A empolgante vitória sobre o Juventude, na segunda-feira, em um Morumbi tomado por 37.485 torcedores e renda milionária de R$ 2.853.811,25, cristalizou, mais uma vez, uma regra clara de marketing que o Santos tem ignorado insistentemente: o artista tem de ir aonde o povo está – como diz a música “Nos Bailes da Vida”, de Milton Nascimento e Fernando Brant – e no caso do Alvinegro Praiano o seu maior público está na Grande São Paulo.
É evidente que todos amam a cidade de Santos, idolatram a Vila Belmiro e sabem que a magia do estádio centenário inibe os visitantes e inspira os jogadores, mas será que há algo mais inspirador para um artista do que uma casa imensa, cheia e vibrante? E será que maior público, maior visibilidade, além de mais dinheiro em caixa, não faz a bola de neve milionária rolar mais rápido? A propósito, somando-se as populações de Santos e São Vicente não dá o número de aficionados do Santos na região metropolitana de São Paulo.
Há alguns anos, quando eu mantinha um blog e corriam rumores de que a histórica Portuguesa de Desportos, falida, poderia fechar as portas, perguntei ao presidente da Portuguesa de Santos se ele seria capaz de mudar os jogos de seu time para São Paulo caso percebesse que assim sua querida Briosa herdaria a torcida da Portuguesa paulistana. O dirigente imediatamente respondeu que sim.
Na verdade, ter uma quantidade enorme de simpatizantes em uma grande metrópole é o sonho de todo clube profissional de futebol – sonho que o Santos conquistou com muita arte e heroísmo, garantindo o espetáculo, por décadas, em eventos memoráveis no Pacaembu, Morumbi, Parque Antártica, Canindé, Rua Javari e onde quer que se exibisse na Capital.
Neste Brasileiro, nos dois jogos em São Paulo, a média de público santista supera 36 mil pagantes, enquanto que no romântico Urbano Caldeira o maior público não alcança 14 mil pessoas. Mas a decisão de passar a mandar mais jogos, ou a maioria deles em São Paulo, não é nada fácil, eu sei. Santistas tradicionais encaram isso como um acinte. Afinal, dizem, “o Santos é de Santos”.
Bem, a marca mais conhecida do planeta é a Coca Cola, cuja sede fica em Atlanta, na Georgia, mas ninguém precisa ir até os Estados Unidos para tomar uma. Enfim, será que a poderosa marca do Santos precisa ficar restrita a limites geográficos? E será que essa limitação não afasta investidores que poderiam tornar o clube e a equipe dignos da projeção que conquistou desde os tempos de Pelé, Zito & Cia?
De qualquer forma, é triste ver a torcida do Santos, que nas décadas de 1970 e 1980 ocupava a maior parte dos lugares do Morumbi em clássicos com mais de 100 mil torcedores e chegou a ser a segunda da Capital, superando são-paulinos e palmeirenses, hoje amargar uma das piores médias de público do Campeonato Brasileiro. Será que nada pode ser feito mesmo com relação a isso?
A volta de Neymar criou um atrativo especial para o time. Multidões querem ver o solitário artista do futebol brasileiro, aquele que nos faz lembrar que o País já teve o melhor e mais criativo futebol do mundo. O Santos fez o mais difícil ao trazê-lo. Agora é preciso escolher melhor os palcos em que o último dos craques vai se apresentar.
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