Sampaoli, técnico do Atlético-MG. Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG

Sampaoli, técnico do Atlético-MG. Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG

Jorge Sampaoli ainda nem estreou no Galo. Contratado no início de março, o único contato que teve com os jogadores foi quando o elenco apareceu na Cidade do Galo para os testes do novo coronavírus. O treinador argentino não orientou um único treino. Sob o seu olhar, os jogadores não realizaram sequer uma roda de bobinhos.

Mesmo assim, sem vê-los em ação, Sampa já riscou nove deles de seus planos. Mansur, Lucas Hernandez, Lucas Cândido, Ramon Martinez, Zé Welison, Edinho, Ricardo Oliveira, Franco Di Santo e Clayton já foram avisados de que não serão aproveitados pelo treinador.

Matéria do UOL Esportes informa que a diretoria atleticana gastou mais de R$ 20 milhões para contratar os nove dispensados.

Edinho foi comprado por R$ 2 milhões. Para ter Ramón Martinez e Lucas Hernandez, o Galo teve de desembolsar R$ 18 milhões. Pelos os outros seis, o Atlético (MG) teve de pagar luvas. O argentino Di Santo, por exemplo, recebeu 287 mil euro para assinar contrato.

A tarefa agora de Alexandre Mattos, o novo diretor remunerado de futebol do Galo, é ir ao mercado para saber como poderá recuperar parte deste dinheiro investido nos jogadores colocados no olho da rua por Jorge Sampaoli.

No Santos, o Jorge Sampaoli fez um bom trabalho como técnico. Levou o time ao vice-campeonato brasileiro. Ressalte-se, porém, que chegou ao vice sem nenhuma chance matemática de tirar o título do Flamengo, que terminou a competição com 90 pontos ganhos, contra 74 do Santos.

Foram muitos os acertos dentro de campo. O time, embora tenha oscilado, mostrou um futebol competitivo. Isto ninguém discute. Fora de campo, a passagem de Sampoli foi conturbada. O clube contratou 14 jogadores indicados por ele. Everson, Felipe Aguilar, Luan Peres, Pará, Felipe Jonatan, Jorge, Jobson ( que ele jura que não indicou), Jean Lucas, Cueva, Evandro, Soteldo, Marinho, Uribe e Lucas Venuto.

Embora argumente que Soteldo pode se transformar em breve em uma fote de renda para o Santos, o saldo de Sampa nestas compras foi negativo. Felipe Aguilar, após falhas sucessivas, foi para o Athetico Paranaense. Cueva, Uribe e Lucas Venuto se transformaram em problemas para o clube.

Cueva, após inúmeros atos de indisciplina, foi para o Pachuca, do México, sem que o clube santista tivesse qualquer lucro na transferência. Além de não ter lucro, ainda pode ter de pagar R$ 26 milhões ao Krasnodar, da Rússia, dono de seus direitos federativos.

Para Muricy Ramalho, ex-treinador, hoje comentarista do Sportv, Sampaoli cometeu muitos erros em seu período como técnico do Santos.

“O Sampaoli fez o que quis no Santos. Contratou um monte de estrangeiros que não jogaram. E ainda passou o tempo todo dizendo que não tinha reforços. Não concordo com isso. Treinador é empregado do clube. O Santos tem a sua estratégia e tem de seguir nisso, que é prestigiar a base. Infelizmente o presidente (José Carlos Peres) entregou o clube para o Sampaoli e isto eu não acho correto”, afirmou.

A saída de Sampaoli do Santos foi tão polêmica quanto o período em que esteve à frente do elenco. O caso foi parar na Justiça do Trabalho. Ele alega que o clube lhe deve o pagamento da multa rescisória, no valor de R$ 10 milhões. O Santos argumenta que quem tem de pagar a multa é o treinador, que teria pedido demissão dentro do período de vigência da cláusula que obrigava o pagamento da quantia em caso de rompimento unilateral do contrato.

O fato é que Sampaoli, embora tenha realizado um bom trabalho, deixou em seu rastro muitos problemas.

O seu cartão de visitas no Galo não é alentador. Dispensar nove jogadores sem dar a eles a oportunidade de mostrar que podem ser úteis, não é uma iniciativa que mereça aplausos.

Vale lembrar que, quando chegou ao Santos, Sampaoli afirmou que o atacante Eduardo Sasha não se encaixava em seus métodos de trabalho. Sasha foi avisado de que teria de procurar outro clube para jogar.

Tempos depois, Sasha mostrou a Sampaoli que podia ser útil. E acabou sendo titular absoluto na gestão do argentino.

Pode estar cometendo o mesmo erro no Galo. Um erro de avaliação que pode custar caro ao Atlético Mineiro.

Dar carta branca a Sampaoli pode ser um ato temerário da direção atleticana.

Na Argentina, Sampaoli é considerado um técnico populista. Competente, mas populista. Capaz de colocar em risco o clube em que trabalha.

 

 

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