Deve ter sido em 1978 a minha primeira visita a um Salão do Automóvel, no Pavilhão de Exposições do Anhembi.
Falo isso porque lembro bem do alvoroço em torno do Corcel II, lançado no final do ano anterior.
Eu era leitor assíduo de "Quatro Rodas", em especial dos testes capitaneados por Claudio Carsughi; reportagens completas, detalhadas, beirando a perfeição.
O Salão, em si, servia apenas para que eu sentisse o cheiro do estofamento e simulasse trocas marchas, afinal, quase todos os carros tinham câmbios manuais.
Eu sabia exatamente quantos cavalos cada motor desenvolvia, quantos litros o porta-malas comportava, o consumo médio na cidade e na estrada, etc.
O Anhembi deixou de sediar o evento. Em 2016 as montadoras trocaram a zona norte pela zona sul da cidade, para o São Paulo Expo, na Imigrantes.
Há um estacionamento coberto a R$ 45,00 (preço fixo, sem fracionamento, tanto faz se você passar duas ou 12 horas...). Dele é possível acessar o pavilhão por uma passarela coberta. Todo conforto tem seu preço...
No Anhembi, estacionar era uma aventura. A avenida Olavo Fontoura, via de acesso ao estacionamento, ficava travada. Custava bem menos, é verdade, mas em dia de chuva as poças obrigavam os visitantes a saltos que normalmente resultavam em sapatos encharcados.
Aqui, uma curiosidade: nos tempos do Anhembi eu morava por aqueles lados. E, hoje, também moro perto do São Paulo Expo.
O Salão me persegue...
Os estandes ficaram menores, e não poderia ser diferente, uma vez que o espaço atual é bem menor que o do Anhembi.
Caminhar pelo antigo Salão era tarefa para semi-maratonista.
Hoje é fácil varrer todo o espaço por duas vezes durante um único período do dia, sem cansar. O ar-condicionado também ajuda, outro item inexistente no Anhembi.
Porém, o que me chama mais atenção no atual modelo de Salão do Automóvel de São Paulo, desde o anterior e este, é com relação aos carros.
A preocupação dos fabricantes, e de grande parte do público, se volta às centrais multimídias dos veículos...
A tal da interatividade...
Pouquíssimos expositores abrem os cofres dos motores.
Muitos visitantes "dão de ombros" à motorização, pois estão mais interessados em saber o tamanho da tela que há a bordo, bluetooth, compatibilidade para IOS, Android...
Exceto pela obsessão, quase tara, que alguns têm em relação à expressão "quilos de torque", isso sem ao menos terem noção de como se chega a um determinado valor nesse quesito.
Aliás, vejo alguns vídeos curiosos na internet, em que sinto a chamada "vergonha alheia".
Apresentadores que sentam-se ao volante e usam expressões como "puta" carro, essa roda é muito f*..., e essa cor é do c*...
Outro dia, um extremo, em um vídeo de um grande site: o moço guiava um utilitário 4x4 e criticava os "degrais" existentes na base da alavanca do câmbio automático...
Outro apresentador, de outro "canal", sugeria que seus espectadores vissem as "fotinhas" de um carro em seu Instagram. O diminutivo de foto é fotinho ou fotozinha. "Fotinha" não existe.
Quando ouço "pérolas" deste naipe me embrenho no site do Carsughi, onde os termos técnicos são esmiuçados por um engenheiro de formação e jornalista de primeira.
Sem palavrões, e de forma simples e ao mesmo tempo elegante, o Mestre traduz a linguagem técnica para a coloquial, a exemplo do que fazia Joelmir Beting com a economia.
Voltando ao Salão...
Neste ano, o apelo aos veículos elétricos ganhou um espaço ainda maior, quando comparado à exposição de 2016.
Os fabricantes exaltam o progresso na autonomia, "Calcanhar de Aquiles" dos modelos que necessitam de uma carga na tomada.
Aliás, falando em carga na tomada, em um país como o Brasil, tão vulnerável na questão energética, com sua matriz hidrelétrica, dependente do regime de chuvas, imagino o desastre que seria se a frota elétrica de veículos aumentasse.
Se hoje há "bandeira vermelha" na conta de luz toda vez que o nível das represas cai, o colapso será inevitável se além de chuveiros na posição "inverno" e chapinhas para moldar fios de cabelo, as pessoas ainda utilizarem a tomada de casa para recarregar o possante...
Os veículos elétricos, silenciosos, se fossem comestíveis seriam comparáveis àqueles doces sem graça que viraram modinha, os cupcakes. Prefiro nem mencionar os carros autônomos...
