No jargão jornalístico, Hamilton "derrubou meu texto" ao vencer o GP da Alemanha no último domingo (22), em Hockenheim.
Eu já havia esboçado o "esqueleto" da croniquinha para falar do seu exagerado desespero quando uma pane hidráulica o alijou da classificação, obrigando-o a partir de um modestíssimo 14º lugar.
Para quem não viu, Hamilton desceu do carro e começou a empurrá-lo, dando a impressão de que queria levá-lo aos boxes, para um improvável conserto.
Ainda contou com ajuda de fiscais. Tudo fora do regulamento. Se conseguisse seu intento, seria proibido de voltar à pista e poderia ser punido.
Em pouco tempo desistiu da ideia exdrúxula e ajoelhou-se ao lado da Mercedes #44.
Parece meio inacreditável, mas a impressão que tive é a de que Hamilton desconhece o regulamento da FIA.
É só uma impressão.
Foi só teatro, óbvio. Equivalente àquele jogador que sai rolando por uma dezena de metros após levar um esbarrão...
Muita gente se "derreteu" com o suposto heroismo do inglês.
Hamilton é bom demais, entre os melhores pilotos do atual grid da F1, e não precisa desse tipo de artifício para ficar em maior evidência.
No dia seguinte, depois que Vettel cometeu um erro quase inadmissível a um tetracampeão mundial de Fórmula 1, Hamilton conseguiu aquilo que parecia improvável ao vencer a corrida alemã, diante da torcida de Vettel mas também da Mercedes.
Me fez lembrar, ainda que em bem menor grau, o que aconteceu no GP de San Marino de 1983, em Imola, quando a torcida italiana vibrou assim que o italiano Riccardo Patrese abandonou com a Brabham, e o francês Patrick Tambay, da Ferrari, então ameaçado em sua liderança, seguiu tranquilamente para vencer. Mais valeu a Ferrari vitoriosa com um francês ao volante do que um italiano a bordo de um carro inglês com motor alemão...
Mas, voltando à vitória de Hamilton, no final das contas, ela só foi possível de fato pela benevolência dos comissários da prova, que fizeram "vistas grossas" para a infração que cometeu, quando cruzou a linha que separa o pit-lane dos boxes, manobra proibida que deveria ter sido punida. No mínimo, cinco segundos, o que mudaria o triunfo para as mãos de Bottas.
Ah, se fosse o `habitué´em barbeiragens Romain Grosjean...
E a Ferrari nem chiou...
Explica-se: o time italiano sabe, que se fosse Vettel e não Hamilton a cometer a infração, os comissários também seriam condescendentes.
Na verdade o time italiano ganhou um crédito.
Se for Vettel em outra prova a cometer uma infração, a Ferrari pode ficar sossegada.
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Tem gente que só funciona sob pressão.
Enquanto as águas estão calmas - e somente marolas lhe fazem cócegas-, sua nau segue sob controle e o sujeito dorme no convés.
É preciso que ondas quebrem com violência nas pedras para que ele decida enfunar as velas e encarar a borrasca.
Enveredei em termos náuticos para traçar um paralelo com o finlandês Kimi Räikkönen.
Se há um piloto insosso no grid, para mim, é ele.
Campeão de 2007, pela Ferrari, "empurrou com a barriga" mais dois anos de contrato pelo time italiano, deixou a F1 por dois anos e voltou pela Lotus para duas temporadas que deram um indício de que poderia estar com mais disposição, incluindo duas vitórias.
Depois, um novo aceno da Ferrari, em 2014, equipe em que está até hoje, sem nunca mais ter vencido.
A Ferrari, desde então, conseguiu 12 vitórias, todas com Sebastian Vettel...
É uma goleada desmoralizante para o finlandês.
Muita gente "baba" com suas mensagens pelo rádio.
O consideram divertido com seu inglês robótico e respostas atravessadas a engenheiros e jornalistas.
Vou contra esta maré favorável ao finlandês que trata seus pares a patadas e pouco sorri.
Tenho um pé atrás, às vezes os dois, com pessoas que sorriem pouco. Cisma minha.
Mas, de fato, a maré não está favorável ao piloto que em outubro completa 39 anos.
