É mentira que todo time começa com um grande goleiro!
O correto é que qualquer Seleção, time, “quadro” ou agremiação que não tiver um líder “chuteira pesada e garganta forte” não chega a lugar nenhum.
Antes do presidente, treinador e dos outros 10 jogadores, o primordial para o sucesso de um time de futebol é você ter no meio de campo pelo menos um genérico de Zito, Gérson, Chicão ou Dunga.
Não sou de estádios, mas de estúdios, faz quase cinco décadas.
Mas raramente saindo deles, vi Dunga dar ordens aos berros a Bebeto, Branco, Aldair, Márcio Santos e até para Romário em Dallas-94 naquele Brasil 3 x 2 Holanda.
Aí, ganhamos!
Em 2011, no Japão, e na quarta-feira aqui em Marrakech, vi o Santos e o Galo perdendo bovinamente.
Times medrosos, assustados e silenciosos como os milhares de carneiros tão dóceis que “pastam pedras” nos dois lados dos 282 desérticos quilômetros da estreita pista que liga Casablanca a Marrakech.
O movimento é de tráfego quase nenhum em país de baixa densidade demográfica, mas com forte demanda de carneiros que atravessam a pista até em passarelas especiais.
Mas, chegando à cidade de Marrakech, tudo muito muda de figura
Em Marrocos parece só haver vida urbana.
Tudo em meio ao mais caótico trânsito de carros - ou do que restou deles -, pessoas, bicicletas e motos “cinquentinha” aos milhares, chegamos à conclusão de que São Paulo tem o mais perfeito sistema viário do planeta.
Além dos mais educados pedestres.
E Marrakech é toda construída na cor vermelha, assim como o amarelo da pedra dolomita domina Jerusalém.
Tudo falado em francês e árabe, mas que recebeu por dias o forte sotaque mineiro e a palavra “Galo” virou febre por aqui.
Isso de domingo até quarta-feira.
Já na quinta a cidade alvinegra morreu.
A torcida do Galo sumiu, recolheu-se ou “vazou”.
Milhares voltaram mais cedo e milhares fazem excursões na espera de ver o Bayern campeão, o que será muito fácil no sábado.
Convivi e estou convivendo com gente que me adora.
Um orgulho, uma honra.
O abraço de Chico Pinheiro, da Rede Globo, quando cheguei ao estádio trinta minutos antes da tragédia do Galo, foi saudado por umas 4 mil pessoas que nos divisaram no campo visual possível da bela Arena Mohammed VI.
Doutor Neylor Lasmar e os ex-craques “Rei” Reinaldo e Buião também estavam no pedaço.
Mas o Galo não esteve em campo e perdeu feio em histórico vexame.
E o pior do que o pênalti inexistente de Réver foi não terem segurado a informação de que Cuca iria embora.
Ora, vocês já viram a tropa ser avisada antes da batalha que o general ia dar no pé?
Mas estou com dó de muita gente.
Não dos milhares de atleticanos das classes AA e AB que aqui estão ou estiveram.
Mas da “turma da geral”, dos “geraldinos” de BH e de MG que são ainda mais apaixonados pelo Galo.
Só que a recíproca é verdadeira quanto aos torcedores daqui.
Marrakech vestiu a camisa de Casablanca e de Marrocos e a jovem torcida verde, claramente formada por gente carente em seus visíveis problemas sociais, vibrou como nunca na vida.
O país ficou feliz e não para de sorrir.
E o interessante é que eles são todos “iguais”, tipo “carimbo”, como na Bolívia e parte do Chile.
São todos amáveis, fazendo do futebol uma grande festa e foram ao estádio de todo jeito: à pé, de ônibus, motinhas, vans e até em protótipos de camionetes caindo aos pedaços levando perigosamente vinte rapazes onde caberiam sete ou oito.
Em pedaços ficou também o Galo.
Para 2014 não sobrará quase nenhuma pena.
E não é que tiveram pena de mim?
“Milton Neves, não desista de nós, não, viu? Só você nos dá moral em rede nacional e a gente faz esse papelão todo também com você”, ouvi de um médico de Conselheiro Lafaiete-MG na volta ao hotel.
Não é de arrepiar?
De arrepiar e esquentar ainda mais meu pé que nasceu muito quente, como poucos no dia 6/8/1951 em MG.
Mas que agora teimam em baixar sua temperatura em alguns veículos do Brasil a ponto de meus blog, portal, twitter e facebook estarem batendo recordes de comentários e audiência.
E como não me emocionar quando me comparam ou ligam com figuras épicas como Mick Jagger, Luciano do Valle e Galvão Bueno, também eternos “pés-frios”?
Pena que meus pés-quentes não sabem jogar bola tão bem como a garganta que norteou minha vida.
E viva o Galo!
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