Cantando vitória desde a parte da tarde, Eurico foi consumando sua supremacia a cada hora de forma serena, quase como um "já ganhou"

Cantando vitória desde a parte da tarde, Eurico foi consumando sua supremacia a cada hora de forma serena, quase como um "já ganhou"

Bruno Braz e Pedro Ivo Almeida
Do UOL, no Rio de Janeiro

De tudo um pouco aconteceu na volta de Eurico Miranda ao Vasco após seis anos. No tumultuado processo eleitoral que começou às 9h de terça e terminou por volta das 3h de quarta, momentos de tensão, com direito a brigas e armas de fogo, foram misturados com outros de descontração e de peculiarides do novo presidente cruzmaltino.

Cantando vitória desde a parte da tarde, Eurico foi consumando sua supremacia a cada hora de forma serena, quase como um "já ganhou", distribuindo sorrisos, baforadas e tirando muitas selfies.

No despertar da madrugada, o cartola bradou o tradicional grito de "casaca" e cravou o início de sua nova era, enquanto que, do lado de fora de São Januário, grupos rivais de uma organizada se degladiavam, muitos deles armados. 

Rei das selfies
Eurico foi, disparado, o candidato mais assediado pelos sócios. Como um popstar, recebia a todos com uma surpreendente "simpatia" e posava para as "selfies", por vezes até ajudando a tirá-las.

"Preciso receber o eleitor do Vasco. Sei que eles estão aqui para me ver", justificava.

A vontade no ginásio de São Januário, atendeu a um casal com um filho recém-nascido e fez questão de pedir para a imprensa registrar o momento.

"Tirem essa foto nossa para mostrar o que é Vasco. Só aqui tenho mais três votos", bradou.

Patadas
O cartola, porém, não mostrou apenas o seu lado "paz e amor". Por vezes, se exaltou e respondeu de maneira áspera. Quando foi questionado por um fiscal do candidato Julio Brant de estar assediando os eleitores, por exemplo, Eurico foi irônico:

"Rapaz, o pessoal só está querendo tirar foto comigo. Não posso fazer nada se ninguém quer tirar foto com você. Ninguém te conhece. Vou arrumar umas quatro pessoas para tirar foto com você", debochou.

Gafe logo com quem!
Outro fato pitoresco de Eurico aconteceu no momento de maior presença de sócios no ginásio, o que causou uma pequena confusão na organização das filas. Como o cartola estava próximo dos populares, um segurança particular mais truculento não percebeu que Miranda estava em sua frente e, com as mãos, pediu para ele ir "acelerando".

Nervoso com a abordagem, Eurico se virou para o profissional (neste momento já assustado por constatar de quem se tratava) e bradou:

"Você está maluco, rapaz? Sabe com quem está falando?".

Posteriormente, o segurança acabou sendo transferido para outro setor.

Charutos
Desde as 10h30, Eurico já estava com seu charuto na mão. No total, foram mais de cinco. Segundo pessoas próximas, a prática o ajuda a aliviar a tensão do pleito. No fim, todos os correligionários estavam com sob posse do fumo. Além da comemoração, era ainda uma provocação ao rival Júlio Brant, que chamou Eurico e seu grupo de "charuteiros" em tom pejorativo.

Brigas e armas
Do lado de fora de São Januário, na rua onde fica a portaria principal, dezenas de pessoas não se preocupavam em disfarçar as pistolas na cintura. Durante o primeiro confronto entre correligionários de Eurico e de Roberto Monteiro, por exemplo, um tiro paro o alto chegou a ser disparado com o objetivo de apartar a confusão.

Já quando Julio Brant deixou o ginásio e foi cercado por apoiadores de Eurico, um dos seguranças particulares do candidato da chapa "Sempre Vasco" sacou uma arma, o que causou gritaria e corre corre.

A noite ainda teve mais duas brigas entre rivais de uma mesma organizada, sendo que uma delas quase invadiu o setor de apuração.

Disposição
Mesmo aos 70 anos e visivelmente debilitado, Eurico Miranda demonstrou fôlego e disposição, ficando do início ao fim do pleito a maior parte do tempo em pé e recebendo sócios e amigos. O cartola não almoçou e nem jantou, se alimentando poucas vezes com bolachas de água e sal, além de refrigerante.

FOTO: UOL

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