Confiança, espírito de luta e organização fizeram a marcha do Palmeiras contra o River nesta terça-feira. Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Confiança, espírito de luta e organização fizeram a marcha do Palmeiras contra o River nesta terça-feira. Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

O hino da Sociedade Esportiva Palmeiras é um compasso em quarto por quatro, ritmo marchador que já diz na melodia do que se trata ser palmeirense. Quando surge o alviverde imponente, é como ver a chegada de um exército confiante e firme no propósito de vencer qualquer adversário, em qualquer lugar. Foi o que os comandados de Abel Ferreira fizeram ontem, numa noite épica em Avellaneda, nos 3 a 0 sonoros contra o River Plate pela semifinal da Libertadores.

Narrando o jogo pela Bandnews FM, vi o sofrimento nos 10 minutos iniciais contra o poderoso time de Marcelo Gallardo. Um verdadeiro carrossel de jogadores com Carrascal, Matías Suarez, De La Cruz e Nacho Fernandez circulando a bola até Borré, que debochou do direito de perder gols. Weverton fez um milagre com dois minutos de jogo. Porém, algo me chamou a atenção: o semblante dos palmeirenses: focados, serenos e cientes da pressão que iriam receber, bem como da estratégia que deveriam executar.

Nem sempre temos as melhores condições para alcançar os resultados que precisamos na vida. Por vezes, falta dinheiro, noutras o melhor lugar, as pessoas ideias; em algumas ocasiões, simplesmente duvidam da nossa capacidade de superação. Aí temos o enfrentamento ou a fuga como saídas. O Palmeiras enfrentou. Sem um meia, apostou em três crias da Academia: Gabriel Menino, Patrick de Paula e Danilo. Média de idade: 20 anos, maturidade de veteranos. Luan se machucou no aquecimento, o jovem Alan Empereur assumiu o manto e jogou muito. Rony foi decisivo, Luiz Adriano também.

O palmeirense valoriza o suor, a luta, o bom combate. É um torcedor que viu seu primeiro estádio ser construído com o suor do seu próprio povo. É uma massa que não tem medo de colocar a mão na massa. Tem o vigor dos italianos, o superlativo deles, a fala cantada e o grito forte que canta e vibra. O time de Abel Ferreira foi isso ontem. Aproveitou uma sobra de bola, deu todo a força de seus músculos na corrida de um contra-ataque, foi esperto ao imitar a jogada ensaiada do Borussia Dortmund no gol de Viña. Foi Palmeiras no gramado em que a luta o aguarda.

José Mourinho, na série The Playbook, da Netflix, disse que tem como uma das suas “regras de vida” entender a sua torcida. Assim construiu o Porto campeão europeu de 2004, com jogadores desconhecidos, sem experiência internacional, mas que tinham os valores do povo da cidade que leva o nome do clube. A gana conectou time e torcedor e o resto é história. Abel Ferreira resgatou esta ideia ontem e uniu com cola quente a nação alviverde com a sua equipe. O resultado também irá para os livros.

Se o Verdão será campeão da América eu já não posso garantir. Digo sim que o clube de Parque Antártica já teve times brilhantes, vistosos, de futebol mais encantador do que o de 2020-2021. Porém, os que venceram tinham aquilo que o palmeirense mais gosta: transformaram a lealdade em padrão.

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