No dia 23 de agosto de 2013 sofreu um infarto e foi internado no Hospital Sírio Libanês, no bairro da Bela Vista, zona central de São Paulo, mas não resistiu as decorrência do infarto e do AVC, sofrido em 2000.
Era o mesmo do vulto negro a se impor com galhardia e coragem à frente da meta santista e que eu admirava grudado no alambrado atrás do gol de entrada do Pacaembu, num célebre Santos 2 x 1 Palmeiras em 1962, quando levei uns "cascudos" do meu pai em pleno estádio, um palmeirense inveterado e extremamente irritado por ter seu herdeiro "virado a casaca" e admirar um time que, segundo ele, "só tinha o crioulo Pelé" (que naquele dia cedeu seu lugar para o outro, o "Pelé branco" Almir).
Não adiantava argumentar naquela hora, que eu nem sabia da existência do tal "Pelé", negro ou branco, mas sobre o verdadeiro fascínio de ter estado, pelo menos naquele dia, "longe perto" do meu ídolo e de quem seguiria anônimo, os passos de sua maravilhosa carreira. Até quem sabe, um dia, encontrá-lo e dizer tudo o que sentia sobre ele e a sua influência em meu comportamento ao longo da vida.
Pois esse dia inesquecível chegou numa tarde fria de junho de 2006. E ao me deparar com o seu semblante abatido, em uma cadeira de rodas, meu coração de menino se recusou terminantemente a interpretar a cena como uma dura e cruel derrota que a doença - seu adversário implacável - lhe havia imposto, sem ao menos ter-lhe dado a mínima chance de que praticasse mais uma de suas brilhantes e surpreendentes defesas. Para mim, naquele instante, era como se ele estivesse no banco, na reserva de Laércio ou Cláudio, esperando o momento oportuno de voltar, depois de uma séria e longa contusão.
Entreguei-lhe então o meu presente simbólico, um par de luvas, não mais as de goleiro, pois delas ele já não mais precisava - havia cumprido a sua nobre missão - mas daquelas que pudessem servir para aquecer suas mãos nos dias frios daquele inverno. Junto, uma carta, narrando a minha odisséia até, finalmente, encontrá-lo. Mostrei-lhe uma foto minha "fazendo uma ponte" em um gol de um campo de várzea. Exibi com orgulho meus dedos tortos, como os dele (marcas indeléveis da árdua missão do goleiro); tive a honra de visitar a sua sala de troféus e tirei por fim uma foto que exibo com orgulho para todos que me são caros, perpetuando o momento mágico do encontro com o único ídolo da minha vida.
Nunca mais pude vê-lo, embora tenha a enorme e incontida vontade de visitá-lo todas as semanas e ajudá-lo em tudo o que fosse preciso; mas, me contento em enviar cartas ou pequenas lembranças (de preferência, filmes de astros antigos de Hollywood - a sua paixão) em dias que julgo especiais para ele, como o do aniversário, o do goleiro e o de Natal.
Guardarei para sempre a lembrança desse momento e, quando encerrar o meu ciclo biológico e a minha existência cumprir-se partirei em paz, pois ter estado ao lado do meu querido Gylmar dos Santos Neves foi, sem dúvida, uma das grandes realizações e conquistas de toda a minha vida."
"De: Edson Liberti
Enviada em: terça-feira, 24 de junho de 2008 19:18
Para: miltonneves
Assunto: Re: RES: Gylmar
Milton, caríssimo:
Sábado passei a tarde com o meu grande ídolo, Gylmar; em anexo, uma foto desse dia maravilhoso (o paletó que estou vestindo, ganhei dele!).
Porém, escrevo também para perguntar se você sabe de alguma comemoração, principalmente no Santos, preparada para homenagear os campeões mundiais de 1958 (Zito, Pelé, Pepe e, por que não, o Gylmar, né?) - está tudo tão parado. Amigo, é lastimável que se deixe passar esse momento tão importante, sem maiores alardes, esquecendo-se de reverenciar neste mês de junho, o cinquentenário da conquista dessas verdadeiras "entidades" tão importantes para nós, brasileiros, carentíssimos de heróis. Falando nisso, o nosso herói da camisa 1 (camisa 3, na copa de 58), embora amparado por seus filhos e, principalmente, pela sua amada esposa Raquel, está literalmente "fazendo das tripas coração" (como os demais de seu tempo) a fim de se manter, no convívio com a doença que o acometeu em 2000 - para se ter uma idéia, o seu plano de saúde está por volta dos R$ 7.000,00 mensais !!!! - não seria esse um bom momento para se cobrar dos dirigentes máximos de nosso futebol, como gratidão pela conquista, pelo menos a garantia de um plano de saúde,a fim de dignificar-lhes a existência?
No mais, continuo sempre acompanhando o seu programa e, fazendo o possível (no momento, mais o impossível), para torcer pelo peixe, que um dia, foi a base da Seleção. Que saudade louca desse tempo - como diria Ataulfo Alves, "eu era feliz, e não sabia".
