Colorado pega antiga touca Juventude na Final e Grêmio se despede com vitória

Colorado pega antiga touca Juventude na Final e Grêmio se despede com vitória

Se a CBF resolvesse criar uma frase para advertir os clubes brasileiros acerca de algo que possa não lhes fazer bem, como faz o Ministério da Saúde em relação ao cigarro e às bebidas alcoólicas, o faria nesses termos: "A confederação Brasileira de Futebol adverte: campeonato regional faz mal a clubes que disputam a Libertadores".

Sem acreditar nisso, apesar de já ter sentido na pele os efeitos nocivos dessa disputa paralela que muito tem a tirar e quase nada de grandioso a oferecer, o Grêmio encarou a semifinal do Gauchão contra o Juventude, como se estivesse disputando a Final da Libertadores.

No primeiro jogo atuou com o que de melhor tinha à disposição do treinador e perdeu para o dono da casa, em Caxias do Sul, pelo placar de 2 a 0, resultado que se deveu em grande parte à ausência do zagueiro Pedro Geromel, recuperando-se de lesão, que é disparado o melhor jogador da equipe de Roger Machado, no momento.

Voltando de Caxias do Sul em situação dificílima com vistas a reverter o placar adverso no jogo de volta, na Arena, e conquistar a vaga para a fase final do Gauchão, o tricolor fez disso ponto de honra e foi para a disputa contra a equipe da Serra com todos os titulares, disposto a desfazer a qualquer custo a desvantagem da derrota na terra da uva. .

Com sua equipe principal, mas ainda sem a presença de Pedro Geromel, o time dono da casa fez 1 a 0 no primeiro tempo, ampliou para 2 a 0 logo no início da segunda etapa, mas deixou brecha no desfalcado sistema defensivo, permitindo que o Juventude fizesse, pouco depois, o gol que complicaria ainda mais a situação, já que a partir de então o Grêmio teria que fazer mais dois gols para não ceder à equipe visitante a vaga pela qual tanto lutava.

Sem se preocupar com o dispêndio excessivo de energia com possíveis reflexos sobre o próximo compromisso pela Libertadores , a equipe de Roger encurralou o Juventude em seu campo e conseguiu chegar ao terceiro gol com o atacante Bolaños, que havia entrado no lugar de Bobô,visando a dar mais agressividade ao ataque gremsita.

Mas o placar de 3 a 1 ainda era insuficiente para reverter a desvantagem, porque no critério do saldo de gols qualificado o Juventude continuava em vantagem, já que não havia sofrido gol em casa.

Mesmo mantendo o predomínio das ações, indo com tudo para cima do Juventude, o Grêmio teve frustrado seu objetivo de chegar ao quarto gol, em grande parte pela atuação soberba do goleiro Elias, que praticou defesas difíceis sem dar rebote ao ataque gremista que, no desespero, chegou a contar até com a presença do goleiro Marcelo Grohe na área do adversário.

Resumo da ópera. O Grêmio correu à toa atrás de um título que não leva a lugar algum e agora, desgastado pela luta titânica contra o Juventude, pega o Rosário, da Argentina pelas oitavas de final da Libertadores, quarta-feira na Arena, onde certamente terá muita dificuldade para vencer o time visitante com um bom saldo de gols que lhe dê tranquilidade para o jogo seguinte fora de seus domínios.

É bem possível que, diante de um eventual mau resultado diante do Rosário, algum dirigente gremista tente justificar o insucesso, apontando como causa o desgaste sofrido no jogo contra o Juventude, 48 horas antes, na disputa do "charmoso Gauchão", como diz o narrador Paulo Brito, tentando "dourar a pilula" desse certame que já não é mais sonho de consumo das duas metades futebolísticas do Rio Grande do Sul.

Se isso acontecer, o cartola que recorrer a esse expediente estará fazendo um papel tão ridículo quanto o daqueles deputados que "enfeitaram" seu voto favorável ao Impeachment da Dilma, dizendo que o faziam em nome da esposa, dos filhos, dos gatos cachorros e papagaios da família.

Olhando essa desclassificação gremista no Gauchão pelo lado dos que pensam grande, ela poderá se tornar utilíssima às pretensões do Clube no sentido de seguir em frente na Libertadores e, se possível, alcançar o sonhado Tri da América. Como teria dito o ícone corintiano Vicente Mtheus "tem malas que vem pro bem".

Sem o compromisso de disputar o Gre-Nal decisivo, que certamente seria uma guerra campal, o Grêmio pode agora dedicar-se exclusivamente à Libertadores, sem o risco de novas lesões no certame regional, como ocorreu com o atacante Bolaños que, recuperado, está voltando aos poucos ao seu condicionamento físico ideal.

Por falar em Gre-Nal, o Inter tem tudo para mostrar mais uma vez que é o dono do Gauchão. Pode estar jogando uma "bolinha de gude" e até correr riscos de cair para a segundona no campeonato nacional, mas na hora de disputar o certame caseiro incorpora a velha mística colorada do "Rolo compressor" e não tem pra mais ninguém.

Chegou à semifinal do Gauchão com uma campanha não mais do que razoável, pegando pela frente o surpreendente São José, com o qual empatou em 0 a 0 no Beira-Rio, vencendo-o a duras penas, pelo escore mínimo, em jogo decisivo realizado no estádio Passo D´Areia, que costuma complicar a vida dos visitantes com sua grama sintética.

Novamente o colorado é finalista do campeonato regional que tem a sua cara. Torna-se forçoso dizer - sem hipocrisia - que o Inter está com a mão na taça, pois mesmo sem estar praticando no momento um grande futebol o time comandado por Argel é nitidamente superior ao Juventude e, além disso, conta com a vantagem de decidir o título no estádio Beira-RIo..

Diante dessa expectativa, vale indagar se esse título que o Inter está prestes a conquistar mais uma vez é capaz de injetar esperança na torcida colorada com vistas a conquistas mais significativos nas disputas que vêm aí, como o Brasileirão e a Copa do Brasil.

Honestamente, eu diria que não. O torcedor sabe que, se o Inter quiser alcançar algo mais expressivo do que esse Tri-Hexa do Gauchão, do qual está a um passo, terá que reforçar seu elenco e possivelmente procurar um treinador mais audacioso do que o esforçado Argel.

Sem D´Alessandro, sem Nilmar e sem outras estrelas de passagem recente pelo Beira-Rio, o Colorado do Pampa se tornou uma equipe comum, capaz de ser encarada de igual para igual por qualquer dessas equipes de cabeças de bagre que entram nos grandes certames, pensando apenas em não cair para a divisão inferior.

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Foto: UOL

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