A pré-temporada da Fórmula 1 em Barcelona foi esquisita.
Em que pese a performance consistente da Ferrari durante sete dos oito dias, a alternância na liderança dos treinos sinalizava um equilíbrio relativamente fora dos padrões para a categoria nos últimos anos.
A Mercedes parecia ter dado passos para trás, pois não era a força imediatamente atrás dos carros foscos de Maranello, mas também andando menos que Toro Rosso, Alfa Romeo, Red Bull, McLaren...
Foi coadjuvante até "colocar as manguinhas de fora" no último dia de treinos, quando encostou na Ferrari.
De acordo com Hamilton, a Mercedes não fez nenhuma mudança no carro desde os testes na Catalunha até o embarque para Melbourne.
E, em Albert Park, na abertura do campeonato, o que se viu foi a Mercedes dominar amplamente a classificação e fazer a dobradinha com Bottas e Hamilton em um GP tão emocionante quanto dançar com a irmã.
Bottas teve uma atuação impecável.
Largou melhor, não cometeu erro algum e imprimiu um ritmo muito mais forte que o de Hamilton, que esteve em um dia tão apagado que por pouco não perdeu a posição para Verstappen, que deve ter ficado muito feliz com seu pódio e o bom início de casamento da Red Bull com a Honda.
Até aí, tudo normal, pois todo casamento começa bem, até o quase inevitável litígio.
Se o que Hamilton disse sobre a Mercedes for verdade, de que nada foi otimizado no W10 entre a discreta pré-temporada e a prova inaugural da temporada, então sobram duas hipóteses.
Ou a Mercedes estava "escondendo o jogo", talvez com a intenção de fazer a Ferrari acreditar que estava bem melhor e, assim se acomodar, ou a Ferrari resolveu bancar equipe pequena para causar boa impressão em busca de holofotes.
Apostaria na primeira hipótese.
A Mercedes parece ter total conhecimento sobre cada milímetro de seu carro, algo que a Ferrari, entendo, ainda esteja buscando.
Quanto à disputa interna nos carros prateados, a supremacia de Bottas sobre Hamilton dificilmente se repetirá ao longo do ano.
Depois do que aconteceu em 2016, quando Nico Rosberg desbancou Lewis, dificilmente o britânico dará uma colher de chá a Bottas.
Falando em chá, dizem que na terra da Rainha há pontualidade para serví-lo, sempre as cinco da tarde.
E, em matéria de relógio, nos milésimos de segundos, Lewis costuma se dar muito melhor do que o finlandês.
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR A HOME DE AUTOMOBILISMO DO PORTAL TERCEIRO TEMPO
Bella Macchina no YouTube: Clique no logo
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR TODAS AS COLUNAS DE MARCOS JÚNIOR MICHELETTI
Foi em 10 de março de 2009, uma terça-feira.
Alguns dias antes, meu irmão Rogério Micheletti me telefonou, marcou de ir à minha casa para conversarmos.
Seria feita uma migração de todo o conteúdo da seção "Que Fim Levou?" para uma nova plataforma.
Não havia nenhuma garantia de que eu permaneceria depois deste trabalho, em tese, temporário.
Era quase uma tarefa braçal, aparentemente coisa de estivador de teclado...
Guardo até hoje um caderno universitário com as anotações que fiz de todos os personagens do “Que Fim Levou?” que migrei do site velho para o novo.
Uma sobre Ronaldo Fenômeno (aqui) e outra sobre o centenário do Internacional de Porto Alegre e o Adilson Miranda (aqui), saudoso amigo da minha família, vizinho de parede no sobradinho em que morávamos na rua das Palmas, na Vila Guilherme.
Em dez anos acontece muita coisa.
Em 2015 trouxe Claudio Carsughi para ser meu entrevistado no programa que eu criei, o Bella Macchina (aqui), nome que emplacou de tal forma, que outro dia ao fazer um credenciamento para um evento automobilístico, o responsável pela tarefa já ia colocando Bella Macchina como meu veículo, ao invés de Portal Terceiro Tempo.
