André Natan Nussbacher, o Andy, nasceu em São Paulo no dia 25 de maio de 1967.
Ele é casado com a artista plástica Maiana Nussbacher e juntos têm três filhos: Júlia, Michel e Thomas, todos são-paulinos.
É sócio proprietário da Tonbras, fabricante dos famosos produtos Radex, indústria que atua nos segmentos de produtos para uso escolar em escritório e informática, fundada em 1941 pelo seu avô, Andrei Nussbacher, tio bisavô, Benjamin Citron e outro sócio denominado José Weisz, europeus que vieram para o Brasil em 1939.
Filho de Benjamin Nussbacher, Engenheiro Eletrônico formado na Politécnica Technion de Israel e Carmela Nussbacher, Psicóloga da PUC, tem mais 3 irmãos (André é o terceiro) e desde muito cedo se tornou um apaixonado do rádio e pela fábrica de aparelhos eletrônicos de seu pai.
Sua maior curtição quando era pequeno sempre foi visitar a fábrica Tonbras (Tonalidade Brasileira) de rádios AM e FM, aparelhos de som 2 em 1, 3 em 1, gravadores, tvs e vitrolas (toca discos) onde ficava impressionado com tantos sons, calibragens, testes e montagens dos mesmos com cerca de 300 funcionários empenhados. No Laboratório, o departamento de engenharia girava estações de OC, AM e FM, testavam os toca discos até os aparelhos ficarem 100% prontos e serem cuidadosamente embalados para os caminhões saírem em direção ao Mappin, Jumbo Eletro (antiga Eletroradiobraz), Ponto Frio, Isnard, Tamakavi, Ducal, Casas Bahia, Casas Satow, G. Aronson, Mesbla, Sears entre outros.
André sempre pedia para passar ao menos uma semana por férias na fábrica em meio ao fascinante mundo do som que só uma indústria eletrônica consegue proporcionar.
O restante das férias era no Guarujá onde curtia a praia, conferia sorvete, água de coco, mergulho no mar e jogava bola no final do dia com amigos em Pitangueiras.
Sua primeira ida ao estádio de futebol foi em 1972 no jogo entre Santos e Palmeiras, com “somente” Pelé e Ademir da Guia em campo entre outros craques. Foi com a camisa do São Paulo, pasmem, jaqueta 4 do Roberto Dias, junto com seu pai e irmãos, sem ser molestado. Outros tempos...
Desde 1977, com 10 anos de idade, começou acompanhar a carreira do Milton Neves pelo rádio. Ficava tenso com a transmissão do José Silvério e aliviado ao ouvir o Milton, costumava dizer.
“Adotei o Milton como meu personagem preferido e o maior de todos os outros gigantes que havia na rádio” ...
Adorava ouvi-lo informando sobre gol aqui ou ali, em meio a transmissão dos locutores Silvério, Edemar Anuseck e Wanderlei Ribeiro. Depois veio JC Guedes também.
Depois, aguardava o final do Show de Rádio para ouvir o placar da rodada pelo país, com muito molho, a mando do Milton no plantão esportivo.
O que eu mais me lembro era ele falando: “Mais um gol do América de Rio Preto, novamente Luís Fernando”... Isso já em 78.
O jeito dele anunciar era muito magnetizante, ele já era diferenciado mesmo sendo plantão e segundo ele próprio, ‘terceiro goleiro reserva’.
Em 82 eu estava de férias mas trabalhando como auxiliar do Office Boy na Tonbras e meu serviço era ir diariamente em vários bancos, arquivar fichas de clientes, visitar junto ao técnico da fábrica o Mappin para dar assistência técnica aos produtos lá vendidos, ajudar na linha de montagem a dobrar resistências eletrônicas, testar alto falantes e no final de semana ia com meus pais ao Guarujá.
Num desses finais de semana em Guarujá, acompanhei a estreia do Milton no Terceiro Tempo após o jogo entre SPFC e Juventus em 18/7/82 em que o São Paulo perdeu com gol do Ilo para o Moleque Travesso. Foi sensacional e inesquecível. O Show de Rádio era demais, mas o novo programa ainda mais...
Pouco tempo antes, em 5/7, a Seleção Brasileira que encantou o mundo era eliminada inesperadamente pela Itália na Copa da Espanha de 82.
André em duas escolas judaicas: Iavne Beith Chinuch e o saudoso Bialik que virou Alef Peretz e hoje se encontra no clube A Hebraica.
Jogou na seleção da classe do Bialik junto com os ótimos Fabinho Wasserstein e Sidney Klajner. Seu time chegou até a semifinal da Copa Dan-up de Futebol de Salão em 83 (antes de virar Futsal). “Perdemos por 2 a 1 para o Objetivo que era uma máquina, mas o jogo foi bem equilibrado com vários gols desperdiçados pelo nosso time”.
Em 84, ia direto da escola assistir aos treinos do São Paulo com Cilinho no Morumbi. Tempos pré CT. Lembro bem do Oscar e Dario Pereira treinando cabeceadas direto e o Cilinho, recém-chegado muito exigente, treinando o time com tabelinhas e bolinha de tênis...
Neste período, com 16 anos, participei do programa Marcha de Esporte da Rádio Gazeta com Pedro Luiz no comando e gostaram do meu estilo, inclusive me compararam ao Roberto Cabrini que estava se destacando... dizendo que eu levava jeito para comunicação...
Mas meu negócio mesmo era ouvir rádio e acompanhar o Milton Neves.
