Grêmio x Internacional, uma antiga queda de braços extremamente equilibrada

Grêmio x Internacional, uma antiga queda de braços extremamente equilibrada

Nenhum outro estado brasileiro possui duas forças futebolísticas tão equilibradas, do ponto de vista técnico e patrimonial, quanto o Rio Grande do Sul, representado pela dupla Gre-Nal.

Desde os primórdios da fundação do Grêmio e do Internacional, no início do século passado, esses dois gigantes do futebol dos pampas ocupam as duas pontas de uma gangorra, que simboliza a essência da polaridade futebolística do extremo Sul brasileiro..

O Grêmio, talvez por ser um pouco mais antigo, começou desequilibrando essa gangorra a seu favor, aplicando duas goleadas de dois dígitos no rival (10 a 0 e 10 a 1), nos primeiros embates desse confronto, que se tornaria o choque-rei do futebol gaúcho..

Contudo, os dois reveses colorados do limiar existencial não assustaram muito a incipiente nação alvirrubra, já que o Internacional compensaria o dissabor de tais goleadas, tornando-se o maior vencedor do clássico Gre-Nal da história, com um número de conquistas bastante superior ao do adversário.

Em meados do século passado, o tricolor voltou a humilhar o coirmão escarlate, inaugurando o estádio Olímpico, considerado na época um dos mais modernos do país, enquanto o Internacional mandava seus jogos no acanhado estádio Ildo Meneghetti, popularmente conhecido como Campo dos Eucaliptos.

É importante dizer, contudo, que o Colorado arrefeceu um pouco o orgulho gremista decorrente do novo estádio, alcançando um goleada de 6 a 2 no Gre-Nal de inauguração da luxuosa casa do clube mosqueteiro.

Cerca de 14 anos depois, o Internacional conseguiu fazer com que a gangorra pendesse a seu favor, no aspecto patrimonial, inaugurando o estádio José Pinheiro Borda, que acabaria sendo conhecido como Beira-Rio, maior e mais moderno do que o estádio gremista.

O Grêmio, então liderado pelo inesquecível dirigente Hélio Dourado, até tentou resgatar a vantagem pedida nesse particular, tornado o habitat gremista um estádio com arquibancadas totalmente cobertas, sendo rebatizado com o nome de Olímpico Monumental.

Embora tenha melhorado bastante a situação de conforto da praça de esportes tricolor, a reforma do Olímpico não devolveu ao Grêmio a superioridade perdida nesse mister, uma vez que o estádio do bairro Azenha continuou com menor capacidade de público do que o Beira-Rio.

Veio a Copa do Mundo de 2014 no Brasil e, por conta disso, o estádio colorado, que já era maior e mais moderno do que o gremista, ficou ainda mais imponente, devido a remodelação de que se tornou alvo em função de ter sido escolhido para sediar jogos do certame mundial.

Inconformado com a situação de inferioridade que a remodelação do Beira Rio lhe impunha, o Grêmio abandonou o velho Olímpico e partiu para a construção de um novo estádio, em parceria com a Construtora OAS, que se propôs a edificar a Arena Multiuso.

Mesmo tendo superado a capacidade de acolhimento de público e a modernidade do reformado Beira-Rio, a Arena passou a ser do Grêmio apenas no nome, pois oficialmente ficou registrada como Arena Porto-Alegrense, sob administração da empresa construtora.

Isso perdurou desde a inauguração do estádio até pouco poucos dias atrás, constrangendo os torcedores gremistas perante os colorados, com provocações do tipo "o Grêmio é um sem-teto, pois manda seus jogos num estádio que não lhe pertence".

Dia 1ª deste mês, contudo, graças ao torcedor gremista, empresário Marcelo Marques, que financiou o clube para a compra definitiva da moderna praça esportiva, o Grêmio assumiu a administração da Arena, que a partir de então passou a ser propriedade sua de fato e de direito.

Foi mais uma queda da gangorra pendendo para o lado dos gremistas, que agora podem dizer aliviados, alto e bom som, que o seu clube do coração já tem casa própria, ressaltando tratar-se de algo maior e mais luxuoso do que a espaço futebolístico ocupado pelos aficionados do arquirrival.

Ainda acerca da eterna queda de braços entre gremistas e colorados, vale ressaltar que o Internacional foi o pioneiro no que diz respeito à conquista do campeonato brasileiro, cabendo ao Grêmio o pioneirismo na conquista do Mundial de Clubes e Copa Libertadores da América.

Finalizando o breve balanço de prós e contras entre os simpatizantes da dupla Gre-Nal, cumpre observar que o Internacional perdeu importantes narrativas, nos últimos anos, que permitiam a seus aficionados dizer coisas como "maior torcida do Rio Grande", "sempre na primeira divisão" e o tal "campeão de tudo", que ficou menos crível a partir da recente entrega da Copa de Supercampeão do Brasil, feita pela CBF ao Grêmio, título que o Inter não tem.
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