Milton Neves costuma lembrar da emoção que teve quando viu Pelé pela primeira vez, em um jogo do Santos contra o Comercial em Ribeirão Preto, ocasião em que o Rei, por um rápido instante, olhou para aquele menino de Muzambinho, junto ao alambrado.
Não posso precisar se a emoção que tive ao lado de Carsughi foi igual àquela que Milton teve com Pelé.
Sentimentos são difíceis de serem mensurados. Mas, certamente, o que eu senti foi intenso.
Hoje faço “tabelinha” com Claudio Carsughi em outro programa que criei, o “Notas do Carsughi” e, apesar de já ter me acostumado, o frio na barriga ainda é inevitável quando fico ao seu lado, lembrando de tantas coisas que li dele na “Quatro Rodas” e ouvi, nos comentários da F1 através do rádio.
Estar ao lado do Carsughi é mais menos como imagino seria para um fã dos Beatles acompanhar Paul McCartney em sua banda para uma turnê.
Felipe Massa? Sim, ainda como piloto da Fórmula 1 ele reservou bons minutos para conversar comigo na salinha que o Milton me empresta para que eu grave o Bella Macchina.
Bruno Senna também (aqui), assim como Cacá Bueno, que eu fiz questão que fosse o meu entrevistado para o programa de número 100 (aqui)
A Bia Figueiredo foi a minha "cobaia", no primeiro Bella Macchina que eu gravei, em dezembro de 2010.
E tantas crianças do kart, muitas delas que hoje já estão batendo na porta da Fórmula 1.
Não por vaidade, mas por poder olhar de cabeça erguida para o meu filho querido Lucas, sinto um enorme prazer quando figuras como o Carsughi o Reginaldo Leme, o Flavio Gomes e o Lito Cavalcanti me chamam pelo nome, sabem quem eu sou.
Mas nada disso teria sido possível sem aquela conversa que tive com meu irmão em uma noite na minha casa e sem a "carta branca" que recebi do Fábio Lucas Neves e do Milton para que eu fizesse do esporte a motor uma página importante do Portal Terceiro Tempo.
Nestes 10 anos foram tantas coisas boas neste meu trabalho...
Me tornei até um razoável fotógrafo, e por isso costumo brincar dizendo que "bato escanteio e subo na área para cabecear".
Nestes tempos, aliás, é essencial fazer de tudo. E fazer bem feito.
Claro, também chorei de dor por perdas gigantes que sofri desde que estreei no site de Milton Neves: a querida Márcia e meu pai maravilhoso, Seu Waldemar.
Mas, quando olho pra trás, lembrando daquele 10 de março de 2009, tenho a certeza de que este tempo todo de trabalho, honesto e dedicado, me tirou da sarjeta.
A sarjeta da tristeza.
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR A HOME DE AUTOMOBILISMO DO PORTAL TERCEIRO TEMPO
Podem me chamar de impostor...
Digo isso pelo pretensioso título da crônica, que pode induzir os apaixonados pelo carteado de que eu sou um expert no assunto, um habituée da prática ...
Na verdade, neste quesito, sou carta fora do baralho.
Até brinquei um pouco de "Cacheta" e "Buraco", jogos que meu saudoso e querido pai me ensinou, aproveitando tardes em Praia Grande, nas férias, sempre que a chuva era implacável e me impedia daquilo que eu mais queria fazer, jogar futebol na "Praça das Cabeças", no campinho onde hoje está a Câmara Municipal ou na areia da praia do Boqueirão.
Lá no Edifício Araújo, na "Praça das Cabeças", cujo nome verdadeiro é Praça da Paz, nosso primeiro apartamento de veraneio, tinha uma turma bacana, vizinhos legais que todas as noites se reuniam em um espaço no térreo e jogavam um jogo de cartas chamado "Sueca".
