Lino Tavares
Certa vez, na BR-290, que liga Porto Alegre a Uruguaiana-RS, eu bati à noite num trator quebrado em cima de uma ponte, colidindo o carro na guarda da travessia e ficando com a metade do veículo à beira do precipício, prestes a despencar. Felizmente o socorro chegou a tempo e me tirou daquele risco iminente,
Coloco esse fato em realce, a guisa de analogia, para dizer que é exatamente assim que o Grêmio se encontra na reta final deste Brasileirão. Basta um empurrãozinho para o tricolor gaúcho se precipitar pela quarta vez no abismo do rebaixamento.
O jogo do Grêmio nesta rodada, diante do Juventude, foi simplesmente desalentador e vergonhoso.
O time de Renato não empatou com a equipe de Caxias do Sul, apenas escapou de uma derrota que seria catastrófica, não fosse o duplo lance de sorte que a evitou.
O primeiro foi a defesa magistral da penalidade, feita pelo goleiro Marchesín, que finalmente desencantou nesse particular, único quesito em que ele vinha deixando a desejar, já que parecia ter medo de cobradores de pênalti.
O segundo lance de sorte aconteceu no finalzinho do jogo, quando o jogador João Lucas, do Juventude, encaminhou a bola contra as próprias redes, no chute desferido por Cristaldo numa cobrança de falta.
Renato Portaluppi, que chegou a ser tido como melhor treinador do Brasil, nos anos de 2016 e 2017, quando conduziu o Grêmio ao 5º título da Copa do Brasil e ao 3º da Libertadores, é considerado hoje uma "persona non grata" no comando do time gremista, não fazendo jus ao elevado salário que lhe é pago.
Como se não bastasse a falta de aproveitamento do grande espaço de tempo de que dispôs para formatar no Grêmio algo que se possa chamar de time, Renato extravasa sua teimosia em escalar mal, deixando no banco craques diferenciados como Soteldo e outros bons jogadores capazes de "quebrar o galho" dessa equipe mal orientada, à base da individualidade.
Só um cego não vê que o Grêmio só conseguiu encurralar o Juventude, chegando ao empate salvador, mercê da qualidade individual dos jogadores que substituíram os que deixaram o time e estavam afundando a equipe em mais uma derrota desastrosa.
Àquela altura dos acontecimentos, o desespero era tão grande que Renato trocou a condição de técnico pela de aventureiro, apostando num tudo ou nada que deixou o miolo da retaguarda gremista com um só zagueiro e congestionou o sistema ofensivo com atacantes de ofício.
Foi o único momento do jogo em que a torcida respirou mais aliviada, pois no restante do confronto viveu um sufoco danado, diante de uma virada contra que parecia irreversível.
Que me desculpem os "renatistas de carteirinha", mas como treinador, pelo menos no Grêmio, Renato Portaluppi é "bananeira que já deu cacho".
Está passando da hora de a direção e a torcida gremista dizerem a Renato que ele "foi bom enquanto durou", mas que agora é chegado o momento de cantar para ele aquela música do Kleiton e Kledir, que diz "deu pra ti... baixo astral..."
Igual ou pior do que a performance atual de Renato como treinador do Grêmio, só a presença de Dorival Júnior no comando da seleção brasileira, pois empatar em sequência com a seleção da Venezuela e a do Uruguai, em casa, caindo para 5º lugar nas Eliminatórias da Copa, é fazer com que Pelé, Garrincha & Cia deem voltas nos caixões.
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