Não cobrem os calhordas agora a coerência.
Deixem toda a gente sangrar em paz. Uma derrota com humilhação só não dói em quem quer tirar proveito dela. E isso é torpeza. É canalhice sórdida de gente de maus-bofes e cega para com a tristeza do alheio.
Quem não se viu e não se emocionou cantando hino a capela, pode achincalhar à vontade. Não por aqui. Seus “eu não disse?” não me interessam. Que vá destilar seu veneno em outra freguesia.
Quem não alcança a grandeza da metáfora que só o esporte proporciona me dá pena. Vi gente miúda e gente velha chorando. Homens barbados e lindas moças a debulhar-se da mais profunda mágoa e desencanto. Quem não entende o porquê uma Copa do Mundo é mais do que um simples campeonato de futebol para milhões de pessoas merece meu mais acabado desprezo.
Fico ao lado dos que choram a dor da derrota porque querem estar ao lado dos que vencem, limpamente, dentro das regras. Fico ao lado de quem sente na própria carne a desilusão e o fracasso, porque deles vem sopro de esperança e me importa a esperança.
Apontem seu dedo sujo e mórbido para outro lado e depois que cicatrizarem as carnes rasgadas do coração desse povo venham desfilar novamente suas torpezas.
Mas aprendam, não tripudiem sobre os vencidos, pois a dor da derrota costuma ensinar melhor que o mel enganoso da vitória.
Por Juca Silveira é diretor da TV Bandeirantes desde 1986.
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