O Santos está com problemas para manter algumas de suas principais promessas da geração nascida em 2002. Considerada uma das mais talentosas da história recente do Peixe, conta com nomes frequentemente convocados para a Seleção Brasileira, com destaque para Kaio Jorge, Sandry e Giovanni, além dos menos badalados Derick, Ivonei e Cadu.
Dos citados, o Peixe renovou, com direito a muita novela, o contrato de quase todos, exceto os do volante Sandry e do meia Giovanni. Ao lado de Kaio Jorge, a dupla é agenciada pelo empresário Giuliano Bertolucci, que tem relação estremecida com o Santos. O atacante, hoje no profissional, teve processo de renovação bastante complicado e chegou a se despedir do clube com direito a carta de agradecimento dos pais, mas no final acabou acertando.
Sandry e Giovanni são considerados os dois maiores potenciais da geração ao lado de Kaio Jorge. O volante encantou o técnico Jorge Sampaoli durante a pré-temporada com os sparrings, fez sua estreia profissional e só foi afastado do elenco de cima do Santos devido ao problema contratual. Seu atual vínculo de formação vence em setembro.
Já o meia Giovanni, que tem o nome em homenagem ao ídolo santista da década de 90, nunca foi procurado pela diretoria santista para tratar da renovação de contrato. Ele assistiu de perto o Peixe procurar companheiros menos badalados e renovar o vínculo, mas seus representantes nunca receberam sequer uma ligação.
Com apenas 17 anos de idade, o garoto que vestia a camisa 10 na base já acumula duas Copas São Paulo de Futebol Jr, competição sub-20, bastante acima da idade do meia. Apesar do destaque em sua categoria, Giovanni não recebeu oportunidade de treinar com os sparrings de Sampaoli.
Magoados com o tratamento recebido, os representantes do jogador pretendem tirar o meia da Vila Belmiro e colocá-lo em um clube de fora do país. Giovanni já não treina mais com o sub-17 do Peixe devido ao entendimento do seu estafe de que perante a FIFA o contrato de formação do jogador teria acabado. A ideia é colocar o atleta em um clube da Europa, pois a multa seria menor, aproveitando a dupla cidadania do jogador.
O Santos não vê dessa forma e pretende cobrar a multa de 200 vezes os custos comprovados com a formação do jogador caso ele deixe o Peixe. Recentemente o Santos perdeu o zagueiro Robson Bambu e entrou com ação para cobrar R$ 14 milhões do Athletico como multa por não ter exercido sua preferência de primeira renovação profissional, mas o processo está longe de um desfecho.
O valor pedido pelo Peixe no caso Bambu surge de acordo com o parágrafo 11 do artigo 29 da Lei Pelé. Ele prevê que, caso o jogador não aceite a oferta do clube formador, a equipe pode exigir até 200 vezes o salário rejeitado como multa. No caso, o Peixe optou por esse valor ao primeiro citado, de 200 vezes o total comprovado gasto com a formação do atleta - lembrando que Bambu chegou ao Santos no sub-11 e permaneceu até o profissional.
Ou seja, se a situação de Bambu se repetir com as duas jovens promessas santistas, o Peixe ainda poderia sair perdendo no quesito venda ao exterior. Tanto Giovanni quanto Sandry são monitorados por grandes clubes da Europa e possuem um alto potencial de venda futura. No ano passado, o Santos faturou 40 milhões de euros (172 milhões de reais) com a venda de Rodrygo ao Real Madrid (ESP) no que o presidente José Carlos Peres classificou como "tábua de salvação do clube".
Giovanni recebeu sondagens do São Paulo, mas a elevada multa para que o meia saia do Peixe para um clube do Brasil afastou o interesse do time do Morumbi. Segundo consta no site da Federação Paulista de Futebol (FPF), Giovanni tem contrato com o Santos até o final de janeiro do próximo ano.
Problema crônico
A renovação do atacante Kaio Jorge se arrastou por meses, mas não foi exceção. O mesmo se deu com Ivonei e Cadu, por exemplo. Ambos foram cortados do Mundial de Clubes da Juventude que o Peixe disputou na Espanha no ano passado por não terem acertado o primeiro contrato profissional a tempo.
Após esse fato, os representantes dos dois jogadores tiveram duas reuniões com o gerente executivo das categorias de base do Santos, Marco Maturana, e não chegaram a um acordo. A renovação só se deu quando uma terceira pessoa intercedeu junto ao Peixe. Na terceira reunião, que também contou com a presença de um membro do Comitê de Gestão do Santos, houve acordo para a renovação.
Segundo relatos dos representantes dos dois jogadores e também de pessoas ligadas ao empresário Giuliano Bertolucci, agente de Sandry, Giovanni e Kaio Jorge, as reuniões com Maturana são improdutivas por um fato simples: todas as renovações precisam passar pelo crivo do presidente José Carlos Peres.
Esse fato é o que atrasa a renovação de Sandry, por exemplo. Os representantes do volante já se reuniram com Maturana, mas escutaram que o gerente levaria as condições ao presidente e, a partir daí, as conversas estagnaram. O mesmo acontece na renovação do zagueiro Kaique Rocha, que tem vínculo com o Peixe até fevereiro do ano que vem.
O presidente santista já deu declarações de que é ele quem "tem a caneta" na Vila Belmiro para minimizar os erros da gestão. No entanto, o processo não é comum no Brasil. Times como Atlético-MG, Cruzeiro, Palmeiras, São Paulo e Vasco, por exemplo, se valem de vice-presidentes e diretores de futebol para dividir as responsabilidades no clube. O Peixe, porém, não conta com tais figuras hoje, já que o vice-presidente Orlando Rollo e o executivo de futebol Renato estão afastados. Antes de se licenciar, Rollo deixou pública sua insatisfação com a centralização de poder de Peres.
Santos afasta meninos
Após sofrer três derrotas nos primeiros três jogos do Campeonato Brasileiro Sub-17, sofrendo 10 gols e marcando apenas dois, o técnico Márcio Zanardi pediu para a diretoria afastar três dos destaques da equipe: o volante Sandry e os meias Ivonei e Gabriel Pirani. A justificativa dada à cúpula do Peixe foi insuficiente técnica.
O motivo soa estranho, já que Sandry foi novamente convocado para a Seleção Brasileira da categoria, Ivonei também tem passagens pela Seleção e Gabriel Pirani foi um dos selecionados pelo técnico Jorge Sampaoli para fazer parte do time de sparrings.
No entanto, a comissão técnica do sub-17 alegou falta de comprometimento do trio, o que enfureceu representantes dos jogadores. O futuro do grupo na Vila Belmiro não está garantido. Os três devem treinar com o grupo de jogadores encostados pelo Peixe, que conta por exemplo com Bryan Ruiz, Cléber Reis e Guilherme Nunes.
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