Ao todo, serão mais de 4 mil profissionais responsáveis pela segurança da final

Ao todo, serão mais de 4 mil profissionais responsáveis pela segurança da final

João Henrique Marques
Colaboração para o UOL, em Madri (Espanha)

Acostumados ao trabalho tenso de um Real Madrid x Barcelona, a polícia de Madri acredita estar diante de um cenário ainda mais perturbador na final da Libertadores entre River Plate x Boca Juniors, no Santiago Bernabéu, no domingo, às 17h30 (de Brasília). O policiamento programado é superior ao superclássico espanhol muito por conta da falta de hábito em controlar um grave problema do futebol argentino : as brigas internas entre as torcidas.

Somada Polícia Nacional e Guarda Civil espanholas são mais de 4.000 profissionais responsáveis pela segurança da final. O número total é o dobro em relação à frota que costuma ser destinada ao trabalho em dia de Real x Barça, no Santiago Bernabéu. Muito por conta do que a polícia chama de período crítico de 2 dias entre sábado e a madrugada de segunda-feira.

As brigas internas são encaradas como novidade em Madri. Recentemente, em agosto, causou espanto na Espanha o fato de torcedores do Boca Juniors brigarem entre si na porta do Camp Nou, em Barcelona, horas antes do duelo entre Barça x Boca, pelo troféu Juan Gamper.

"Aqui você vê uma briga entre Real Madrid e Barcelona ter cunho político e que gera violência entre as torcidas. Na Argentina nós temos, além de um problema cultural de brigas de torcidas, uma disputa por poder. É uma loucura ver as torcidas organizadas brigando entre si jogo a jogo pelo domínio territorial", explica o empresário de jogador de futebol argentino, Alejandro Ghirardi. - ele morou em Madri por 10 anos e viajou de Buenos Aires à capital espanhola por conta do fanatismo pelo Boca Juniors.

"Ali no Boca a briga é pelo domínio da região em volta do La Bombonera. Eles controlam comércio e ingresso e isso gera um atrito econômico entre as facções", detalhou.

Na Argentina, segundo dados do "Salvemos al Fútbol", uma associação civil que trabalha por um futebol sem violência no país, 50% das brigas em jogos na Argentina aconteciam entre torcidas rivais. A porcentagem desabou para apenas 10% em 2017, muito por conta da regra criada de que a torcida visitante não pode ir aos jogos. O trabalho ainda indica que atualmente 70% das mortes são por brigas internas e 30% em confronto entre rivais.

Para minimizar a possibilidade de confrontos, a indicação da polícia foi a de não só separar as torcidas no estádio como também em zonas de concentração em pontos opostos na cidade horas antes do jogo. As "Fan Zone" serão criadas no domingo com abertura dos portões às 9h, e já um intenso policiamento para vigiar possíveis ações de invasores da torcida adversária, e, claro, as brigas internas.

"É uma loucura. Eu venho aqui e o que me gera maior preocupação são os próprios torcedores do River (Plate). Só que somos adaptados a isso na Argentina, com a diferença de que caso não quisermos contatos com os mais violentos é só não circular na área em que eles predominam. Aqui, eles podem estar pela Fan Zone ao nosso lado", lamentou o argentino Juanjo.

A Polícia Nacional espanhola trabalha com um cálculo de que 500 argentinos considerados "especialmente violentos" vão estar em Madri no dia do jogo. O número foi atingido com o auxílio de informações da Polícia argentina. Os torcedores de River e Boca tiveram que cadastrar o passaporte para comprar as 30 mil entradas destinadas aos argentinos. O controle de documentos foi o que facilitou a ação de deportar da Espanha para a Argentina, Maxi Mazzaro, um dos líderes da torcida organizada do Boca Juniors.

"Estamos trabalhando na segurança máxima do aeroporto, nas estradas, estações de ônibus e metrô para detectar as pessoas violentas e com antecedentes penais. Um trabalho minucioso que já nos está dando resultado", destacou José Manuel Rodríguez Uribes, delegado responsável pelo policiamento em Madri.

"Criamos duas Fan Zone em zonas distantes ao estádio para também os controlarmos e quem não quiser desfrutar da festa dessas torcidas é para circular por outros lugares. Esperamos que seja um dia de festa e que a Espanha possa garantir a segurança dos argentinos e ter uma boa imagem", finalizou.

A preocupação com a imagem em muito se deve ao fato de Madri ser a sede escolhida pela Uefa para a decisão da Liga dos Campeões de 2019. O confronto será realizado no dia 1º de junho no estádio do Atlético de Madri, o Wanda Metropolitano.

(Foto: Eduardo Oyana/EFE - retirada do UOL)

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