É comum ver os dois treinadores trocando confidências antes de uma partida. Foto: CRF

É comum ver os dois treinadores trocando confidências antes de uma partida. Foto: CRF

Não tenho simpatia pelo Renato Gaúcho. Tenho aversão por suas caras e bocas nas entrevistas. Suas declarações reforçam a impressão de que se trata de uma pessoa inconsequente. Em 2008, como treinador do Fluminense, disse que iria ganhar a Libertadores da América e depois iria “brincar no brasileirinho”. Perdeu a decisão em pleno Maracanã para o inexpressivo LDU, do Equador.

Prefiro nem falar de suas preferências políticas. De que não perde a chance de apoiar o desgoverno que aí está.

Essa é uma conversa para outro momento.

Como repórter, e essa história está em Esconderijos do Futebol, livro que publiquei em 2019, as recordações são péssimas. Como repórter do Diário Popular, certa vez marquei uma entrevista com ele, que estava negociando para jogar pelo São Paulo.

Entrevista marcada, fiquei na porta do hotel esperando por ele a tarde inteira. Quando acabou a reunião com dirigentes do São Paulo, Renato saiu sorrateiramente pela porta dos fundos do hotel. Consegui alcança-lo. Lembrei a ele que tínhamos uma entrevista previamente agendada. Disse que não iria falar. Virou as costas e foi embora.

Portanto, tenho um pacote gigante de motivos para colocar Renato Gaúcho no pior lugar reservado aos seres humanos.

Mas os argumentos aqui usados não me fazem pensar que o atual treinador do Flamengo seja capaz de entregar um jogo. É disso que ele está sendo acusado, depois do empate entre o Flamengo que dirige e o Grêmio, seu ex-clube. Que inclusive que o homenageou com uma estátua em sua arena.

O Flamengo ganhava o jogo por 2 a 0.

O Grêmio tinha um jogador a menos. Se perdesse, teria reduzidas suas chances de escapar do rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro.

Mesmo com dez jogadores no gramado, o Tricolor gaúcho chegou ao empate em 2 a 2.

Há quem tenha visto nas atitudes de Renato Gaúcho antes e durante o jogo sinais evidentes de que ele fez tudo para facilitar a vida do Grêmio.

As insinuações não estão apenas nas redes sociais. Aparecem também em colunas escritas por jornalistas. Um deles, rubro-negro confesso, cita a conversa que Renato teve ao pé do ouvido com Vagner Mancini, treinador do Grêmio, antes da partida para insinuar que um arranjo pode ter sido feito.

O fato de Renato não ter vibrado no momento dos gols do Flamengo também serve de argumento para quem viu mutreta no empate.

Renato pode ser arrogante e cometer deslizes nas entrevistas.

Se eu fosse dirigente de clube não futebol não o contrataria para técnico. Pois não vejo nele grandes qualidades como treinador. Questão de opinião. Posso estar enganado.

Mas não acredito que seria capaz de pedir para os seus jogadores facilitarem para que o Grêmio conseguisse o empate na noite de terça-feira em Porto Alegre.

É comum ver os dois treinadores trocando confidências antes de uma partida. Renato não foi o primeiro a conversar com o treinador adversário antes de um jogo. E nem será o último.

No jogo, ele repetiu os erros, de escalações e substituições, que comete há muito tempo, no Grêmio e no Flamengo.

Porém, e sempre tem um porém, Como jogador e como técnico, Renato Gaúcho já deu demonstrações de que é um profissional correto. Inconsequente em algumas declarações, como já foi demonstrado aqui, é verdade.

Mas correto.

Seria incapaz de atirar a sua carreira no lixo com uma atitude tão deplorável.

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