Samir Carvalho
Do UOL, em Santos (SP)
O presidente do Santos, José Carlos Peres, e o vice-presidente, Orlando Rollo, que se uniram para tirar Modesto Roma do poder na última eleição do clube, já "racharam" em pouco menos de três meses de gestão. A situação, que se arrasta há algumas semanas, ficou mais grave e agora a direção do clube paulista está dividida entre os apoiadores de cada lado. O UOL Esporte apurou com exclusividade o que motivou a briga entre os dirigentes.
A reportagem ainda teve acesso aos prints de um grupo de Whatsapp que reúne dirigentes e conselheiros eleitos do Santos, onde o clima anda bastante tenso com discussões entre Peres e Rollo. Nesta quarta-feira, ao ser questionado sobre quem representou o clube em reunião na Federação Paulista de Futebol (FPF), Orlando Rollo disse que não sabia informar e disparou: "Por enquanto minha função na administração tem sido a de alimentar os peixes na sala de espera da presidência". Mais tarde, Peres entrou em outra discussão no grupo: "O pior cego é aquele que não quer ver, ouvir, nem acreditar...".
Em contato com pessoas ligadas a Rollo, o que não faltam são acusações e reclamações. O vice-presidente ameaçou pedir licenciamento do cargo, mas mudou de ideia e agora está praticamente afastado de forma não oficial da direção do Santos.
O "racha" começou logo na transição, quando o grupo de Rollo se sentiu desprestigiado na divisão das funções e "jogado de escanteio" na gestão. Peres, por sua vez, alega nos bastidores que a briga começou porque o vice queria colocar um amigo da polícia como treinador do sub 20, contratação que foi vetada pelo presidente. Orlando Rollo é policial civil, mas rebate nos bastidores que o profissional em questão é um excelente treinador das categorias de base da Portuguesa Santista.
Rollo afirma que Peres considerou o seu grupo sem capacitação para as funções no clube e, por isso, escolheu os seus apoiadores na eleição para os cargos mais importantes - e que, consequentemente, oferecerem os melhores salários. Para a turma de Rollo teriam sobrado apenas vagas consideradas de "baixo escalão".
Neste caso, o grupo que apoia o presidente santista diz que Orlando Rollo queria contratar profissionais para o Santos independente da qualidade técnica deles, e sim por fazer parte de seu grupo de apoio na eleição.
Ciúmes por espaço na imprensa
Orlando Rollo e companhia também alegam que José Carlos Peres ficou enciumado com a relevância que a imprensa e torcida empregam ao vice-presidente. Segundo eles, Rollo foi proibido de conceder entrevistas sob a alegação de que só o presidente falaria em nome do clube. Peres diz que não proibiu o vice-presidente, mas que o Conselho Gestor o escolheu para ser o único porta-voz do clube em relação aos jornalistas.
Decisão unilateral sobre a Globo
A turma de Rollo ainda acusa José Carlos Peres de proibir que o vice-presidente e os demais membros do Conselho Gestor participassem das negociações do futebol. Segundo eles, esta decisão fere o estatuto do clube paulista.
Mas o estopim para o "racha" seria a participação do Grupo Guia, ex-aliados dos antigos presidentes do clube, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro e Odílio Rodrigues, nas negociações com a Globo. Rollo tem rivalidade histórica com essa corrente e ainda pretendia manter o acordo somente com o Esporte Interativo.
Relação com torcidas uniformizadas
A relação do clube com as torcidas organizadas também separou Peres e Rollo. O vice-presidente diz que aposta em relação harmoniosa com os torcedores e vê o presidente manter distância. O grupo de Peres diz que Rollo ficou com a atribuição de resolver assuntos com a torcida que envolvem ingressos e carnaval, mas não conseguiu. E, por conta disso, ele tenta "jogar" a torcida contra a gestão de José Carlos Peres.
Rollo ainda reclama nos bastidores que não existe possibilidade de diálogo com Peres, pois o dirigente muda de opinião a "cada meia hora". O vice-presidente, inclusive, teria descumprido algumas determinações do Conselho Gestor em relação aos torcedores uniformizados.
Procurado pelo UOL Esporte, Peres, via assessoria de imprensa do Santos, diz que, por ser democrática, a relação entre os integrantes da diretoria contempla concordâncias e discordâncias, ressaltando que todas as conversas são "respeitosas". Sobre a negociação com a Globo, a diretoria alega que o próprio Rollo optou por não participar, assim como em conversas recentes com a torcida organizada. Orlando Rollo, por sua vez, procurado pela reportagem, se recusou a falar sobre o "racha".
Foto: Ivan Storti/Santos FC
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