Os grandes times de futebol têm uma espinha dorsal representada por aqueles atletas que constituem a base de sustentação da equipe, sem os quais ela não passará de um gruo medíocre, sem possibilidade de aspirar algo de concreto no terreno da disputa.
Como grande equipe que é, o Grêmio possui uma espinha dorsal representada por quatro jogadores essenciais à estabilidade do plano tático do time dirigido por Renato Portaluppi.
Nem precisaria apontar aqui quais são esses jogadores, porque se trata de uma realidade óbvia, que passa pela cabeça de qualquer torcedor medianamente ligado à constituição futebolística de seu clube do coração.
Mas como nossa missão é comentar futebol para todos - os ligados e os menos ligados - vamos então aos nomes desses atletas fundamentais à estabilidade gremista no campo de jogo. São eles Pedro Geromel, Walter Kannemann, Douglas e Luan.
Não que os demais atletas não sejam importantes na composição do grupo, mas podem ser substituídos no elenco sem causar perda de qualidade significativa no padrão de jogo da equipe.
Acredito que a direção técnica do Grêmio tem plena consciência de que utilizar esses atletas essenciais nos jogos do Gauchão, às vésperas de estrear na Copa Libertadores da América, é uma temeridade que beira às raias da irresponsabilidade.
Como sabemos, os jogos dos campeonatos regionais são disputados de forma tão acirrada quanto os do torneio continental, haja vista que as equipes menos qualificadas são integradas, via de regra, por jogadores que precisam mostrar serviço para conquistar espaço nos grandes clubes e serem valorizados profissionalmente.
Ávidos por essa conquista, esses aspirantes à elite do futebol brasileiro sempre estarão propensos ao jogo viril, que lhes possibilite enfrentar de igual para igual os colegas teoricamente mais qualificados, que já estão na vitrine da fama
É nesse fator de caráter psicológico que "mora o perigo", pois numa dessas disputas de bola entre famosos e candidatos à fama podem ocorrer, sem nenhuma surpresa, lesões lamentáveis capazes de inabilitar para a disputa do certame mais importante atletas fundamentais na composição da espinha dorsal a que me referi anteriormente.
O próximo compromisso do Grêmio pelo campeonato Gaúcho é o clássico Gre-Nal, que será disputado sábado na Arena gremista.
O comentário geral é que o esquadrão gremista vai colocar em campo nesse confronto de gigantes do futebol gaúcho o seu time completo, exceto aqueles jogadores que não estejam clinicamente aptos a entrar em campo, como é o caso do atacante Luan, que se recupera de lesão.
É claro que nesse caso o risco gremista em relação à estreia na Libertadores, que acontece na quarta-feira seguinte ao dia do Gre-Nal, não se enquadra no que falei antes sobre a disputa de bola entre jogadores de níveis diferentes, haja vista que os atletas que estarão em campo nesse jogo atuam em clubes de igual magnitude.
Mas o risco gremista de se ver desfalcado para o torneiro continental continua a existir, talvez até com maior intensidade, já que o fator psicológico que coloca gremistas e colorados em campos diametralmente opostos estará presente em cada disputa de bola, durante os 90 minutos do confronto de arqurrivais.
De certa forma humilhado por ter caído para a Série B do campeonato brasileiro, tendo que aturar as gozações das arquibancadas gremistas por essa razão, não resta nenhuma dúvida de que o time de Antônio Carlos Zago irá com tudo para cima dos comandados de Renato Poataluppi, provocando um grande desgaste físico no elenco antagonista, com possibilidade real de ocorrerem casos de lesão que venham a desfalcar o grupo para o certame de maior relevância.
Sem querer me tornar repetitivo - e já me tornando, como diria Jô Soares - nunca é demais lembrar o caso do atacante Bolaños, no fatídico Gre-Nal do ano passado, também pelo Gauchão, que o afastou da disputa da Libertadores, naquela entrada desleal do meia colorado Willliam, depois de o jogador equatoriano ter estreado no Grêmio de forma magistral na goleada de 4 a 0, diante da LDU.
A propósito desse assunto, vale observar que, no jogo de domingo, no Beira-Rio, em que o Inter conseguiu sua primeira vitória no Gauchão, batendo o Brasil de Pelotas pelo escore mínimo, William entrou no time, após ter sido reintegrado ao grupo em razão do fracasso de sua negociação para o exterior.
Coincidentemente, Bolaños, que tem crescido muito de produção, foi o melhor jogador em campo na partida em que o tricolor venceu o Cruzeiro, em Gravataí, pelo placar de 2 a 0, reunindo portanto todas as condições para integrar o time gremista no Gre-Nal de sábado.
Segundo o dito popular, "o raio não cai duas vezes no mesmo lugar". Mesmo assim, vale dizer que é no mínimo curiosos o fato de William e Bolaños estarem cotados para se enfrentarem novamente, depois daquele episódio no Gre-Nal do ano passado, que fez do meia colorado o "carrasco" que tirou o avante gremista da disputa da Libertadores da América de 2016.
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