- Naquele 6 de agosto de 1951, Muzambinho não fez festa. Hoje, cinqüenta anos depois, já tem motivos para comemorar a data de nascimento de um de seus filhos mais ilustres.
O Brasil começava a esquecer do fracasso da Copa de 50, e no lugar da tristeza da tragédia do Maracanã surgia a admiração por uma nova geração de craques. No final da década eles enfim dariam o sonhado título mundial de futebol ao País.
Milton Neves Filho conviveu pouco com o pai, de quem herdou o nome. O suficiente, porém, para lembrar das tardes em que ele ficava na varanda de seu sítio "Invernada", em Monte Belo, que lá chamavam de alpendre, colado no radinho de pilha Mitsubishi.
- Melhor time da década de 60, o Santos nunca tivera nas arquibancadas um de seus torcedores mais fanáticos. A chance apareceu em 65, segundo turno do Campeonato Paulista. Moisés, comerciante de Muzambinho, organizou uma excursão da cidade para assistir à uma apresentação do Santos em Ribeirão Preto, a menos de 150 quilômetros de distância.
- Em 73, contra a vontade de Narciso Vernizzi, que queria o filho Celso no Plantão, Milton estreou. Tremendo, assumiu o microfone e passou algumas horas no comando. "Você é bom", disse Fernando Vieira de Melo. João Zanforlin, então Plantão da Rádio Bandeirantes, elogiou o trabalho. Milton foi aperfeiçoando. Não utilizava mais texto, falava de improviso, contava histórias, fazia entrevistas.
Em 74 já era o titular absoluto do Plantão Esportivo da Pan, com a aposentadoria de Narciso Vernizzi. Mas ainda cuidava do noticiário do trânsito de manhã. Sofria com os plantões noturnos após o futebol, principalmente quando o São Paulo ganhava, e Estevan Sangirardi esticava o Show de Rádio até as duas da madrugada.