Figueroa marcou o único tento da partida diante do Cruzeiro. Foto: Reprodução

Figueroa marcou o único tento da partida diante do Cruzeiro. Foto: Reprodução

Tarde nublada em Porto Alegre no dia 14 de dezembro de 1975, há exatos 49 anos.

Final do Campeonato Brasileiro daquele ano, jogo único no Beira-Rio entre Internacional e Cruzeiro.

O ponta-direita Valdomiro sofreu falta no lado direito, próximo à grande área da equipe mineira.

Aos 11 minutos do segundo tempo, o próprio Valdomiro, camisa 7 da equipe colorada, cobrou a falta. A bola passou por Paulo Cesar Carpegiani e encontrou o zagueiro chileno Figueroa, que testou de cabeça, sem nenhuma chance para o goleiro Raul Plassmannn, decretando a vitória do time dirigido por Rubens Minelli (1928-2023), que nos deixou no último 23 de novembro, o primeiro título brasileiro do Inter, primeiro nacional também de um clube gaúcho.

O gol de Elias Ricardo Figueroa Brander ganhou até alcunha: "Gol Iluminado", em razão de uma nesga de sol romper o céu encoberto da capital portoalegrense e iluminar justamente o zagueiro do Inter no momento do cabeceio.

Para celebrar o feito do Inter, conversamos em 2015, por ocasião dos 40 anos da conquista, com alguns personagens daquele jogo e um torcedor ilustre do Colorado.

O técnico Rubens Minelli, que havia chegado ao Inter no ano anterior, vindo do Améria de Rio Preto-SP, contava com um elenco forte, e se lembra muito bem daquela partida final contra o Cruzeiro e da semi-final, diante do Fluminense.

"O Inter tinha um time muito bom. Uma equipe praticamente formada naquele ano Tivemos contratações de alguns reforços e jogava um futebol muito bom. Na semi-final, chegamos ao Rio de Janeiro para jogar e na televisão o treinador, o Didi, dizia que a "Máquina" estava "azeitada", que nós deveríamos jogar fechados. E eu aproveitei isso na minha preleção, para motivar os meus jogadores. E, na partida, anulamos o adversário completamente, ganhamos por 2 a 0 (gols de Lula e Carpegiani), poderíamos ter feito até mais", relembrou Minelli durante entrevista concedida ao Portal Terceiro Tempo em 2015.

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O saudoso Rubens Minelli comandou a equipe colorada no primeiro título nacional em 1975 e também no bicampeonato, em 1976. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Valdomiro, ex-ponta-direita do Inter, é um dos maiores nomes da história do clube gaúcho, recordista de atuações (853 jogos) e 192 gols marcados. Era o titular da equipe na inauguração do Beira-Rio em 1969 e também nos três títulos brasileiros do clube, em 1975, 1976 e 1979.

Em 14 de dezembro de 1975 foi ele quem cruzou a bola para o gol de Figueroa.

"A gente fica contente porque eu fui titular do Inter por 13 anos e meio. E aquela decisão de campeonato foi muito importante para nós. O Cruzeiro tinha um time muito forte. No gol, tinha uma frestinha de sol, o "Gol Iluminando" do Figueroa, acho que o "velhinho" lá em cima disse `vamos dar o título para eles´, brinca Valdomiro. Foto: arquivo pessoal de Valdomiro

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Valdomiro e Kledir, da dupla Kleiton & Kledir no Beira-Rio, antes da reforma do estádio colorado. Foto:arquivo pessoal de Kledir Ramil

A camisa 10 do Inter naquele dia foi vestida pelo clássico Paulo César Carpegiani, o chamado "segundo homem de meio-campo", que estava no lance do gol de Figueroa. Carpegiani também falou da postura do Cruzeiro na final, que pressionou o Inter, sobretudo após sofrer o gol.

"Eu pulei na frente do Figueroa, e talvez eu tivesse feito o gol que nos deu o título. Até o gol nós atacamos, buscamos, e depois eles (Cruzeiro) imprimiram um ritmo que tivemos que aguentar, algumas faltas do Nelinho e o Manga foi muito importante, e acho que coroou a melhor equipe, naquela conquista inédita", relembra Carpegiani. 

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Paulo César Carpegiani foi um dos destaques da campanha do Inter em 1975. Foto: Portal TT

Também ouvimos um dos mais fanáticos torcedores do Inter, o cantor e compositor Kledir Ramil, da dupla gaúcha Kleiton & Kledir, que gravou com o irmão o hino do Inter para um CD em uma edição especial da Revista Placar.

Kledir, que inclusive é embaixador do Inter, estava começando sua carreira musical no grupo "Almôndegas", na época do primeiro título brasileiro do seu time de coração, alguns anos antes de iniciar uma trajetória de sucesso ao lado do irmão, com músicas marcantes, como "Deu Pra Ti", "Vira Virou", "Fonte da Saudade" e "Paixão", entre outras.

"Essa data ficou inesquecível pra mim, eu não estava no jogo, mas não canso de assistir esse 1 a 0 em cima do Cruzeiro. E não só o jogo que nos deu o primeiro título do Brasileirão, mas aquele "Gol Iluminado" do Figueroa, aquilo é divino, uma presença de Deus, na hora em que ele foi meter a cabeça na bola e veio um raio de luz iluminando", emociona-se Kledir.

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Kledir Ramil, da dupla Kleiton & Kledir. Colorado apaixonado, ele menciona o Beira-Rio na icônica "Deu Pra Ti", uma das canções de maior sucesso que compôs ao lado do irmão. Foto: Balaio/Facebook de Kledir

Equipe do Inter que começou o jogo decisivo do Brasileiro de 1975, contra o Cruzeiro. Em pé, da esquerda para a direita: Valdir, Manga, Figueroa, Hermínio, Chico Fraga e Falcão. Agachados: depois do massagista, estão: Valdomiro, Caçapava, Flávio Minuano, Paulo César Carpegiani e Lula. Os dois laterais titulares, suspensos, não puderam atuar: Cláudio Duarte e Vacaria. No jogo, Rubens Minelli promoveu uma única substituição: Jair no lugar de Valdomiro. Foto: Divulgação

ABAIXO, O VÍDEO DO "GOL ILUMINADO" DE FIGUEROA

ABAIXO, OS MELHORES MOMENTOS DE INTER 1 X 0 CRUZEIRO, EM 14 DE DEZEMBRO DE 1975, DECISÃO DO BRASILEIRÃO

Edição dos áudios das entrevistas: Kennedy Andrés

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