O monegasco Charles Leclerc, que no mesmo mês de outubro assoprará 21 velinhas, marinheiro em sua primeira viagem, digo temporada na F1, é quem deverá partilhar o boxe ferrarista com Vettel na próxima temporada. Está barbarizando pela Sauber. É piloto vinculado à Ferrari.
A equipe de Maranello não é de arriscar muito, não tem tradição em disponibilizar seus carros a pilotos jovens, com baixa quilometragem.
Mas, talvez lembrando de Jules Biachi, que ela emprestou à Marussia e acabou o perdendo após o acidente absurdo durante o GP do Japão de 2014, que o levou à morte um ano depois, seja um bom argumento para que Leclerc aporte em Maranello em 2019.
Vettel, que está bem "aceso" em 2018, lutando ferrenhamente com Hamilton pelo quinto título na F1, tudo indica terá um companheiro de equipe bem mais competitivo e simpático em breve.
Se Räikkönen realmente sair da Ferrari, e não encontrar outro cockpit para 2019, terá tido um bom currículo na F1.
Seu problema, ao longo de sua jornada na F1, é que muitas vezes pareceu estar à deriva.
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Cair todos caem.
Mas, parafraseando o genial e saudoso Paulo Vanzolini, nem todo mundo "levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima".
A queda, quase sempre, é consequência de besteiras que fazemos, embora tenhamos o mau hábito de sempre acharmos culpados para nossos fracassos.
Não foi a falta de estudo que coloriu nosso boletim de notas vermelhas, mas o professor chato que pegava no nosso pé...
Não foi a distração ao celular que fez com que enchêssemos a traseira do carro à frente, mas os freios que falharam...
Não foi a indolência e a falta de comprometimento que nos colocou na fila do desemprego, mas o chefe que perseguia, assediava...
No futebol, por exemplo, salvo exceções de praxe, a maioria dos grandes clubes rebaixados arrumou desculpas.
"Foi o juíz", "o jogador do outro time que fez corpo mole" para prejudicar na rodada derradeira do campeonato...
Tem clube que até foi rebaixado e nem admite que caiu, vejam só...
No automobilismo, em especial nas equipes, é difícil encontrar um responsável pelo fracasso que não esteja intramuros.
Ah, sim, ainda há aquela desculpa esfarrapada de que "o regulamento deste ano nos prejudicou", ou "os pneus estão desgastando muito" e por aí vai...
Mas, fazendo consciência, um time de F1, por exemplo, avaliando bem sua situação, vendo seus carros no fim do pelotão, sabe bem o porquê disso.
Errou no projeto, o motor é ruim, os pilotos não são fora de série, os mecânicos são de segunda linha, o chefe de equipe não comanda bem seus subordinados. Estes são os motivos, e uma hora alguém precisa dar o murro certeiro na mesa e virar o jogo.
A McLaren, gigante, entrou numa barca furada recentemente.
Não estou falando da parceria com a Honda, alvo de muitas críticas, mas da saída de Ron Dennis.
Ao longo da minha vida, acompanhando F1, sempre li e ouvi coisas ruins a seu respeito. Que era austero, grosso, prepotente.
Até o dia em que tomei conhecimento do lado de Ron Dennis, via Ingo Hoffmann, maior campeão da Stock Car, que foi piloto do time de Dennis na F2, quando Ingo foi meu entrevistado no Bella Macchina em abril de 2014. Está aqui.
Ingo exaltou o profissionalismo e o altíssimo nível de competitividade de Ron Dennis, de quem tornou-se amigo, a ponto de uma vez ter sido convidado para passar alguns dias na casa dele em Portugal, onde ficaram eles e suas respectivas esposas.
Ingo lembrou, que na praia, Ron queria disputar corridas e saltos com ele na areia, e ainda armou uma pequena regata com veleiros alugados. O ainda chefe de F2 queria vencer tudo, até brincando nos dias de descanso no litoral luso.
Por isso, por esse "sangue nos olhos", levou a McLaren ao patamar que levou. Nunca quis perder.
Ah, mas ele teve o Prost, o Senna, o Hakkinen, o Hamilton, entre outros...
Oras bolas, escolhas dele!
Assim como projetistas, mecânicos, fornecedores de motores, combustíveis, lubrificantes.
Tantos acertos trouxeram patrocínios e, consequentemente, lucro. Muito lucro.
