Foi Scholes o último ídolo dos Diabos Vermelhos a perder a paciência e criticar publicamente o técnico

Foi Scholes o último ídolo dos Diabos Vermelhos a perder a paciência e criticar publicamente o técnico

Caio Carrieri
Colaboração para o UOL, em Manchester (ING)

David Beckham, Ryan Giggs e Gary Neville viram os torcedores no Old Trafford vaiarem o Manchester United após o empate sem gols com o Valencia, na última terça-feira (2), pelo Grupo H da Liga dos Campeões, em mais uma fraca atuação do time de José Mourinho, em crise e sob pressão.

Foi Paul Scholes, no entanto, o último ídolo dos Diabos Vermelhos a perder a paciência e criticar publicamente o técnico português, que usou a 43ª escalação diferente em sequência. Mais uma mudança não surtiu efeito, e Mourinho acumulou, pela primeira vez em 18 anos de carreira como treinador, quatro partidas sem vencer em casa.

"Estou surpreso que ele sobreviveu à derrota de sábado (para o West Ham, por 3 a 1, em Londres)", declarou Scholes, comentarista da BT Sport, canal inglês de TV por assinatura. "Nas entrevistas ele ataca os jogadores, está com a boca descontrolada e constrangendo o clube", criticou.

Mourinho rebateu. "Não preciso saber o que Scholes disse. Ele fala o que quer e eu não estou interessado. Isso é liberdade de expressão em um país livre, ele fala o que ele quer", retrucou.

No fim de agosto, quando a série de tropeços no Old Trafford começou com a goleada de 3 a 0 sofrida para o Tottenham, com show de Lucas Moura, Mourinho se defendeu dizendo que "os torcedores são os melhores especialistas para julgar o time". Com a derrota para os Spurs, empate com o Wolverhampton, eliminação na Copa da Liga nos pênaltis para o Derby County, da Segunda Divisão, e mais um resultado frustrante nesta terça, os aficionados foram além das vaias. Logo na primeira metade do segundo tempo contra o Valencia, reagiram ao futebol lento com gritos de "Ataque! Ataque! Ataque!".

Em má fase, mas de volta à equipe após ser barrado no fim de semana, Alexis Sánchez pouco fez e acabou substituído. Romelu Lukaku, um dos algozes do Brasil na última Copa, também teve atuação pouco inspirada. O único a conseguir criar algo, incluindo uma bola no travessão do goleiro brasileiro Neto, foi o jovem Marcus Rashford, 20 anos, revelação das categorias de base.

Paul Pogba, em rota de colisão com Mourinho com direito a discussão durante treino na semana passada, passou longe de brilhar e deixou o estádio sem conceder entrevistas. "Não tenho permissão (para me pronunciar)", justificou ao deixar o Old Trafford.

Antonio Valencia, capitão do United, tomou a frente. "Todos sabem que a situação é complicada. Jogamos com personalidade, tentamos vencer, mas não aconteceu. Estamos 100% com Mourinho, ele é o nosso chefe", afirmou.

Se na Liga dos Campeões o United ocupa a segunda posição do Grupo H, com 4 pontos, atrás da Juventus-ITA, que tem 6, no Campeonato Inglês protagoniza o pior início de campanha em 29 anos. Amarga a 10ª posição, atrás de clubes bem mais modestos como Wolverhampton (9º), Leicester (8º), Bournemouth (7º) e Watford (6º), e já vê o líder, Manchester City, com 9 pontos de vantagem passadas sete rodadas. No sábado, o United buscará reagir contra o Newcastle, 18º colocado, no Old Trafford.

Foto: Reuters/Lee Smith (via UOL)

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