Abraços do amigo
Edson Liberti"
O Portal Terceiro Tempo recebeu no dia 9 de outubro de 2012 de Edson Liberti (ealibert@icb.usp.br) o e-mail abaixo:
"O amor pelo grande goleiro. Edson Aparecido Liberti canta seu carinho por Gylmar"
Caro Gylmar:
Para mim, de todas as datas comemorativas que conhecemos, sem dúvidas estabelecidas como uma tentativa de chamar as pessoas à confraternização, a do aniversário é a mais importante. Sempre tive essa convicção, por acreditar que é a única data que é só nossa; não depende da lembrança e de presentes de ninguém para que nesse dia tão especial, entre outras coisas, aproveitemos para fazer uma profunda reflexão sobre o que realmente somos, o que realizamos, o que aprendemos e, principalmente, no que podemos melhorar para tornar o nosso dia a dia cada vez mais feliz - mesmo com as agruras e os percalços que a vida nos impõe. Com isso, o presente não é só nosso, mas também de todos os que conosco convivem, pois, ao nos verem mais felizes, se empenham em melhorar também, fazendo reinar a harmonia, sempre desejada (e quase nunca alcançada) pelo ser humano.
Portanto, meu caro amigo, é meu desejo que nesse seu dia, a tão almejada paz esteja sempre convosco, e que essa sua expressão de alegria da foto, se perpetue por muitos e muitos aniversários, para que todos que o amam, agradeçam o raiar de cada dia de suas vidas.
Com o respeito e a admiração de sempre.
Edson Aparecido Liberti.
(22/08/2012)
Gylmar não está mais entre nós. Não, não chorem nem lamentem, pois ele partiu em nobre missão, indo juntar-se a Djalma Santos, De Sordi, Mauro, Orlando, Garrincha, Vavá, Didi e tantos outros companheiros de glórias aqui vividas, para fazer brilhar ainda mais no firmamento, a nossa Seleção Brasileira de Estrelas. Na realidade, pouco antes de embarcar nesse glorioso vôo, confessou-me que não estava muito disposto a atender a mais essa convocação - sentia-se meio "fora de forma", e com medo de lesionar-se facilmente. Afinal, desde há muito não sabia mais o que era ficar debaixo dos três paus daquela meta imensa, que tanto soube defender.
Mas, sabendo que o médico Hilton Gosling, o preparador físico Paulo Amaral e o massagista Mário Américo também estão por lá, e cioso de sua profissão como sempre foi, resolveu atender aos insistentes pedidos dos eternos amigos, ansiosos e algo inseguros para a estréia da nossa seleção no Campeonato das Galáxias.
É que Castilho, seu fiel suplente, anda meio deprimido, e Barbosa, mesmo no Céu, ainda carrega na alma o peso daquele fatídico gol da final da Copa de 1950! Ademais, resignou-se ele, agora com Feola dividindo com Aymoré Moreira no comando do nosso Escrete dos Sonhos, esse campeonato será uma "barbada". Não tinha mesmo o porquê não atender a esse derradeiro chamado. E lá foi ele sem seu já tão combalido corpo, sem luvas e joelheiras para incomodá-lo em suas atuações celestiais.
Só imaginando assim é que encontro forças para aplacar, em parte, tanta saudade; aceitar que todos aqui da Terra - inclusive nossos ídolos - um dia encerram o ciclo biológico e cumprem a sua existência. Como lenitivo para o vazio em que mergulha minha alma, resta-me pedir a Deus que com sua infinita bondade, me conceda a graça de um dia poder postar-me atrás do gol do Estádio do Firmamento, e tornar a admirar o vulto negro a se impor com galhardia e coragem à frente da meta do nosso Escrete dos Sonhos. Como nos idos de minha infância, grudado no alambrado do gol de entrada do Pacaembu, em 1962.
Por isso, meu amado Gylmar, quando você estiver atuando, sempre que puder, não se esqueça de olhar atrás do gol. Certamente um dia, você irá me encontrar pendurado no alambrado, maravilhado com as suas defesas... pela eternidade.
Descanse em Paz meu amado ídolo, e até breve.
Com o respeito e a admiração de sempre.
Edson Aparecido Liberti
Confira vídeo do apresentador Milton Neves homenageando Gylmar, De Sordi e Félix, no dia 24 de agosto de 2018, cinco anos após a morte de Gylmar, o Goleiro Maior:
CONFIRA ENTREVISTA DE JOÃO BOSCO COM O GOLEIRO GYLMAR, ONDE ELE REVELA COMO DEIXOU DE USAR JOELHEIRAS
Abaixo, confira Gylmar explicando como foi o seu primeiro jogo pelo Santos contra o Corinthians:
ABAIXO, VÍDEO DE 1º DE MARÇO DE 1994, PROGRAMA ESPECIAL DA RÁDIO JOVEM PAN-SP ALUSIVO AOS 40 ANOS DO 4º CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. APRESENTAÇÃO DE MILTON NEVES, COM PARTICIPAÇÕES DE JOSÉ SILVÉRIO E WANDERLEY NOGUEIRA. OS CONVIDADOS FORAM: VICENTE MATHEUS E GYLMAR DOS SANTOS NEVES
Vídeo: confira as imagens do embarque da seleção para a Copa de 1970
O vídeo foi postado no Facebook pelo usuário Claudio LazadEstá no caminho? Desempenho agrada corintianos, que agora querem resultados
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