Gravei vários programas mesmo com chiado do AM mas eu tinha aparelhos de som ótimos de marca Mirage e Melodyne (ambos fabricados pela Tonbras) além de fitas cassetes que proporcionaram uma qualidade de som insuperável para época. Considero o melhor São Paulo que vi jogar o de 1985, do técnico Cilinho. Fui em todos os jogos do Campeonato Paulista que era muito valorizado ainda e a partida na semifinal contra o fortíssimo Guarani ficou marcada na memória como melhor jogo do SPFC de todos: 3 a 0. Uma aula de puro talento do futebol.
No ano do alistamento militar, quis servir o exército por um ano e assim foi. Eu, a farda e o rádio portátil para ouvir Milton Neves em ano de Copa 86. Certa vez sumiu meu radinho no alojamento do quartel e o Efigênio, um sargento corintiano fanático que parecia com o Geraldão (antigo centroavante do Corinthians) pegou e disse que só me devolveria quando parasse de ouvir o santista Milton, hahaha...impossível! Ele não se conformava com o título do Santos em 84 contra o seu Corinthians.
Difícil foi sair do exército, pois o Capitão Domingues que era o comandante do quartel me pediu para ficar até fevereiro. No dia 27/2/87 eu voltei a ser civil e em 2/3 do mesmo ano comecei a trabalhar na fábrica Tonbras S.A. Indústria e Comércio de Aparelhos Eletrônicos que pouco tempo antes, em 1984, tinha diversificado sua atuação no mercado eletrônico e introduzido no mercado nacional o Corretivo Radex, maior aliado das milhões de máquinas de escrever espalhadas pelo país. O Radex era um papel corretivo que corrigia de forma precisa e instantânea erros datilográficos sem deixar vestígios. Produto muito utilizado nos quatro cantos do país e sucesso total. Tinha uma fita adesiva no estojo que acondicionava os 20 Papéis Radex que fixava direto na máquina de escrever.
Eu estava com 19 anos e trabalhava de dia, estudando a noite na faculdade de economia na PUC. Meu trabalho era preparar os pedidos que vinham de todo o país pelo correio (depois surgiu o fax). Trabalhava também na linha de montagem e fazia muitas entregas pela cidade, ABC e litoral...conhecendo diversos clientes como Andreotti, Gimba, Makro, Kalunga, Jandaia, Jambo, Vepea entre muitos outros.
No terceiro ano da faculdade, resolvi trancar o curso pois não estava muito feliz.
Como gostava muito de comunicação, vi um anúncio no Estadão sobre o vestibular de Propaganda e Publicidade na Faculdade Cásper Líbero. Prestei e entrei entre os 10 primeiros...
Me formei lá em 93, sempre trabalhando de dia na Tonbras S.A.
Logo desenvolvemos o Radex Líquido Corretivo que era à base de água e agradou em cheio o mercado. O produto virou referência, utilizado em larga escala em escritórios, expedições e os estudantes também aderiram em massa.
E nesse tempo todo, ouvindo Milton Neves.
Fui para Israel em 87/88 e enviei alguns cartões postais além de cartas para ele.
A Tonbras cresceu bastante nesse tempo todo, lançando diversos produtos Radex tão presentes no dia a dia das pessoas assim como Milton Neves que não para de decolar.
Em vários momentos, encontrei o Milton e filhos no Hotel Casa Grande do Guarujá, na Hebraica bem como no lançamento do livro no Shopping Frei Caneca e no Shopping Aventura em Miami, deparei com a sua esposa Lenice, o Fabio Lucas, sua nora Roberta e as netas Giúlia e Mabê.
Sou o sujeito que melhor conhece a carreira vitoriosa do Milton, estive em Muzambinho recentemente conferindo todos seus primeiros passos e possuo farto acervo de gravações radiofônicas dele. Os melhores “Coutinhos” que tabelaram com Milton nos comentários: Orlando Duarte, Randal Juliano, Cláudio Carsughi, Mauro Nóbrega, Flávio Prado, Roberto Avallone, Mauro Betting e Cláudio Zaidan. No Domingo Esportivo, adorei a dobradinha com Frank Fortes pelas manhãs de domingo. Ele batia de frente nas polêmicas do Milton com grande maestria e muita graça, ambos autênticos caipiras vindos do interior...
E como o primeiro comercial do Milton a gente nunca esquece, o Zacharias que era o uótimooooooooooooo ficava ao lado da fábrica Tonbras Radex na Barão de Limeira e cada vez que eu ia lá, com a minha Caravan Bege estampada com dois adesivos roxos (ou azul escuro) da Rede Zacharias nos vidros traseiros, o pessoal do atendimento dizia que o carro era igual ao do Milton (SA 7777), até na cor. Pura e feliz coincidência pois ganhei este carro do meu pai.
Incrível como essa marca Rede Zacharias de Pneus, só pneus! ecoava pelos quatro cantos da cidade a partir do Terceiro Tempo!!! Tempos românticos, tempos eternamente lembrados...
Este foi o pontapé inicial de uma magistral carreira publicitária a partir de 82 quando Milton fez forte aquecimento para sair do posto de terceiro goleiro reserva. Ganhou a jaqueta 5 mas logo a 10 e em seguida e até hoje, a Mil de Milton.
Enviei algumas fitas gravadas e fotos ao Milton para sua equipe, bem como um postal da Copa de 58 assinado por todos jogadores (Pelé assinava como Edson = Pelé) e comissão técnica na Suécia.
Cultuar a história/memória é fundamental para preparar melhor as futuras gerações. Dessa forma, o mundo será mais interessante sempre.
Parabéns Milton Neves, você faz isso com a maestria de um Pelé, 10 mas sua nota, repito, é 1000!
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