Na estrutura do futebol, nada nem ninguém é mais importante do que os jogadores. Talvez a torcida esteja no mesmo patamar de importância. O esporte não existiria se não fossem por esses dois lados. Mas absolutamente nada está acima dos atletas.
Logo abaixo no nível de importância está o treinador e a sua comissão técnica: são esses profissionais que fazem a engrenagem funcionar numa equipe de futebol. Logo, Tite e seus jogadores são as figuras mais importantes dentro da seleção brasileira. Não existe nada acima deles em termos de importância. O que comissão técnica e jogadores decidirem, está decidido. Desde que batam o pé.
Se quiserem, o treinador e seus comandados têm força mais do que suficiente para derrubar o (cada vez mais) fragilizado presidente da CBF, Rogério Caboclo.
A insatisfação de todo o grupo com o cartola é evidente. Isso por si só, independente do motivo da irritação, já seria suficiente para que jogadores e comissão tivessem força para vencer a queda de braço. Mas o buraco é mais embaixo.
Caboclo está realmente enfraquecido. E uma série de fatores ajuda a explicar isso. o dirigente nunca foi uma figura forte e relevante na história do futebol brasileiro. Não foi atleta, não construiu carreira dentro do esporte. Não se notabilizou como grande dirigente em lugar algum. A presidência “caiu no seu colo” após ser “apadrinhado pela dupla Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero. Curiosamente, o cartola começa a perder força justamente ao romper com os dois ex-presidentes nos últimos meses.
O atual mandatário já vinha com sua imagem arranhada pela fala autoritária com presidente de clubes antes do início do Brasileiro, em que de certo modo ameaçou as equipes que questionassem a disputa do campeonato em meio a pandemia. Dentro da seleção, o clima também já não vinha bem: semanas atrás, a ESPN divulgou áudio vazado em que Caboclo criticava a comissão técnica de Tite, em especial o auxiliar Cleber Xavier, braço direito do treinador.
A coisa piorou com a condução absurda para trazer a Copa América ao Brasil em meio a situação delicadíssima que o país vive com a pandemia. O presidente trabalhou ativamente para que o país recebesse a competição após desistências de Colômbia e Argentina. O fato gerou revolta de parte da população, da mídia e também de jogadores e comissão técnica, que gostariam de ao menos serem ouvidos sobre o tema.
Para pior completamente a situação, vem o episódio mais grave da gestão Caboclo: reportagem do Globo Esporte publicada na última sexta-feira (4) traz denúncia de uma funcionária da CBF que alega ter sofrido assédio moral e sexual do cartola. Um relato asqueroso, que evidencia o comportamento nojento de um dirigente que, assim como seus antecessores, faz mal ao futebol brasileiro.
Caboclo, não por acaso, está muito enfraquecido. O elenco da seleção, se quiser, pode bater o pé contra o presidente. Exigir uma renúncia. Se não pelo bem do futebol brasileiro, pelo bem de suas próprias imagens. Tite e atletas como Neymar, Alisson, Thiago Silva, Casemiro não precisam e seria um erro seguir cumprindo ordens de um dirigente como Caboclo.
Ainda que não queiram politizar a questão envolvendo a seleção, a Copa América e o presidente da CBF, o grupo pode prestar um grande serviço ao país ao se colocar contra Caboclo. Ninguém tem mais força e está em situação mais privilegiada do que eles. Resta saber se estão todos tão engajados em “comprar” essa briga. Se perguntarem minha opinião, respondo que não, treinador e atletas não tomarão uma atitude tão brusca. Mas que têm força pra isso, ah, têm!
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