E, apesar do nome, parece que é um jogo mais popular em Lisboa do que em Estocolmo.
Eu não entendia nada, mas às vezes ficava ao lado do meu pai, torcendo por ele e aquele com quem ele estivesse formando dupla, normalmente o "Seu Zé do 3".
A gente o chamava assim porque seu nome era José, português legítimo dono de uma padaria, pai do Luiz (Espigão) e do Ricardo, e proprietário do apartamento 3, no térreo. Ele tinha um Opala azul quatro portas com câmbio na coluna de direção e antena elétrica, um luxo naquela época. O nosso apartamento era o 34, no terceiro andar.
Meu pai, durante os anos de Araújo, teve dois carros: um Corcel LDO vermelho jambo 74 e um Corcel LDO areia casablanca 77, ambos tirados "zerinho" na Lemar, concessionária Ford do Jabaquara.
Lembro de vários moradores.
Outro português, seu Adérito e a dona Maria tinham um filho, o Mário. A dona Maria guardava os pãezinhos que sobravam da "Peg-Pão" na geladeira. Depois esquentava no forno, dizia que ficavam tão bons como se tivessem acabado de sair da padaria. Os pãezinhos da "Peg-Pão" foram os melhores que eu comi na minha vida.
O síndico, durante muitos anos, foi o seu Casemiro, um espanhol que era parecido com o Vicente Matheus, fisionomicamente e no jeito de falar. Sua mulher tinha um nome horroroso, Onorina. Eles, donos do apartamento 12 e de um Opala verde com teto de vinil branco (lindo demais), jogavam "Buraco" e sempre em dupla. Meu pai desconfiava que eles trapaceavam, e um dia vi ela passando uma carta para ele por debaixo da mesa. Claro, contei para o meu pai.
Falando em espanhol, tinha um que era muito amigo do meu pai, o Paco. O Paco foi, pra mim, durante um bom tempo, o cara mais importante do prédio depois do meu pai.
Isso porque a filha dele, a Lucy, era a menina mais linda que eu tinha visto na vida, entre meus 9 e 11 anos de idade...
Loira de cabelos cacheados e olhos verdes como os meus.
Se eu pudesse, teria casado com ela. Aos 12 anos...
A figura mais legal do Araújo era o "Seu" Luiz, o zelador, aquele tipo de pessoa que resolvia qualquer problema, hidráulico ou elétrico e muito bom de conversa.
Eu era o caçula da garotada e me divertia com os mais velhos, que sacaneavam o Seu Luiz. Ele só fumava cigarros de palha e costumava deixá-los em cima dos bancos, no térreo, para fumar depois de resolver qualquer pendenga no apartamento de algum morador.
Aí, quebrávamos cabeças de palitos de fósforo e colocávamos dentro dos seus cigarros de palha. Quando ele acendia era uma labareda das boas. Ele, ao invés de brigar, gargalhava com a gente.
O filho do Seu Luiz, o Nonô, era o melhor jogador de futebol que eu tinha visto de perto na minha vida. Ele chegou a fazer teste no Santos e não sei porque não "vingou".
Acho que sei. Ele era meio indisciplinado e fumava demais, uma pena. Mas, em frente ao nosso prédio, no campinho onde hoje está a "Praça das Cabeças", ele "arrepiava", jogava fácil demais, carregava o time nas costas.
No apartamento 25, no segundo andar, tinha uma família muito legal. Lembro bem do Fernando e do Paulo, dois dos filhos do casal daquele apartamento, também de origem portuguesa. Eles eram metidos a inventores, sempre tinham alguma novidade nas suas bicicletas e brinquedos.
Um dia eu estava na parte da frente do prédio, havia uns bancos de cimento ali, e o Paulo chegou a pé, já era noite, com uma mala e uma sacola na mão, vindo da rodoviária, que não ficava muito distante dali.
