Se você acredita que este foi um negócio ruim para o Corinthians, sugiro reavaliar. Foto: Divulgação

Se você acredita que este foi um negócio ruim para o Corinthians, sugiro reavaliar. Foto: Divulgação

Apesar de já ter atuado na área de marketing – e até mesmo de concluir uma pós-graduação nesse segmento – estou bem longe dos especialistas que lidam com isso no dia a dia. Mesmo assim não é preciso ser um gênio do mercado para se chegar a algumas conclusões do negócio fechado pelo Corinthians com os direitos de uso de marca na arena do time.

O primeiro ponto é que Andrés Sanchez prometeu e cumpriu com a palavra ao encontrar um parceiro para esta tratativa. E nada mais justo. Afinal, quem lançou o Corinthians nesta aventura da casa própria é que deve realizar os ajustes.

Muita gente tem dito que os 300 milhões de reais que o Corinthians irá arrecadar com a parceria dos próximos 20 anos, mas que irão diretamente para pagar a dívida com a Caixa, é um valor baixo. Se a comparação for com o Allianz Parque, a arena palmeirense, pode até parecer que não foi mesmo um bom acordo. Quando em abril de 2013 a WTorre e a IMG acertaram os valores de patrocínio para o então novíssimo estádio do Verdão, o valor era o mesmo: 300 milhões de reais. Naquele momento um dólar valia dois reais, assim a construtora, que é quem administra o espaço, embolsou 150 milhões de dólares. Hoje, os 300 milhões do Corinthians representam algo em torno de 55 milhões de dólares pela cotação dessa terça-feira, 1/09. Fazendo a chamada “conta de padeiro”, o Corinthians fez um péssimo negócio.

Mas não é essa avaliação que precisa ser levada em consideração nesse instante. Os cenários são completamente diferentes. Sete anos atrás a realidade econômica do Brasil e do mundo eram opostas. O país vivia a expectativa da Copa do Mundo no ano seguinte, o PIB havia crescido 2,3% e os novos estádios – superfaturados – chamavam a atenção.

Atualmente, com um panorama inédito de caos, colocar um dinheiro no cofre deve ser motivo de comemoração. Também é preciso entender que houve uma supervalorização desse conceito de naming rights por aqui. A nossa cultura não é a de colocar nomes patrocinados em praças esportivas, nunca foi. Esse é um modelo americano, da principal economia do planeta, de muitos anos, que por aqui tem enorme dificuldade para se estabelecer. Basta ver que de todos os novos estádios construídos antes da Copa de 2014, somente dois até aqui conseguiram viabilizar estes acordos: o Allianz Parque e a Itaipava Arena Fonte Nova em Salvador. O Corinthians é o terceiro. Na primeira década deste século a Arena da Baixada se transformou em Kyocera Arena, entre 2005 e 2008, depois disso não conseguiu emplacar outro nome, assim como tantas outras arenas novinhas espalhadas pelo Brasil.

Portanto, se você acredita que este foi um negócio ruim para o Corinthians, sugiro reavaliar. Em tempos bicudos, um acordo milionário deve ser celebrado. O Itaquerão, agora passa a ser a Neo Química Arena.

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