão, que está com um G-4 repleto de clubes que, embora o bom momento vivido, não se incluem entre os prováveis candidatos ao título de 2015, porque afora a ótima posição momentânea que ocupam na tabela nada de excepcional possuem em seus elencos que permita cogitar tal hipótese.
O Atlético Paranaense é o líder, com 9 pontos, seguido do Sport na vice-liderança com 1 ponto a menos. A terceira e quarta colocações são ocupadas pela Ponte e o Goiás, ambos com 8 pontos na tabela.
Tangenciando o Grupo da Libertadores, aparecem pela ordem de classificação Atlético Mineiro, São Paulo, Avaí, Corinthians e Fluminense, todos com 7 pontos conquistados e com chance de acabar a rodada no G-4, em função do desempenho que tiverem em seus jogos e de resultados negativos por parte dos que ora estão lá.
Em se tratando de tradição clubística, o Z-4, conhecido como Zona de Rebaixamento, está mais charmoso presentemente do que o cobiçado G-4, já que com exceção do lanterna Joinville seus outros três ocupantes são clubes grandes como o Vasco, o Flamengo e o Cruzeiro, atual campeão brasileiro.
Independente do que acontece na tabela, que parece estar de cabeça para baixo, continuo com meu ponto de vista de que São Paulo e Corinthians, em razão dos elencos que possuem, são os que mais se aproximam de um favoritismo com vistas à conquista do título brasileiro de 2015.
A equipe comandada por Tite, que tem patinado nos últimos jogos, estará diante de uma prova de fogo hoje à noite na Arena do Grêmio, já que o time do novo treinador Roger revelou nos dois últimos jogos que está readquirindo, aos poucos, o padrão de jogo que havia perdia nas mãos de Felipão, um técnico tão decadente que pode até ser incluído no grupo daqueles treinadores cuja saída provoca melhora no time que vinham treinando, corroborando o provérbio que diz "quem não ajuda não atrapalha".
