Estádio do Morumbi

A casa do São Paulo Futebol Clube

por Marcos Júnior Micheletti

Após adquirir o Estádio do Canindé em 1944 por Cr$ 12.000.000,00, o São Paulo Futebol Clube sonhou com um projeto mais ambicioso, que começou a ganhar contornos reais em 4 de agosto de 1952, quando parte do terreno para a construção do Morumbi foi doada pela Imobiliária e Construtora Aricanduva.

 O então presidente do clube, Cícero Pompeu de Toledo, propôs que Laudo Natel, ex-diretor do Bradesco, assumisse a administração do clube. Laudo Natel, que depois foi governador de São Paulo em duas gestões: entre junho de 1966 e janeiro de 1967 e entre março de 1971 e março de 1975.
 
Em agosto de 1952, em cerimônia, o pároco Monsenhor Bastos abençoou a área onde o estádio seria erguido, que começou a receber os primeiros carregamentos de materiais para sua construção graças à venda do Canindé para a Portuguesa.
 
A partir daí, a maior parte da receita do clube foi voltada à obra, o que implicou em que o departamento de futebol ficasse em um segundo plano.
 
Por outro lado, dois empréstimos, sendo um da Prefeitura de São Paulo (Cr$ 5.473.000,00) e outro do Governo do Estado (Cr$ 5.500.000,00), deram um impulso decisivo para que o clube pudesse fazer a obra evoluir.
 
Coube a João Batista Vilanova Artigas, um dos mais importantes representantes da chamada "Escola Paulista de Aquitetura moderna", assinar o projeto do estádio.
 
Foram necessários cinco meses para que as escavações e terraplanagens fossem concluídas. Estima-se que o volume de concreto utilizado fosse suficiente para a construção de 83 edifícios de dez andares.
 
A Prefeitura de São Paulo, durante a obra, fez uma proposta ao São Paulo, para que o clube ficasse com o Pacaembu em troca do Morumbi, mas Laudo Natel, encabeçando a construção do estádio, conduziu a administração após a morte de Cícero Pompeu de Toledo.
 
Ainda inacabado, e batizado com o nome de Cícero Pompeu de Toledo, o estádio foi inaugurado em 2 de outubro de 1960, ocasião em que o São Paulo venceu o Sporting Lisboa por 1 a 0, gol do jogador Peixinho, aos oito minutos do primeiro tempo. Duas autoridades estiveram presentes: o governador de São Paulo Abreu Sodré e o presidente da república, o ditador militar Emilio Garrastazu Médici.
 
O São Paulo atuou com Poy, Ademar, Gildésio e Riberto; Sátiro e Vitor; Peixinho, Jonas (Paulo), Gino, Gonçalo (Cláudio) e Canhoteiro (Roberto). O técnico do Tricolor foi Flávio Costa e Olten Ayres de Abreu o árbitro.
 
Estiveram presentes à inauguração do Morumbi 56.448 torcedores, número muito distante do recorde registrado em 9 de outubro de 1977, segundo jogo da finalíssima do Campeonato Paulista daquele ano, quando 146.082 pessoas viram a virada da Ponte Preta sobre o Corinthians por 2 a 1.
 
Depois, o São Paulo conquistou duas vitórias em seu novo estádio, ambas por 3 a 0, amistoso contra o Nacional do Uruguai (dois gols de Canhoteiro e um de Gino Orlando) e o primeiro jogo oficial do Morumbi, contra o Corinthians de Presidente Prudente (gols de Dino Sani, Gino Orlando e Gonçalo). Assim foi Dino Sani o autor do primeiro gol são-paulino no Cícero Pompeu de Toledo em um jogo oficial, válido pelo Campeonato Paulista, em 23 de outubro de 1960, coincidentemente dia do aniversário de Pelé.
 
O primeiro gol sofrido pelo São Paulo no Morumbi aconteceu no segundo jogo oficial disputado no estádio, em 4 de dezembro de 1960 contra a Portuguesa de Desportos. Nilson Bocão abriu o placar para a Lusa aos 11 minutos do primeiro tempo. O São Paulo empatou com Paulo e a Lusa voltou a ficar à frente com Sílvio. Peixinho e Riberto fizeram 3 a 2 para o Tricolor. Sílvio deixou tudo igual (3 a 3) e Odorico, aos 44 do segundo tempo decretou a vitória da Lusa sobre o São Paulo por 4 a 3, primeira derrota do time então dirigido por Flávio Costa em seus domínios.
 
O Morumbi passou por algumas reformas, uma delas de cunho estrutural, pois o estádio sofria com muitas vibrações, além da redução da capacidade de público, que passou de 120 mil pessoas nos anos 90 para os atuais 68.000 lugares.
 
Além de receber os eventos futebolísticos, outra importante fonte de renda para o São Paulo são os shows.
 
O primeiro grande evento internacional aconteceu em 1981, quando a banda inglesa "Queen", liderada por Fred Mercury se apresentou para um grande público.
 
Em 1982, mais de 100 mil pessoas assistiram o "Canta Brasil", espetáculo que reuniu alguns dos principais nomes da Música Popular Brasileira da década de 80, entre eles Toquinho, Milton Nascimento, Nara Leão, MPB4 e Ivan Lins.
 
Depois do sucesso do "Queen", outras bandas, como Kiss, Menudo, Nirvana, U2, Aerosmith e Metallica também marcaram presença em palcos gigantescos montados no estádio.
 
Além deles, talentos individuais como Michael Jackson, Madonna, Paul McCartney, Eric Clapton, Lady Gaga, Ricky Martin e Justin Bieber levaram milhares de fãs ao gramado e às arquibancadas e numeradas do estádio.
 
No entanto, a partir da reforma do Palestra Itália, que passou a ser chamado de Allianz Parque, reinaugurado em 19 de novembro de 2014, os shows no Morumbi começaram a sofrer forte concorrência. A arena alviverde passou a receber os grandes shows musicais na cidade de São Paulo.
 
Ainda assim, o Morumbi seguiu palco de importantes shows de artistas internacionais, como o Coldplay, em março de 2023.
 
Em 26 de dezembro de 2023, em uma bem bolada jogada de marketing, o São Paulo alinhavou um contrato com a Mondelez Brasil, fabricante de diversas marcas de chocolate (antiga Lacta), e o naming rights do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, foi vendido por três anos, com o estádio passando a ser chamado de MorumBis, alusivo ao famoso wafer "Bis".
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