Foi parceiro da McLaren, acionista, sócio.
Ganhou dinheiro, mas não passou a perna na empresa com permutas indevidas e patrocínios por "debaixo do pano".
Ambicioso, mas honesto.
A sede da McLaren, que ajudou a construir, é um assombro de linda.
Transformou a McLaren numa gigante, a ponto de seus carros "de rua" terem-se tornado objetos de desejo, somente menos cobiçados que os icônicos da Ferrari.
A "americanização" da McLaren, a contratação do diretor esportivo Éric Boullier, que nesta semana pediu demissão após quatro anos de trabalho, mostraram-se inócuas.
Agora, a chegada de Gil de Ferran para o cargo de Boullier, é o primeiro passo que o time inglês dá sinalizando que almeja deixar o fundo do poço.
Quase fundo do poço, porque hoje quem está lá é a Williams.
Gigante outrora, o time de Frank Williams ainda muito forte fornecendo e desenvolvendo tecnologia, mas que em termos de F1 se acomodou.
A ponto de hoje ser o lanterna do campeonato.
Parece ter errado feio a "mão" na construção do seu FW41, ainda que impulsionado pelo ótimo propulsor da Mercedes.
E, de quebra, passou a "alugar" seus cockpits a pilotos endinheirados e não necessariamente talentosos.
A McLaren é aquele sujeito que perdeu o emprego, reconheceu as besteiras que fez e está indo à luta. Dignamente.
A Williams é aquele outro que está em casa, não aposentado, mas sustentado pela mulher, lavando louça, fuçando na internet refestelado no sofá e cuidando do cachorro.
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Alguns acham que o esporte não deve se misturar à política.
Não concordo.
Pintei minhas tornozeleiras de amarelo em 1984, nos tempos em que treinava na Portuguesa de Desportos.
Imitava o Sócrates, ídolo maior do meu time, que também fazia isso usando a cor símbolo das Diretas Já.
Outro dia, nesta Copa da Rússia, dois jogadores suíços, descendentes de kosovares, comemoraram seus gols fazendo o sinal da águia, que é o simbolo da Albânia. Kosovo, uma ex-província sérvia de maioria albanesa, obteve a independência em 2008, mas a Sérvia nunca a reconheceu. O jogo foi contra a Sérvia.
Reinaldo, centroavante dos bons, o melhor que vi jogar, craque do Atlético-MG e da seleção brasileira, que teve seus joelhos destruídos por beques truculentos nos anos 70 e 80, comemorava seus gols erguendo o braço, punho cerrado, em alusão aos "Panteras Negras" e aos negros americanos que protestaram nos Jogos Olímpicos de 1968 contra o racismo. O protesto de Reinaldo tinha um alvo certeiro: os sanguinários ditadores brasileiros e da América do Sul.
No último domingo (24), em Paul Ricard, no retorno da Fórmula 1 à França, após uma lacuna de dez anos, a Renault deu uma "bola dentro" ao colocar uma mulher árabe no cockpit de uma Lotus Renault de F1 de 2012, para uma volta no traçado de Le Castellet: Aseel Al-Hamad, o nome da moça, que representa as mulheres na federação de automobilismo árabe.
E isso aconteceu dias após a Arábia Saudita ter permitido (pasmem), somente agora, em 2018, que mulheres guiem automóveis...
Sim, a presença de Aseel, com seus grandes olhos negros a bordo do E20 que um dia foi de Kimi Raikkönen, foi uma forma de dizer ao mundo que as mullheres, árabes ou de qualquer outro lugar deste planeta cheio de preconceitos e atrocidades, devem ocupar qualquer atividade, inclusive religiosa, certo, Vaticano?
Aseel deixou seu recado em entrevista à Reuters.
"Acredito que hoje não se trata apenas de celebrar a nova era de mulheres que estão começando a dirigir, mas também o nascimento de mulheres no automobilismo na Arábia Saudita, e o mais importante, que estou ansiosa para ver, é a próxima geração, de garotas jovens tentando o esporte a motor. Eu quero vê-las treinando e levando o esporte muito a sério como carreira. Esta vai ser realmente a minha maior conquista", disse Aseel.
Que seja mais que um desejo, uma espécie de profecia.
E, que a primeira vitória de uma árabe no esporte a motor, seja comemorada com o braço erguido. E o punho cerrado.
