Treinador argentino é mais um profissional que deixa o Peixe em busca de melhores condições para ser campeão. Foto: Ivan Storti/Santos FC

Treinador argentino é mais um profissional que deixa o Peixe em busca de melhores condições para ser campeão. Foto: Ivan Storti/Santos FC

O que parecia iminente se consolidou. Jorge Sampaoli não é mais técnico do Santos. E como se esperava, a saída do argentino se dá de forma turbulenta. Muito querido por uma enorme parcela da torcida santista, o treinador deixa a Vila Belmiro apesar de todos os pedidos de “fica” que recebeu.

Ao torcedor resta a lamentação. E por mais que seja óbvio que o Santos seguirá sua gloriosa história mesmo sem o argentino, a saída de Sampaoli é profundamente sentida por aqueles que o apoiaram ao longo de 2019.

A dor daqueles que se entristeceram com o adeus do treinador se dá porque, sob o comando do argentino, o Santos voltou a ser protagonista, jogou bom futebol, foi ofensivo, foi ousado, foi corajoso e encantou. Não veio nenhum título em 2019, mas o time entregou bom desempenho e a perspectiva era super positiva para 2020. Romper esse processo é dolorido.

Mas não é o simples rompimento por si só que machuca o torcedor. Ao deixar o Peixe, Sampaoli repete um filme visto inúmeras vezes pelos santistas nos últimos tempos. O treinador é mais um que resolve mudar de ares em busca de algo melhor, em busca melhores condições, maior investimento, maiores chances de conquistar títulos.

Em quantos momentos o santista se viu nessa situação? Foi assim recentemente com Gabriel e com Bruno Henrique que, ambicionando algo a mais na carreira, deixaram o Peixe rumo ao Flamengo. Foi assim com Ricardo Oliveira lá em 2003. Foi assim com Paulo Henrique Ganso quando foi para o São Paulo em 2012. O mesmo aconteceu com Lucas Lima quando não quis renovar seu vínculo para mudar-se para o Palmeiras. Também quando Alan Kardec trocou a Vila Belmiro pelo Allianz Parque. Foi assim quando ídolos do clube, retornando para o Brasil, optaram por assinar com outras equipes mesmo recebendo propostas santistas.

A questão aqui não é julgar as decisões tomadas pelos profissionais. Muito menos questionar se o Santos se deu bem ou mal em cada caso – o exemplo de Lucas Lima parece claro que não foi ruim para o Peixe. O que se discute aqui, especialmente após a saída de Sampaoli, é: por que o Santos parece ser sempre um trampolim para boa parte dos profissionais que passam pelo clube?

O Santos Futebol Clube é um gigante do futebol mundial. Clube com uma história riquíssima e conquistas recentes de grande apelo. Mas por culpa de suas próprias diretorias ao longo do ano, o Peixe não consegue se colocar como protagonista. Hoje é Sampaoli, ontem foram outros nomes. Amanhã serão outros. A grande questão a ser pensada é: por que o Santos, entra gestão, sai gestão, não consegue ser atrativo o bastante para os profissionais que passam pelo clube?

Dificuldades financeiras e amadorismo de seus dirigentes ajudam a explicar esse cenário. Sampaoli escancarou para o torcedor e para a mídia: o Santos é um clube espetacular, mas é muito mal cuidado. Enquanto esse cenário não mudar, o filme se repetirá e o torcedor alvinegro seguirá sofrendo e se frustrando.

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