De qualquer forma, ainda há espaço, mesmo que reduzido, como sempre foi, para travessos motores de 8, 10 ou 12 cilindros.
Entre doçuras e travessuras automobilísticas, a diferença é bem grande...
Dispenso, obviamente, as doçuras...
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Cairei no chavão de que se conselho fosse bom... O resto todos já sabem...
Mas, na esteira da emoção pela pré-estreia de "10 Segundos para Vencer", filme sobre a trajetória de Eder Jofre, bicampeão mundial de boxe por duas categorias (Galo e Pena), não resisti à tentação.
Durante a exibição na noite da útlima segunda-feira (10), em São Paulo, imaginei o quanto o filme pode ser bom para que pais e filhos o assistam, juntos de preferência.
Pensei na dupla Neymar, o pai e o filho, especialmente.
Kid Jofre, brilhantemente vivido por Osmar Prado, é um pai exigente. Com sua larga experiência como treinador de boxe, sabe que tem uma pedra preciosa dentro de sua humilde casa no bairro do Peruche, zona norte da capital paulista.
Eder Jofre, personificado com brilhantismo por Daniel de Oliveira, que acertou o tom com uma interpretação que coaduna força e leveza, vive o dilema de um futuro sem garantias. Ótimo desenhista, Eder se confronta com a possibilidade de uma carreira "normal" e a incerteza do boxe. Um esporte individual, muito mais difícil do que aquele praticado ao lado de 10 companheiros de time...
Kid Jofre foi decisivo. Me atrevo a dizer que Eder não teria chegado no patamar em que chegou sem ele.
Foi o pai que ajudou, como deve ser um pai.
Não ficou deslumbrado com o sucesso do filho.
O próprio Eder, em que pesem algumas poucas extravagâncias que teve, comuns à juventude, também não ficou embasbacado pelo guarda-roupas que passou a ter não mais apenas uma, mas dezenas de camisas de pano bom.
Lutou, primeiro, pelo irmão que sofria de câncer, Doga, e sua mãe Angelina, docemente encarnada por Sandra Corveloni. Depois, pela esposa Cidinha e os filhos Marcel e Andrea. Mas também lutou por ele mesmo, nunca pelos "parças".
Retomou sua carreira para vencer em outra categoria, após as contestadas derrotas para o japonês Harada.
Eder deu a volta por cima porque era talentoso demais e também por não ter um pai a lhe passar a mão na cabeça em momentos em que eram necessários "puxões de orelha".
Kid era duro mesmo, como está na película, ouvi isso de familiares e amigos com os quais conversei.
Fez Eder emagrecer "a fórceps" para sua primeira grande vitória internacional.
Tirava da boca de Eder a fatia cobiçada de pudim, seu doce predileto.
No fim das contas, e da vida, Kid "abre a guarda".
Doente, e vendo o filho voltar a vencer, adota uma postura quase materna, como deveria ser a postura de todo pai.
Deu o carinho que o filho merecia. Foi duro sem perder a ternura...
Neymar, que não é mais um menino, precisaria de um exemplo assim.
Eder prometeu ao pai que nunca ouviria a contagem de 10 segundos e cumpriu o prometido.
Não fez firula no ringue, nunca simulou os golpes que não "encaixaram"...
O sangue esteve ali, vermelho e denso no rosto.
Não era fácil ser Eder Jofre.
Mas ele foi...
ABAIXO, TRAILER DE "10 SEGUNDOS PARA VENCER"
Depois de 14 corridas, duas jogadas na lata do lixo, em especial o GP da Alemanha, Sebastian Vettel precisa se recompor para ganhar seu quinto título mundial na Fórmula 1, primeiro pela Ferrari.
Sobre isso, vale lembrar que todos os campeonatos que levantou foram pela Red Bull.
Assim, para não ficar com a "pecha" de campeão de um carro só, está mesmo na hora de provar que pode ganhar com outra máquina.
Bella Macchina, por sinal, esta sua Ferrari de 2018...
Loria. Este é o nome que Sebastian deu à SF71H, seu atual carro. Loria refere-se à árvore do louro, de onde nascem aquelas folhinhas que usamos para temperar feijão e com as quais são feitas as coroas das vitórias, as coroas de louros...
Desde 2008, então na Toro Rosso, ele dá nome aos seus carros na F1.
Bonitos nomes femininos, como Julie, Kate e Liz, entre outros.
Restam sete corridas e Hamilton está com 30 pontos de vantagem sobre Vettel.