Na sacola estava sua bicicleta preta... Ele a trazia toda desmontada, mas rapidamente juntava as peças para andar em cima da mureta que cercava o prédio, junto à calçada, uma loucura que eu nunca tive coragem de fazer com minha "Monareta".
Um dos dias mais tristes da minha vida foi quando eu soube que meu pai tinha comprado outro apartamento na Praia Grande, maior, e deixaríamos o Araújo, nosso prediozinho querido de três andares e sem elevador para um outro, também de três andares e sem elevador, o Gianini, na rua Bahia.
O Gianini teve lá seus dias de glória pra mim, principalmente quando eu vi a Adriana pela primeira vez e, um dia, assistimos juntos e de mãos dadas um filme no Cine Yara. Eu tinha 13 anos.
Acho que nunca senti um frio na barriga como o daquela noite saborosa, sem um único beijo, apenas de mãos entrelaçadas.
Gastei estas linhas todas só pra falar de Fórmula 1...
Para dizer do embaralhamento danado das "cartas" que foi essa pré-temporada, em Barcelona.
Oito dias com a certeza de que a Ferrari tem o melhor carro e a Williams o pior.
Oito dias com a desconfiança, quase certeza, de que a Mercedes vai se aproximar da Ferrari nas classificações mas vai tomar um "pau" nas corridas. Pelo menos neste começo de campeonato.
A desconfiança de que Vettel e Leclerc podem dividir a Ferrari a ponto de que uma "terceira via", provavelmente a própria Mercedes, possa se beneficiar, a exemplo do que aconteceu com a McLaren em 2007, com Alonso e Hamilton se engalfinhando e o azarão Raikkönen lambendo os beiços pelas beiradas para ser campeão.
O alívio, porque admiro demais os japoneses, de que a Honda finalmente parece ter resolvido os problemas mais agudos de seu motor, o que anima a matriz Red Bull e sua filial Toro Rosso, embaralhando o meio do pelotão que deve ter bem pertinho a McLaren, a Renault e a Alfa Romeo.
A Racing Point (que nome horrível para quem já viu equipes batizadas de Ligier, Tyrrell, Jordan, Brabham e Minardi, entre outras, alinharem no grid da F1), deve beliscar alguns pontos de vez em quando, mas dificilmente Pérez ou Stroll subirão ao pódio, para alegria de alguns que acham que meninos não devem vestir rosa...
Em performance, talvez um degrau abaixo, quase o mesmo pode-se dizer da Haas, que para compensar tem um carro bem bonito.
Na Austrália, dia 17 de março, começa a temporada e, ao término das 58 voltas, saberemos se de fato as cartas estavam embaralhadas mesmo e se alguém tinha um "zap" na manga.
Não sei jogar "Truco", mas pelo que lembro do meu pai dizer, parece que o tal do "zap" é algo bom no meio daquela gritaria toda desse jogo em que um fica xingando o outro de ladrão, em pé, em cima da mesa.
Falei menos de carros do que das minhas lembranças praianas. No fundo, de fato, elas são bem mais importantes, claro.
Às vezes sinto uma saudade danada do Araújo e do Gianini, nossos prediozinhos.
E, claro, da Lucy e da Adriana.
E de uma outra, que conheci bem depois, cujo nome é a mistura dos dois dessas lindas meninas...
Deixa pra lá...
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR A HOME DE AUTOMOBILISMO DO PORTAL TERCEIRO TEMPO
Parque São Jorge, 1984, show da Toco.
Para quem chegou há menos tempo neste planeta e, principalmente não é de São Paulo, a Toco era uma discoteca (nome gourmetizado depois para danceteria) que ficava na zona leste e atraía rapazes e moçoilas de todos os pontos cardeais da cidade.
E, no saudoso 1984, a casa fez uma festa das boas no ginásio corintiano, reunindo diversas bandas, como "Kid Abelha e os Abóboras Selvagens", "Titãs", "Lobão e seus Ronaldos", "Magazine", "Ultraje a Rigor" e "Metrô".
