Olhos no retrovisor: Vittorio Brambila, que nos deixou há 24 anos, bateu ao comemorar em sua única vitória na F1
Olhos no retrovisor: Vittorio Brambila, que nos deixou há 24 anos, bateu ao comemorar em sua única vitória na F1
Por Marcos Júnior Micheletti - 26/05/2025 12:00
Piloto italiano,o GPdna Áustria de 1975. Foto: Divulgação
Coisas do destino, ou do acaso, como queiram.
O piloto italiano Vittorio Brambilla, que nos deixava há exatos 24 anos, vítima de um infarto fulminante, aos 63 anos, ganhou uma única corrida na Fórmula 1: o GP da Áustria de 1975, no veloz circuito de Zeltweg, hoje Red Bull Ring.
Mesmo competindo com a modesta March-Ford, Brambilla fez uma corrida brilhante sob intensa chuva, contando as dificuldades enfrentadas pelos favoritos, entre eles Niki Lauda, Clay Regazzoni, Emerson Fittipaldi, Carlos Reutemann e José Carlos Pace.
As condições da pista eram extremamente difíceis, e o asfalto escorregadio levou a direção de prova a decidir por sua interrupção. Mas, ao invés de tremular a bandeira vermelha para sinalizar a paralização do GP, o diretor se confundiu e agitou a quadriculada, exatamente quando Brambilla estava na liderança, na 29ª volta.
Esfuziante dentro de sua March cor de laranja de número 9, Brambilla, nascido em Monza em 11 de novembro de 1937, descuidou-se logo após a linha de chegada e bateu em um guard-rail, danificando o aerofólio dianteiro, que ele guardava com muito carinho em sua oficina mecânica, na cidade italiana de Lesmo, próxima ao circuito de Monza.
O triunfo do "Gorila de Monza", como era apelidado, só aconteceu por um descuido do diretor de prova, que confundiu as bandeiras em meio à chuva torrencial na Áustria. Os deuses do automobilismo estiveram ao lado do italiano e de seu belo carro laranja naquele 17 de agosto de 1975.
O APELIDO
O apelido, "Gorila de Monza", reza a lenda, aconteceu porque um dia, em uma prova de turismo, puxou o cinto de segurança com tanta força para sair do carro, que o desprendeu, ficando com o mesmo nas mãos.
AEROFÓLIO VIROU UM TROFÉU...
O jornalista brasileiro Wagner Gonzalez, o "Beegola", chegou a visitar Vittorio Brambilla em sua oficina, nos arredores de Monza, lugar onde o gentil italiano guardava como um troféu, pendurado em uma parede, o aerofólio de sua March, danificado após a batida na vitória do GP da Áustria de 1975. A foto está mais abaixo.
Curiosamente aquela foi a única vez que Brambilla subiu em um pódio na Fórmula 1, categoria pela qual iniciou em 1974, pela March. Ainda guiou para a Surtees e Alfa Romeo, disputando sua última prova pela categoria em Ímola, no GP da Itália de 1980, com Alfa Romeo.
Obteve uma única pole, no GP da Suécia daquele mesmo ano de sua vitória, 1975, em Anderstop. A bordo de sua March, Brambilla impôs 0s380 de vantagem para o francês Patrick Depailler (Tyrrell-Ford), que partiu ao seu lado na primeira fila. Porém, com um problema de câmbio, abandonou na 36ª volta. O austríaco Niki Lauda (Ferrari) foi o vencedor da prova sueca.