A Ferrari, hoje, é melhor que a Mercedes, mas só isso não basta para que o alemão durma tranquilo.
O alemão anda nervoso.
A batida em Hockenheim, quando liderava a prova, ainda deve ser motivo para murros na parede de casa.
Não fosse ela, estaria na liderança do campeonato com dois pontos de vantagem para Lewis...
Sem contar a precipitação na corrida passada, em Monza, que o colocou no final do pelotão na primeira volta, ainda que tenha conseguido "salvar" os 12 pontos pelo quarto lugar.
"Pilhado", Vettel começou a reclamar da Ferrari, dizendo que a equipe não o ajudou com a pole para o GP da Itália e que está tendo de lutar não apenas contra os dois carros da Mercedes, mas também contra a Ferrari de Räikkönen
Calma, Vettel...
Como dizia meu avô Paulo, ainda "há muita lenha para queimar".
É quase impossível que Hamilton não tenha algum dissabor em sete corridas.
E, cá entre nós, você já esgotou sua cota de mancadas...
Eu, em seu lugar, faria algo para buscar equilíbrio.
Um apoio psicológico "de choque", talvez.
Ou uma consulta em um astrólogo védico, como fiz em 2011.
Sobre esta última, não vou dar detalhes, mas por mais cético que o sujeito seja, impossível não sair "chacoalhado" após acertos "na mosca" a partir da simples informação que dei ao astrólogo: dia, mês e ano de nascimento.
Fez com que eu entendesse até uma paixão mal resolvida pela menina mais bonita do colegial, da escola, do bairro, da cidade e do mundo.
Sou canceriano, 17 de julho. Vettel também é, 3 de julho.
Loria, seu atual carro, "nasceu" de fato no crash test realizado em 23 de dezembro de 2017...
A "moça", portanto, é capricorniana.
Sei lá se câncer combina com capricórnio, nunca vivi um romance com uma nativa desse signo.
Segundo o que apurei, o pretendente de uma capricorniana precisa ser forte, bem-sucedido e, de preferência, que tenha feito seu caminho por esforço próprio.
O "casal" Vettel e Loria, sob esse prisma, combina.
Resta saber se o enlace de Hamilton com sua Mercedes não é ainda mais favorável.
Vou pesquisar...
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Está tão na cara que Charles Leclerc substituirá Kimi Raikkönen na Ferrari, mas tão na cara, que vai mesmo.
Ainda não é oficial, mas a "batida de martelo" não está distante.
Há um mês e meio a `Gazetta dello Sport´cravou que o monegasco está acertado com o time italiano para as duas próximas temporadas. Até informou o valor do contrato: 5 milhões de euros, dois em 2019 e mais três em 2020.
Talvez no fim de semana do GP da Bélgica ou, no mais tardar na etapa seguinte, em Monza, a futura dupla escarlate esteja definida com Vettel e Leclerc.
Nesta semana, Kimi Raikkönen, no evento de lançamento de sua autobiografia intitulada `The Hunknown Kimi Raikkönen´, falou sobre se aposentar da F1, algo que não vai incomodá-lo. Ele disse que gosta de guiar mas considera `dispensáveis´aquilo que cerca o circo.
Raikkönen tem experiência em despedidas. Já disse adeus à F1 no final de 2009 e voltou em 2012.
Campeão mundial em 2007, será mais lembrado como um dos pilotos de ponta mais irregulares da história da F1, alternando atuações brilhantes com outras absolutamente insossas.
Ah, tem as conversas pelo rádio, com os engenheiros... Há quem goste do seu tom lacônico.
Um piloto que chega à F1, guia pela Ferrari e que não vibra, e não sorri, eu não entendo.
Bom, mas a motivação para escrever é o Leclerc.
Posso estar redondamente enganado, mas, guardadas as devidas proporções, ele tem calibre para incomodar Vettel como Senna fez com Prost quando entrou na McLaren em 1988.
Ok, Senna tinha mais estofo. Um brilhante ano de estreia pela Toleman e mais três temporadas em curva ascendente pela Lotus.
Dividiu os boxes com Alain Prost, bicampeão que dava as cartas no time então chefiado por Ron Dennis.
O francês era o homem a ser batido.
Senna "rachou" a equipe e viveu com o Prost uma das relações esportivas mais explosivas de todos os tempos.
Na F1, certamente a mais intensa de todas.
Vettel, na personalidade, não se parece com Prost. Nem Leclerc com Senna.
Mas, tecnicamente falando, o monegasco é um assombro.