ABAIXO, VÍDEO COM ASEEL AL-AHMAD EM PAUL RICARD, GUIANDO UM F1.
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O espanhol Marc Márquez, tetracampeão da MotoGP, caminhando a largos passos para o penta, guiou um F1 pela primeira vez, na última terça-feira (5).
Piloto da Honda, o astro das duas rodas participou de uma ação da montadora japonesa, fornecedora do propulsor da Toro Rosso, para algumas voltas na pista austríaca de Spielberg com um modelo da temporada de 2012, o STR7.
Aos 25 anos, Márquez tem contrato com a Honda para guiar no Mundial da MotoGP até o final de 2020.
Há pouco mais de um ano, durante coletiva promovida pela Honda e a cervejeira Estrella Galicia, em São Paulo, indagado por Claudio Carsughi sobre a possibilidade de fazer como John Surtees, que migrou das motos para os carros, onde foi campeão mundial de F1, Márquez descartou a possibilidade e trocar as motos pelos carros.
"Não creio que eu vá correr na F1, no meu caso é impossível. Há os pilotos de F1 especializados, que andam em carros desde muito pequenos. O meu mundo é das motos", atestou Márquez.
As pessoas mudam de ideia. E devem mudar mesmo.
"Experiência incrível conduzindo um F1! Sem palavras para descrever, muito satisfeito", disse Márquez ao término do teste com a Toro Rosso.
Talvez a pretenção maior do espanhol seja igualar, melhor, superar o número de títulos de Valentino Rossi, que soma seis.
Matematicamente falando, Marc tem tempo suficiente para isso, até concluir seu contrato com a Honda em 2020.
E, caso consiga, bem que poderia mesmo trilhar o mesmo caminho de Surtees, heptacampeão nas motos e campeão da F1 em 1964.
De lá para cá, puxando pela memória, lembro do caso do venezuelano Johnny Cecotto, bom nome do motociclismo nos anos 70 (campeão nas 350cc em 75), que guiou na F1 em 1983 e 1984, neste último ano sendo o primeiro companheiro de equipe de Ayrton Senna, na Toleman.
Porém, Cecotto foi um coadjuvante na F1. Apenas um ponto, em 1983, pela Theodore. Deixou a categoria em 1984, após um grave acidente nos treinos para o GP da Grã Bretanha, em Brands Hatch.
Já passou da hora de um nome de peso do motociclismo tentar igualar o feito de Surtees.
A justificativa de Márquez, dizendo que "há os pilotos de F1 especializados, que andam em carros desde muito pequenos", até pode convencer alguns, mas não ´cola´para os padrões atuais dos carros, ´pregados´no chão e com muita assistência.
Nos anos nas quatro primeiras décadas da F1 era muito importante fazer a "escadinha", subir degrau a degrau para chegar apto à categoria máxima do automobilismo.
Fazendo uma comparação, alguns grandes nomes das motos em ralis, quando foram para os carros, tiveram sucesso.
O caso mais relevante é o do francês Stéphane Peterhansel, 13 vezes campeão do Rali Dakar (seis nas motos e, depois, mais sete nos carros).
Já conversei com pilotos que passaram das motos para os carros em ralis, e todos foram categóricos em dizer que tinham muito mais os `macetes´para encarar os obstáculos dos trajetos por conta da dificuldade maior nas motos.
Claro, terra e asfalto são diferentes, mas a coragem que o sujeito precisa ter a bordo de uma moto a mais de 340 quilômetros por hora, ajuda, e muito, quando o velocímetro aponta esta mesma velocidade em um carro.
Marc Márquez não precisa provar mais nada no motociclismo.
Eu, em seu lugar, tendo uma proposta boa tecnicamente, toparia o desafio.
Viraria a página e me equilibraria no conforto dissonante das quatro rodas.
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Editor de automobilismo do Portal Terceiro Tempo, começou no site de Milton Neves em 10 de março de 2009. Também atua como repórter, redator geral, colunista e fotógrafo. Em novembro de 2010 criou o Bella Macchina, programa em vídeo sobre esporte a motor que já contou com as presenças de Felipe Massa, Cacá Bueno, Bruno Senna, Bia Figueiredo, Ingo Hoffmann e Roberto Moreno, entre outros.
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