A volta de Dunga para a seleção brasileira revela o descontentamento da cúpula da CBF com tudo que ocorreu na Copa do Mundo no Brasil. Dentro e fora de campo.
Se o resultado não agradou, com uma eliminação vexatória para a Alemanha, nas semifinais da competição, a conduta dos convocados também desagradou a entidade máxima do futebol brasileiro.
Felipão não segurou o ímpeto dos mais jovens e isso ajudou também para a sua queda após o Mundial – apesar que depois dos 7 x 1 para a Alemanha, creio que nada seguraria o treinador no comando.
O atual time brasileiro é jovem, formado por jogadores que, apesar da pouca idade, já vivem o apogeu no mundo da bola, inclusive financeiro, e isso faz com que os astros se excedam na relação com torcida, visual e comunicação, principalmente nas redes sociais.
O novo treinador chega para impor limites. Com Dunga, os jogadores terão uma cartilha para seguir à risca. Com toda certeza, o comandante deixará claro o que será permitido e o que não será suportado na seleção brasileira.
O “paizão” Felipão deixará saudades, já que Dunga fará às vezes do padrasto linha dura. Quem aceitar as novas regras ganhará pontos com o treinador e continuará na seleção brasileira.
Dunga é assim. Um profissional que preza pela hierarquia e exige respeito, além de limites dentro e fora de campo. O volante marcador e capitão da seleção brasileira na conquista do tetracampeonato, em 1994, já priorizava essas características. Agora, como técnico, Dunga repete sua liderança escorada numa conduta impecável com a camisa amarelinha.
Gilmar Rinaldi, novo coordenador de seleções da CBF e gaúcho como Dunga, deixou claro isso em sua apresentação, na semana passada, quando criticou o apoio do grupo ao craque Neymar, no jogo seguinte a sua ausência, após a lesão sofrida diante da Colômbia.
O coordenador quer mais coletividade e menos individualidade na seleção. Dunga pensa assim também, por isso seu nome ganhou força na corrida por um substituto para o lugar de Felipão.
Por outro lado, Tite, o maior campeão do futebol brasileiro nos últimos anos, perdeu fôlego na luta pelo lugar de Felipão justamente pelo seu estilo “paizão” na relação com os jogadores. A linha dura agora ditará o ritmo na relação treinador x convocados.
É fato que os números de Dunga em sua primeira passagem na seleção também pesaram a favor do treinador. Com ele, a seleção ganhou tudo antes da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, e acabou eliminada nas quartas de final do Mundial para a Holanda, após duas falhas individuais.
Por isso reitero que seu retorno à seleção não seja um retrocesso. Dunga merece voltar. Agora, bem mais maduro e experiente, o treinador não será mais um “sargentão”, apenas um “padrasto” linha dura.
Twitter: @salgueirofc
Foto: UOL
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