Fui guiando o Chevettinho branco da minha mãe para o Tatuapé com os amigos Alexandre Taglini, a Moniquinha e a Heloisa, todos do saboroso colegial.
A Virginie Boutaud, que continua firme e forte e do lado bom do cenário político do País, resistente, em contraponto a vocalistas de outras bandas acima citadas, era a voz do "Metrô".
Linda com seus vestidos esvoaçantes e voz suave mas marcante, a Virginie entoava sua "Tudo pode mudar", um dos hits dos anos 80.
Em um trecho da melodia, dizia: "que no balanço das horas, tudo pode mudar".
Foi desta parte da música que me lembrei ontem, tão logo se encerrou a primeira bateria de testes da pré-temporada da F1, em Barcelona.
Foram quatro dias de treinos, sempre em dois períodos de quatro horas.
Assim, oito horas de trabalho braçal com uma horinha de pausa para o almoço.
Claro, os pilotos não podem "bater" uma lasanha no motorhome da Ferrari nem um eiseben nas instalações tedescas da Mercedes...
Na Williams? Wellington Beef nem pensar...
Pelo tamanho da crise do time inglês, macarrão instantâneo talvez seja a pedida mais adequada para Kubica e Russel, com água da torneira mesmo...
Bom, mas "se no balanço das horas tudo pode mudar", foi isso o que mais se viu em Montmeló.
Primeiro a Ferrari apareceu bem forte, nos dois primeiros dias, mas a Alfa Romeo, que é uma genérica do time de Maranello, também pôs as manguinhas de fora.
Mas também tivemos, ao longo dos quatro dias, a Toro Rosso mostrando que tem um carrinho bacana e veloz, a McLaren figurando em segundo lugar por dois dias seguidos e, no fim das contas, a Renault resolveu brincar de "vamos fingir que é hora de classificação" e Hulkenberg escreveu seu nome no topo da tabela geral, com a melhor marca da semana. Pneus C5 (os mais molengas e grudentos) e, certamente, poucas mas suficientes gotas de gasolina no tanque...
Na F1 atual, com restritos testes permitidos (o que é um absurdo), ninguém pode se dar ao luxo de enganar ninguém.
Por isso, o que mais chamou atenção foi o fato de a Mercedes ter sido coadjuvante de segunda a quarta-feira e somente na quinta é que resolveu acelerar um pouco mais para não causar uma má impressão inicial.
Porém, tanto o magnânimo Hamilton como o figurante Bottas declararam que a Ferrari está um passo à frente, um degrau acima.
Deve estar mesmo, mas nada intransponível à curto prazo.
Sobre a Red Bull-Honda, que andou atrás da "satélite" Toro Rosso, tenho uma curiosidade...
Se a genérica seguir sendo melhor, é bem capaz que Verstappen seja "rebaixado" para o time "B".
Seria engraçado, justamente ele, que já foi promovido em 2016...
Afinal, "no balanço das horas tudo pode mudar", como eternizou a Virginie...
Fotos: Scuderia Ferrari e arquivo pessoal de Virginie Boutoud
ABAIXO, O CLIPE DE "TUDO PODE MUDAR", DA BANDA METRÔ
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR A HOME DE AUTOMOBILISMO DO PORTAL TERCEIRO TEMPO
Em 2013, último ano dos motores V8 na Fórmula 1, com aquele som que era muito bom, só não melhor do que o dos V10 ou, principalmente os V12, o então chefão da categoria, Bernie Ecclestone, aventou a hipótese de que as equipes pudessem passar a competir com três carros ao invés de dois. As equipes, diga-se, as grandes.
Isso porque em 2014 os propulsores passariam a ser os V6 turbo e pequenas equipes como Caterham e Marussia poderiam não alinhar no grid.
Mas, no "frigir dos ovos", com se diz, a Caterham garantiu um propulsor junto à Renault e a Marussia alocou unidades da Ferrari para seus dois pilotos.