Se conseguir se impor será uma pedra no sapato do alemão.
Jacques Villeneuve, recentemente, disse que a Ferrari deveria manter Raikkönen pois Leclerc será `comido vivo´por Vettel.
Jacques, que perdeu o `bonde´da F1 apostando na `canoa furada´ chamada BAR-Honda, é useiro e vezeiro em vociferar bobagens.
Leclerc vai sim rivalizar com Vettel.
Como o alemão lidará com a situação é outra história...
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Não me lembro do meu professor José Ribeiro do Prado, de Língua Portuguesa, ter falado sobre Carpe Diem.
Fui seu aluno durante os três saborosos anos do colegial, período para mim de efervescência poética, política, automobilística, futebolística e hormonal.
Do bom professor, a lembrança mais doce que tenho, literalmente, é a de um dia na praça em frente à escola para a enfadonha missão de hasteamento da bandeira.
Estávamos no final do sanguinário período da ditadura militar, que felizmente caía de podre.
E o que eu e mais alguns entoávamos em comicios pelas "Diretas Já" eram palavras de ordem, como "greve geral, derruba o general". Que delícia!
Assim, naquela sonolenta manhã, lembro do professor Prado convidando a mim e mais uma meia dúzia de dissidentes da cerimônia ufanista para que nos encaminhássemos a um ambulante que vendia abacaxis em pedaços.
Do fundo da praça, vendo os contornos da fachada da nossa escola, que lembrava o estilo anos 50 do genial arquiteto prático Artacho Jurado, ouvimos nossos colegas cantando o hino — e dois hasteando as bandeiras —, a do Brasil e a do estado de São Paulo.
O abacaxi estava doce e deixou nossas mãos meladas.
No cursinho, o Anglo da Tamandaré, aí sim, lembro bem do Carpe Diem ecoar da voz grave do nosso ótimo professor de Literatura Brasileira, o Dácio Antônio de Castro.
Nosso curso era dividido em "escolas literárias" e o tema era o Barroco.
Carpe Diem, do latim, significa "aproveite o dia". Lembro do Dácio falar em "colha o dia", talvez como quem colhe uma fruta madura, que precisa ser consumida logo, antes que estrague. Talvez aquele abacaxi que o Prado nos comprou naquela pulsante manhã colegial...
Nós, que pensávamos em vestibular, em passar na USP (consegui!) e traçar uma rota segura para o futuro, fomos apresentados a um tal de Carpe Diem, que nos mostrava que melhor mesmo era viver o momento, porque o amanhã, o depois de amanhã e o depois do depois de amanhã, poderíam simplesmente não existir...
O fulgor daquele momento culminou com o "varal cultural" na sala 14 de "Humanas", obra da amiga Angela Klinke, um varal mesmo, que ficava no fundo da sala, de corda de nylon e cheio de pregadores para que pendurássemos nossas poesias, crônicas, sonhos e pensamentos que mudariam o mundo...
A Angela era a nossa Pagu, nossa Clarice, nossa Tarsila.
Anos depois o Carpe Diem foi eternizado em película pelo professor ovelha negra John Keating, vivido pelo inesquecível Robin Williams, no essencial "Sociedade dos Poetas Mortos".
Outro dia isso tudo deixou as gavetas empoeiradas das minhas memórias, graças à postagem de uma amiga, que surgiu como um anjo tocando harpa.
O preâmbulo, longo mas necessário, foi só para que eu entrasse no meu habitual assunto semanal: automobilismo.
Imaginei o quanto o Carpe Diem poderia fazer bem a um piloto de carro de corridas, e pensei em Fernando Alonso.
Se eu fosse o Prado, o Dácio ou o Keating, puxaria o espanhol para uma conversa, e diria para ele viver cada corrida como se fosse a última, que se divertisse e nem ligasse por estar no final do pelotão.
Assim como os poetas, os pilotos também acabam do mesmo jeito: fertilizando narcisos.
E transformam-se em fotografias esmaecidas, trancafiadas em uma moldura, penduradas em uma parede.
ABAIXO, CENA DO FILME "SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS"
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Editor de automobilismo do Portal Terceiro Tempo, começou no site de Milton Neves em 10 de março de 2009. Também atua como repórter, redator geral, colunista e fotógrafo. Em novembro de 2010 criou o Bella Macchina, programa em vídeo sobre esporte a motor que já contou com as presenças de Felipe Massa, Cacá Bueno, Bruno Senna, Bia Figueiredo, Ingo Hoffmann e Roberto Moreno, entre outros.
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