Foto: Lucas Uebel/Grêmio

Foto: Lucas Uebel/Grêmio

Por Airton Gontow

Renato, o nome mais vitorioso da história do Tricolor Gaúcho, é hoje um anti-herói.

Fez tudo tudo errado este ano, especialmente nas partidas eliminatórias, contra o Corinthians, pela Copa do Brasil, e contra o Fluminense na Libertadores da América.

Ontem, no Maracanã, deu um novo e constrangedor show de teimosia.

Novamente escalou quem nenhum torcedor queria. O Grêmio foi derrotado na Copa do Brasil por um time - o Corinthians - que está em um dos últimos lugares no Brasileirão e que no primeiro jogo atuou com dez durante metade da partida e que na segunda partida entrou com o time reserva e que quase pedia para ser eliminado.

Na Libertadores, a equipe gaúcha foi eliminada pelo Fluminense, que estava cansado, mais desfalcado do que o Grêmio e também está embaixo na tabela do Brasileirão.

Renato entrou com três zagueiros, três atacantes e dois volantes, um deles que não marca (Villasanti). Não tinha ninguém para fazer a bola chegar ao ataque. Não tinha nenhum articulador! Portaluppi fez o mesmo quando Grêmio jogou com os reservas contra o Bahia. Mesmo desfalcado, o Grêmio poderia ter alguma chance. Mas não com três lá na frente, um meia que não marca (o ótimo Monsalve) e um dos dois volantes que não marca, nem corre: Pepê.

Assim como agora contra o Flu, no primeiro tempo contra o Bahia, o Grêmio não viu a cor da bola. Todo mundo sabe que futebol se ganha no meio campo, a não ser quando um time é muito superior ao outro. Na primeira partida da Copa do Brasil, contra o Corinthians, em São Paulo, o Grêmio dominou toda a primeira etapa. Quando o Corinthians ficou com dez jogadores, Renato acabou com o meio campo e colocou cinco jogadores com funções apenas ofensivas e ocupando os mesmos lugares no espaço e sem ter quem passasse a bola para eles! Além de o Grêmio não atacar mais, o Corinthians, com dez jogadores, quase ganha a partida!

Renato abusou dos erros até nas coisas simples. Contra o Corinthians, em Curitiba, colocou o Edenilson para bater pênalti, faltando três ou quatro minutos para término da partida. Frio e com histórico de bater bem mas errar os decisivos, Edenilson errou. Ontem, no finalzinho, colocou o Nathan Pescador para bater uma das penalidades. Frio e inseguro, até mesmo por ser detestado pela torcida, perdeu o pênalti.

Renato não aprendeu com a experiência do jogo passado!

Além disso, não colocou ao final da partida o goleiro Caíque. Pode parecer uma contradição, já que também estaria frio, mas é um pegador de pênaltis, enquanto o goleiro Marchezin, que joga bem, nunca agarra pênaltis no Grêmio. Até hoje não agarrou nenhum!

Ontem, o fato se repetiu. O pênalti que o Fluminense perdeu foi em um chute de Ganso, que havia deslocado Marchezin, e bateu na trave.
Aliás , uma lembrança: Renato e a Diretoria gremista não fizeram questão de segurar Marcelo Grohe, o Milagrohe, quando foi embora do clube, nem de trazê-lo de volta, apesar dos indícios da vontade do goleiro. O Penta da Copa do Brasil aconteceu depois que Renato escalou mal o Grêmio em casa contra o então Atlético Paranaense (hoje Atlhetico) e o Tricolor Gaúcho foi derrotado, depois de ter vencido no Paraná. Se Grohe não tivesse defendido a última penalidade, batida pelo hoje goleiro do Palmeiras, Weverton, dando chances à sequência da decisão, o Grêmio teria sido desclassificado daquela competição, que acabou vencendo, o primeiro título depois de longo jejum.

Nos últimos dois anos, Renato insistiu com o limitado Galdino, que não conseguia segurar a bola e quando segurava matava contra-ataques; e com o espantosamente inoperante JP Galvão, que ganhava um milhão de reais por mês. Em 45 jogos no Grêmio fez três gols, um deles de pênalti, e todos apenas no Gauchão; todos contra times que caíram para a segunda divisão estadual. Não marcou um único gol no Campeonato Brasileiro, na Copa do Brasil e na Libertadores! Renato o mantinha como titular, dizendo que cumpria uma importante função tática. Mas como assim? JP Galvão não conseguia matar a bola, não vencia de cabeça e nem fazia a parede! Em 45 jogos deu apenas uma assistência! E este ano, em 30 jogos, nenhuma assistência. Que função tática era essa?

Agora Renato mantém Pavón, que não joga em alto nível há muitos anos e que era reserva no Atlético Mineiro; e deixa no banco o guri colombiano Monsalve, que tem tudo para ser um craque e era implorado pela torcida. Ontem, Monsalve entrou na metade da segunda etapa e deu passe para o gol do Grêmio.Também o treinador deixou no banco o ótimo Gustavo Nunes, que entrou no começo do segundo tempo e marcou o gol. “Gustavinho” acaba de ser vendido para Inglaterra, por apenas 12 milhões de euros. Não fosse reserva de Pavón e, antes, de Galdino, teria sido negociado no mínimo pelo dobro do preço.

Renato também deixou no banco Cristaldo, que só entrou no início do segundo tempo e foi bem. Mas Cristaldo foi escalado novamente para bater um pênalti. Ele, que tinha perdido na decisão contra o Corinthians e que já havia desperdiçado três penalidades nos últimos meses.

Renato é um ótimo administrador de grupo e grande motivador, mas é também um mix de teimoso, prepotente e, talvez, burro, já que não tenta aprender com seus erros e sempre coloca a culpa nos outros e nas circunstâncias.
É por isso que não aprende!

Obviamente que afetam o rendimento do time, as enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul e o fato do Grêmio não estar jogando em seu estádio e, ainda, treinando menos do que poderia devido ao excesso de viagens.

Mas ainda assim é preciso ficar claro: Renato Portaluppi, o maior nome da gloriosa história tricolor, é também o maior culpado pelas desclassificações do Grêmio na Copa do Brasil e na Libertadores da América.
———————————————-
Airton Gontow é jornalista, cronista e diretor do site de relacionamento Coroa Metade.

Últimas do seu time