Morte de garoto boliviano provocada por torcedores do Corinthians cria constrangimento e revolta entre os amantes do esporte

Morte de garoto boliviano provocada por torcedores do Corinthians cria constrangimento e revolta entre os amantes do esporte

No Twitter: @fabiolucasneves

A impunidade é um vírus mortal com alto poder de contaminação. A falta de punição aos crimes que traumatizam a nossa sociedade tornou-se uma instituição nacional. Assim como o famigerado "jeitinho?.

O descumprimento das leis, presente no cotidiano de todos os setores de atividade no Brasil, tem no futebol uma referência. Ao mesmo tempo que gera orgulho graças às cinco Copas conquistadas e aos craques famosos em todo o planeta há décadas, o esporte mais popular do País causa pânico e calafrios.

Sob a desculpa do amor e da paixão, grupos de fãs de TODOS os clubes tupiniquins organizam-se em verdadeiras guerrilhas para impor a violência, o medo e a bagunça.

O pano de fundo é o jogo de bola, cuja importância é infinitamente menor do que a vida de cada um de nós. Entretanto, para esses "soldados? alvinegros, tricolores, rubro-negros, alviverdes e colorados, o que importa é a implementação do terror para "mostrar quem manda?.

"Financiada? pela impunidade e ausência de pulso firme da Justiça e do Ministério Público, os verdadeiros amantes do futebol tornaram-se reféns de bandidos travestidos de torcedores.

Embora já tenha visto milhares e milhares de partidas como jornalista e torcedor em mais de dez países, nunca levei minhas filhas (de 9 e 4 anos) a um estádio. E não o farei enquanto a hostilidade doentia permanecer nas arquibancadas.

Existe solução? Sim, claro. Mas seria preciso tomar uma atitude drástica e impopular para (tentar) conscientizar os marginais que infestam as arenas do Amapá ao Rio Grande do Sul.

A tragédia de Oruro, causada por corintianos, deveria provocar a suspensão do futebol brasileiro por, pelo menos, um ano das competições organizadas pela Fifa e Conmebol. Foi a gota que fez o balde de água transbordar.

Cartolas do Grêmio,  Palmeiras, São Paulo, Galo, Fluminense e do próprio Timão diriam que foram prejudicados por causa da exclusão da Copa Libertadores, é claro. No entanto, nenhuma agremiação verde e amarela, historicamente, fez algo para coibir a ação de marginais no dia a dia das equipes. Invasão de CT, apedrejamemento de ônibus, ameaças a atletas... Que o preço seja pago. E o mais rápido possível. A sociedade cansou-se de ficar sozinha com o ônus. Chega!

Na Inglaterra, funcionou. Basta pesquisar a tragédia de Heysel. Atualmente, na Terra da Rainha, não há sequer alambrados nos estádios. A rivalidade persiste, mas com limites pautadas pela civilidade e respeito à integridade física do próximo.

Sonho em, um dia, levar minhas filhas para ver um jogo do meu time do coração em segurança. Seria um passeio como ir ao cinema ou visitar um parque e representaria um título muito maior do que qualquer Libertadores ou Mundial. Mas esse zagueiro gigante, forte e, aparentemente, invencível, ao menos por enquanto, me impede. Ele se chama IMPUNIDADE. Com esse sujeito em campo, eu prefiro deixar o futebol restrito à TV. Ou nem isso, caso nada seja feito.

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