Joel Camargo

Ex-zagueiro do Santos
Joel Camargo, o "Açucareiro" (jogava bonito com os braços abertos, daí o apelido), excepcional quarto-zagueiro do Santos Futebol Clube e da Seleção Brasileira, entre 68 e 70 (foi campeão do mundo no México, sem jogar, assim como Leão), faleceu em 23 de maio de 2014, aos 67 anos, em Santos, mesma cidade onde nasceu, em 18 de setembro de 1946.
 
Aposentando, trabalhou no porto, deu aulas de futebol em uma escolinha no bairro da Encruzilhada, em Santos, e foi também professor de escolinhas da prefeitura de São Paulo, uma iniciativa abortada parcialmente pelos prefeitos Celso Pitta e Marta Suplicy.

Joel Camargo, que recebeu o "Camargo" porque em 1972 o Santos contratou o goleiro Joel "Mendes", que veio do Coritiba, foi revelado pela Portuguesa Santista. Um violento acidente no bairro do Gonzaga, em Santos, com Joel ao volante, abalou definitivamente a carreira daquele que João Saldanha considerava o melhor quarto-zagueiro do mundo.

No tal acidente, Joel saiu muito machucado, vindo a falecer uma moça que o acompanhava a bordo de seu carro. Aí, ele deixou o Santos e perambulou por equipes menores como o CRB (AL).

Ele foi titular de João Saldanha nas Eliminatórias de 69 para a Copa do México, ao lado de Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Rildo, Piazza, Clodoaldo, Gérson, Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu. Era praticamente o time do Santos, a seleção das feras de Saldanha.
No Santos, houve um momento surreal envolvendo o grande Joel Camargo: enquanto ele era titular de Saldanha na seleção, Antoninho Fernandes, já falecido, teimava em deixá-lo na reserva no time da Vila. Antoninho preferia Ramos Delgado e Djalma Dias, também excepcionais zagueiros, em 69.

Joel também teve uma curta passagem pela equipe do Londrina, no norte do Paraná, que foi uma grande região produtora de café, posteriormente substituída pela lavoura de soja.  Lá, Joel era "carinhosamente" chamado de "O Bagulhão".

Foto: Marcos Júnior/Portal TT
 
Abaixo, a linda história de Joel Camargo no PSG, muito bem contada pelo jornalista Breiller Pires no site do jornal El País:

 

 

No dia 4 de agosto de 2017, o Portal UOL publicou a seguinte matéria sobre Joel Camargo:

1º brasileiro no PSG perdeu tudo e teve de vender até medalha da Copa-1970

Do blog do Rafael Reis, no UOL Esporte

Quem vê o salário de até 40 milhões de euros (R$ 147 milhões) anuais que Neymar irá ganhar no Paris Saint-Germain pode ter dificuldade para acreditar que o primeiro brasileiro a defender o clube francês precisou se desfazer do bem mais precioso de sua carreira profissional para pagar as contas.

Tricampeão mundial com a seleção brasileira no México e companheiro de Pelé no Santos que marcou época na década de 1960, o zagueiro Joel Camargo jogou duas partidas pelo PSG entre 1971 e 1972.

O time da capital francesa estava longe de ser esse milionário e poderoso clube que faz estragos no Mercado da Bola. Pelo contrário, fundado há apenas um ano, havia acabado de chegar à primeira divisão.

O PSG ainda não era digno de um jogador com o título da Copa-1970 e a parceira com Pelé no currículo. Mas foi o que Joel conseguiu depois de um acidente automobilístico que matou duas mulheres lhe fechar a maioria das portas no Brasil.

Joel sempre negou que estivesse alcoolizado quando bateu seu Opala vermelho, comprado com o dinheiro da premiação do tri mundial, em um poste. Mas a opinião pública e o Santos não acreditaram. O zagueiro teve seu contrato rescindido e não encontrou outro clube disposto a contratá-lo.

“O preconceito existe, e eu sempre falei disso. Na época do acidente, fui crucificado por causa da minha cor. Quando o Santos ia jogar na Bahia, tinha um preconceito do c… Na Argentina, não podiam ver a gente. Gritavam `macaco´ mesmo. E eu era o único que falava de preconceito naquela época. Meus colegas de time me chamavam de radical, mascarado, pediam pra eu deixar essas coisas pra lá, mas eu queria me expressar”, disse, em depoimento ao jornalista Breiller Pires, publicado logo depois da morte do zagueiro, em 2014 no “Medium”.

A amargura tomou conta de Joel. Depois de não conseguir se adaptar ao PSG, o campeão mundial voltou para casa e começou a torrar tudo aquilo que o futebol havia lhe proporcionado. Aos 35 anos, seis depois da aposentadoria, chegou ao fundo do poço. Com sérios problemas financeiros e abusando do álcool, transformou em dinheiro a medalha do Mundial.

"Um dia, passando dificuldade, pensei: `Pra que essa porra de medalha?´ Juntei a tralha e vendi tudo. Eu tava duro, cara. Não tenho fotos nem troféus guardados. A única lembrança dos tempos de jogador é um quadro da Copa de 70 que um torcedor me deu", afirmou Joel na entrevista a Breiller.

Quando nem mais a medalha lhe restava, Joel foi trabalhar como estivador no Porto de Santos. Permaneceu por lá, carregando sacos de café para cima e para baixo, até a aposentadoria, aos 55 anos.

Trezes anos depois, em 2014, e debilitado por décadas e mais décadas de alcoolismo e diabetes, o primeiro brasileiro a vestir a camisa do PSG morreu vítima de insuficiência renal.

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Pela Seleção Brasileira:

Atuou em 36 jogos, sendo 28 vitórias, dois empates e sete derrotas. Não marcou gols.
Fonte: "Seleção Brasileira - 90 Anos - 1914 - 2004", de Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf.

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