José Mourinho é o único técnico do mundo a ter sido campeão pelas fortes ligas espanhola, italiana e inglesa. Além disso, ele possui dois títulos de Liga dos Campeões e dois prêmios de melhor treinador do mundo da Fifa no currículo. Hoje com 51 anos, porém, o treinador enfrenta um outro desafio: trabalhar com uma nova geração de jogadores.

Em entrevista à revista norte-americana 'Esquire' o técnico português contou como é trabalhar com sua segunda geração de jogadores, composta por jovens na faixa dos 20 anos. Vaidosos e conectados, eles estão sempre checando o espelho e os celulares.

"Diversas vezes no Real Madrid os jogadores formavam fila em frente ao espelho antes do jogo enquanto o árbitro ficava esperando no túnel", lembra Mourinho.

Mas este comportamento nunca tirou o treinador do sério. Pai de dois adolescentes, Matilde e José Jr., Mourinho entende que agir assim é comum entre os jovens de hoje e não há como impedir.

"É como a sociedade é hoje. Jovens se preocupam muito com isso. Eles tem 20 e poucos anos e eu tenho 51, se quero trabalhar com crianças, preciso entender o mundo delas. Como posso impedir os jogadores no ônibus de ficar escrevendo, é, como se fala?...Tuítes e essas coisas? Como posso impedir eles se meus filhos fazem o mesmo? Então eu tenho que me adaptar ao momento".

Tuítes à parte, o treinador destaca outra peculiaridade como a principal diferença entre os jogadores com quem trabalhou no início da carreira, em 2000, e os atletas de hoje: a influência das pessoas ao redor. Empresários, amigos e familiares que tentam enriquecer o jogador antes mesmo de ele se tornar um profissional. Segundo o treinador, este tipo de postura pode prejudicar a carreira e, por isso, é preciso saber quem são os jogadores certos, que são apaixonados por futebol e querem ter sucesso.

"Eles tentam fazer os jogadores ricos assim que eles assinam o primeiro contrato, antes de jogar uma única partida no Campeonato Inglês ou na Liga dos Campeões. Isso coloca os clubes, muitas vezes, em situações difíceis.", aponta o treinador. "Você tem que achar o garoto certo, que quer ser bem-sucedido, tem orgulho e é apaixonado pelo jogo. O sonho deste jogador não será um milhão a mais ou um milhão a menos, mas jogar no melhor nível possível e ganhar títulos, porque, se você faz isso, você será tão rico quanto ao final da sua carreira".

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