Foto: Reprodução/TV Globo

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Infelizmente o Brasil não consegue aprofundar o debate em torno do que efetivamente está levando o futebol local cada vez mais fundo no abismo técnico. Enquanto uma parcela da opinião pública e dos especialistas aponta para os treinadores, a outra parte prefere atacar os jogadores.

Na verdade todos estão certos. Há uma enorme responsabilidade de toda a engrenagem que forma o futebol brasileiro, mas alguns, certamente, podem carregar uma cruz mais pesada. Esse peso maior vai para os dirigentes. Afinal, cabe a eles dar a direção que toma o nosso principal esporte. E esse é um problema histórico. Se você fizer uma pesquisa vai perceber que várias décadas atrás já se falava no Brasil das dificuldades administrativas no mundo da bola.

Isso vem se acumulando e piora muito quando Ricardo Teixeira resolve se apoderar da CBF por longos 23 anos. Você pode argumentar que nesse período a seleção levantou duas copas do mundo, mas o prejuízo estrutural causado pelo cartola escorre até hoje.

É claro que Teixeira não é o único. Há inúmeros casos de dirigentes que transformaram clubes e federações em capitanias hereditárias e uma hora a conta chegaria. Como chegou. E alta. São clubes falidos, campeonatos esvaziados, jogadores cada vez mais medianos e, claro, treinadores que se juntam a este mar de horrores.

Me lembro que logo após a Copa de 2014 um amigo que vive na Alemanha me mandou uma mensagem para explicar como se dava a organização do futebol por lá. É de cair o queixo, algo completamente diferente do que se vê por aqui. Talvez um dia eu reproduza este correio eletrônico aqui. É de chorar e explica bem porque tomamos de 7 a 1.

Enquanto o Brasil insistir nessa discussão rasa, procurando o treinador – ou jogador – culpado da vez, não será possível aprofundar o debate e identificar e eliminar os verdadeiros problemas que tomam conta do país que um dia foi o do futebol. E antes que você me cobre, sim, nós da imprensa também precisamos corrigir falhas. Uma delas é a de fomentar os discursos imediatistas em busca de um culpado. A verdade é que todos nós temos uma parcela de responsabilidade. A boa notícia é que dá para mudar, depende de cada um que forma esta maravilhosa engrenagem chamada futebol.

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