ABAIXO, VÍDEO COM O MOMENTO DA VITÓRIA DE VITTORIO BRAMBILLA NO GP DA ÚASTRIA DE 1975 E SUA BATIDA NO GUARD-RAIL
Com o modelo TS-20 da Surtees, em 1978. Foto: Divulgação
Brambilla nunca teve um carro vencedor nas mãos, mas lutou muito, primeiro para chegar à Fórmula 1 e depois para conseguir sua única vitória, em 1975, no Grande Prêmio da Áustria, em Zeltweg. Foto: Lemyr Martins/Revista Placar
Esta é uma das últimas imagens do saudoso e simpático Vittorio Brambilla. O aerofólio da March, que ele mantinha pendurado na parede de sua oficina, em Lesmo, na Itália. O piloto guardou a peça de recordação, após a vitória em Zeltweg, na Áustria, em 1975. Na comemoração, o italiano acabou perdendo o controle do carro e bateu no guard-rail. Uma ressalva: chovia demais naquela tarde... Foto: Wagner Gonzalez
Na equipe italiana, em 1979, lutando para conseguir terminar corridas, o que foi muito difícil também no ano seguinte
Por uma equipe mais bem estruturada, a Alfa-Romeo, Brambilla pensou que teria melhores condições, mas o pesado e pouco confiável motor V-12 acabou deixando o piltoto várias vezes pelo meio do caminho
Foi o primeiro GP com o sistema de luz verde, substituindo a bandeira quadriculada para a largada. O diretor de prova, Gianni Restelli acionou a luz verde antes que os últimos carros tivessem parados e acabaram largando em movimento, provocando um acidente que acabou culminando com a morte de Ronnie Peterson, da Lotus e provocando um traumatismo craniano em Brambilla. O italiano se recuperou e ainda competiu em 1979 e 1980. A "bola de fogo" é da Lotus de Peterson. O Surtees de Brambilla não aparece na imagem, mas foi violentamente atingido. Crédito da foto: Franco Lini
Mesmo com o fraco modelo TS-19 da fraca equipe Surtees, Brambilla conseguiu marcar seis pontos em 1976. E a fidelidade do patrocinador foi mantida, pois o italiano conseguiu levar a fabricante de ferramentas Beta para sua nova escuderia
O piloto fez a pole, no Grande Prêmio da Suécia, disputado no circuito de Anderstop, mas teve problemas e teve que voltar a pé para os boxes. Foto: Lemyr Martins, para a Revista Placar
Vittorio, à esquerda, conversando com o irmão Tino, com quem mantinha uma oficina mecânica, na Itália. Foto: Lemyr Martins, para a Revista Placar
O March 761, de 1976. Combativo, mas com fama de desastrado, Brambilla costumava andar mais do que as possibilidades de seu carro
Em 1976, Vittorio aguarda o momento para sair para a pista, em treino na Suécia
Na chuva, a única vitória, no Grande Prêmio da Áustria, em Zeltweg, no dia 17 de agosto de 1975. Na comemoração, Brambilla acabou batendo, quebrando o bico do sua March-Ford... Foto: David Phipps
O carro laranja da March era um dos mais reluzentes do grid, mas tecnicamente deixava muito a desejar
Em 10 de setembro de 1978, Vittorio Brambilla após o grave acidente sofrido na largada do GP da Itália, em Monza. Sua mulher, ao lado, emocionada, acompanha o marido que sofreu traumatismo craniano mas se recuperou após ficar hospitalizado por três semanas. Foto: Reprodução
O túmulo de Vittorio Brambilla (1937-2001) no Cemitério de Monza, na Itália. Foto: Divulgação
Em 1975, no circuito de Monza (Itália), Vittorio Brambilla e Lella Lombardi, então companheiros de equipe na March. Foto: Divulgação
O dia mais especial da carreira de Vittorio Brambilla na Fórmula 1, 17 de agosto de 1975, no GP da Áustria, quando obteve sua única vitória na categoria, após largar em oitavo com a March. Foto: Divulgação
Em 1976, em Monza (Itália), a bordo de sua icônica March cor de laranja. Foto: Divulgação
Com o March 741 durante os treinos para o GP da Espanha de 1974, em Jarama. Brambilla não se classificou para a corrida. Foto: Divulgação
Na Alemanha, em 1976, ao lado de sua March-Ford, no acanhado boxe de Nurburgring. Brambilla largou em 13º e abandonou na primeira volta, por conta de um acidente. A vitória foi de James Hunt (McLaren-Ford). Foto: Divulgação
Durante a temporada de 1976, com sua linda March-Cosworth cor de laranja. Foto: Reprodução
O jornalista Wagner Gonzalez com a revista `Grid´de março de 1995, mostrando foto que ele mesmo fez de Vittorio Brambilla em sua oficina mecânica, em Monza. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT
Não deve ter sido muito suave o retorno da March de Brambilla ao solo depois deste salto... Foto: Divulgação
Um voo com sua March durante o GP da Alemanha de 1975, disputado no dia 1º de agosto, em Nurburgring. Brambilla largou em 11º e abandonou na terceira volta, com problema na suspensão. Foto: Divulgação
Com sua linda March no GP de Mônaco de 1976. Ele largou em 19º e abandonou na volta 9, com problema de suspensão. Foto: Angelo Orsi
Charge da única vitória de Vittorio Brambilla, no GP da Áústria de 1975. Imagem publicada no Facebook `F1 Amarcord´
Em 1976, bem no estilo italiano, de boina
A frente de seu carro, parcialmente destruída, após vencer sua única corrida na F1, o GP da Áustria, em Zeltweg, disputado em 17 de agosto de 1975