Assim, a ideia de três carros para as gigantes, ficou adormecida. À época, diga-se, apenas a Williams não concordava com a proposta. Lembrado que a Williams, então, tinha status de time grande.
Porém, na prática, pelo menos três gigantes têm hoje suas "genéricas", utilizando-as quase como laboratórios, "cobaias" para saltos maiores.
O caso mais gritante é o da Red Bull, com sua "satélite" Toro Rosso. O time de Faenza passou 2018 inteirinho trabalhando em conjunto com a Honda para que os austríacos pudessem colher alguns frutos agora, pois utilizarão os motores nipônicos.
Embora em fábricas diferentes, as diretrizes seguidas estão irmanadas. A FIA faz vista grossa, uma vez que as regras não permitem chassis integralmente iguais para duas equipes.
Porém, isso já aconteceu...
Em 1995, ano em que Flávio Briatore, era o capo da Benetton e tinha tentáculos na Ligier, ambas corriam com o mesmo chassi. Porém, o time francês usava motores Mugen-Honda V10 enquanto a escquadra italiana era impulsionada pelos Renault V10.
As imagens abaixo não deixam dúvidas...
A Ferrari, que detém a marca Alfa Romeo, escancarou de vez as coisas após passar a temporada de 2018 apenas colocando o logo Alfa Romeo na tomada de ar da Sauber. A equipe suíça agora chama-se Alfa Romeo e o motor é o da Ferrari. A relação é tão íntima que seu ex-piloto em atividade, Kimi Raikkönen, deixou o time de Maranello para competir na menos tensa Alfa Romeo ao lado do italiano Antonio Giovinazzi. Certamente as conversas do finlandês pelo rádio, com seus engenheiros, terão mais espaço nos noticiários do que suas atuações pelas 21 corridas do ano.
A Haas, embora norte-americana de origem, também serve de "cobaia" para a Ferrari.
A Mercedes, por sua vez, após uma parceria muito próxima com a Force India, empurra agora o time batizado de Racing Point, que detém a mesma estrutura, apenas se livrou do enrolado Vijay Mallya. E, embora a Mercedes também forneça propulsores para a Williams, certamente o vínculo com o time rosa e azul será mais próximo.
Assim, a F1 segue fazendo "vistas grossas", assim como está fazendo ao dinheiro das cigarreiras camufladas de empresas sabe-se lá do quê, pois os times médios e pequenos sumiram do circo, a não ser aqueles que se atrelaram aos gigantes.
O problema é que se uma dessas gigantes deixar a categoria, provocará a perda não de dois carros no grid, mas de pelo menos quatro.
A Red Bull, por exemplo, que vive dando "piti", ameaçando sair da F1, se concretizar um dia suas ameaças, levará por tabela a Toro Rosso.
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR A HOME DE AUTOMOBILISMO DO PORTAL TERCEIRO TEMPO
Editor de automobilismo do Portal Terceiro Tempo, começou no site de Milton Neves em 10 de março de 2009. Também atua como repórter, redator geral, colunista e fotógrafo. Em novembro de 2010 criou o Bella Macchina, programa em vídeo sobre esporte a motor que já contou com as presenças de Felipe Massa, Cacá Bueno, Bruno Senna, Bia Figueiredo, Ingo Hoffmann e Roberto Moreno, entre outros.
Milton Neves ri, chora e esbraveja contra desafetos em homenagem do 'Melhor da Tarde’, de Cátia Fonseca
01/07/2022De olho no futuro: Rueda iniciou 'plano Neymar' no Santos ainda em 2021
01/07/2022Presidente do Santos revela conversas habituais com o Pai de Neymar e diz: 'O não a gente já tem’
01/07/2022F1: Sainz mostra força da Ferrari para liderar o TL2 em Silverstone; Hamilton anima Mercedes com 2º lugar
01/07/2022Após vitória heroica, Ceni detona arbitragem e diz que São Paulo não tem força na Conmebol
01/07/2022