Técnico argentino demonstra respeito pela história do Peixe. Foto: Ivan Storti/Santos FC

Técnico argentino demonstra respeito pela história do Peixe. Foto: Ivan Storti/Santos FC

Quando se apresentou ao Santos, em dezembro de 2018, Jorge Sampaoli sabia que estava diante de um dos maiores desafios de sua carreira como treinador. Vindo de um período ruim com a seleção argentina, precisando se provar como técnico de alto nível, o comandante chegou a um clube gigante, porém bagunçado; com uma história linda, mas sem grandes possibilidades de investimento; com projeção nacional e internacional, mas que estava em vias de perder seus principais jogadores.

Em pouco tempo, Sampaoli mostrou conhecer o Santos melhor do que muitos santistas e se alinhou ao histórico do clube na maneira de jogar e de se portar perante direção, torcida, jogadores e adversários.

Logo de cara, o argentino – que poderia ver no Peixe apenas uma vitrine para voltar a ganhar destaque no mercado, mas se mostrou comprometido – não prometeu conquistas ao torcedor santista. Sampaoli se comprometeu a montar um time competitivo, que brigaria a todo momento, ofensivo, intenso – com a cara do próprio treinador. Acima de tudo, Sampaoli prometeu um time protagonista. E cumpriu.

No Santos muito se fala sobre o tal DNA ofensivo. Dizem que treinador que não monta a equipe para frente não tem vida longa na Vila Belmiro. Com Sampaoli, o Peixe de fato justificou tal fama. Sob o comando do argentino, o Alvinegro Praiano joga como há muito não se via: uma busca incansável pelo gol, “amor pelo balón”, troca de passes em progressão sempre em busca da meta adversária. A pergunta que fica ao torcedor santista é: quantos times o Peixe montou nos últimos 40 anos que de fato tinham o DNA ofensivo que tanto se fala? Quantas vezes o Santos foi tão ofensivo quanto em 2019? Talvez o time de 2010, especialmente no primeiro semestre daquele, e ainda assim a ofensividade se dava muito mais pela característica e pela “irresponsabilidade” de seus jogadores na época, do que pela postura de seu treinador, Dorival Jr.

Sampaoli respeita o Santos. Respeita a história santista. Mira no time de Pelé e cia para tirar o melhor de seu jogadores. Por isso, quando não garante sua permanência na equipe para a próxima temporada, o argentino sempre fala em ter um time competitivo que esteja à altura da história do Santos, para brigar por grandes conquistas; cobra profissionalismo e ambição da direção; ressalta a importância da Vila Belmiro para o time e pede arquibancadas cheias; e se mostra honrado ao conhecer e ser exaltado por craques do passado alvinegro.

O Santos de 2019 vive uma crise financeira, não conta com dinheiro de patrocinador máster, vive uma gestão péssima e absolutamente instável, mas tem um técnico que transformou um time médio em classificado para a fase de grupos da Copa Libertadores com quatro rodadas de antecedência.

Sampaoli resgatou o jogo ofensivo do Santos. O santista, que se conformava em ver a equipe brigar pelo título estadual e depois cair na “zona Santos” (como os rivais brincavam quando a equipe terminava entre 8º e 10º colocado) no Brasileiro, voltou a apreciar bom futebol. Viu sua equipe, cheia de limitações, brigar de igual para igual com rivais com investimento muito maior. Os títulos de fato não vieram. Mas Sampaoli cumpriu sua promessa e entregou um time protagonista.

Ninguém sabe se o argentino permanecerá na Vila Belmiro em 2020 – tendência é que não fique –, mas a história construída em 2019 é bonita. O estádio voltou a encher, o torcedor voltou a sonhar e se orgulhar, o Santos voltou a encantar.

Últimas do seu time