Gabriela Chabatura
Colaboração para o UOL, de Montevidéu (URU)
Processados pela justiça uruguaia, Matías Mier, Nández e Lucas Hernández atuaram na noite deste sábado (29), na partida contra o River Plate (1 a 1), pelo Campeonato Uruguaio, mas não se pronunciaram sobre a punição provisória imposta pela Conmebol e também sobre as determinações da juíza penal Julia Staricco. Eles estão sendo blindados pelo clube e estão proibidos de conceder entrevistas por tempo indeterminado.
Apesar do silêncio dos atletas, o técnico Leonardo Ramos revelou cansaço do time por causa da intimação da justiça.
"Era previsível que tivéssemos este desgaste porque cinco jogadores chegaram uma e pouco da manhã e estiveram mais de dez horas no Poder Judicial depondo. Eles chegaram muito cansados e resgatamos a vontade deles de jogar. Essas coisas, mentalmente, vão contra a preparação para uma partida. Não era o melhor cenário para ter um jogo", declarou o treinador.
Antes da partida, Gerardo "Boca" Arias, o representante do atacante Junior Arias – um dos convocados para prestar esclarecimentos –, disse não entender a decisão das autoridades uruguaias e atacou o palmeirense Felipe Melo.
"A verdade é que é um circo que armaram digno de um filme. É muito grosseiro o que fizeram (a justiça uruguaia). Agora Felipe Melo está aproveitando. Sorte que o advogado Jorge Barrera os tirou. A verdade é que não entendo nada", afirmou.
Na última sexta-feira, o Poder Judicial do Uruguai decidiu interrogar cinco jogadores do Peñarol: Quintana, Junior Arias, Matías Mier, Nahitan Nández e Lucas Hernández. Após mais de oito horas de conversa, a justiça decidiu punir apenas os três últimos, impedindo-os de participar de espetáculos esportivos como torcedores e exigindo deles uma autorização prévia para realizar qualquer tipo de viagem fora do país.
A partir de agora, o trio também faz parte da "lista negra", elaborada pelo Ministério do Interior e AUF (Associação Uruguaia de Futebol), por tempo indeterminado. Devido aos incidentes, a AUF ainda analisa a possibilidade de criar uma comissão para analisar casos e punições de violência no futebol.
Peñarol envia carta à Conmebol
O presidente do Peñarol, Juan Pedro Damiani, encaminhou uma carta à Conmebol para tentar amenizar as punições de seus atletas e impedir a interdição do estádio Campeón del Siglo, assegurando a entidade que está colaborando para as investigações e que repudia qualquer forma de violência. No entanto, o mandatário lamenta a "noite triste" no encontro com o Palmeiras e reitera que o estádio dispõe de mecanismos de segurança através de sua Comissão de Segurança.
"Gostaríamos de nos colocar à disposição da Conmebol, das pessoas e organizações competentes, as informações coletadas pela nossa Comissão de Segurança. Estamos seguros que, trabalhando juntos, compartilhando informações e contando com seu apoio e experiência, podemos melhorar essa situação, como se compromete a nossa instituição", diz o trecho do texto enviado a Alejandro Domínguez.
Ainda neste sábado, Damiani se pronunciou sobre a possível interdição do estádio.
"As partidas terminam nos 90 minutos e não se pode tolerar excesso. O que aconteceu depois da partida do Palmeiras, nos deixou muito magoados. Nós tentamos deixar tudo o melhor possível. Estamos chateados. Este templo (estádio) é alheio a qualquer coisa, tem de ser sagrado", afirmou.
Sobre a investigação penal aos atletas carboneros, o dirigente preferiu se esquivar. "Quando a justiça atua, está perfeito. Não tenho mais nada a acrescentar´, encerrou.
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